Morre Irazoni, o melhor cristo das telonas, segundo o vaticano


                                                                


Em 2004, L'Osservatore Romano, o jornal oficial do Vaticano, classificou o filme como a melhor representação de Jesus Cristo no cinema.


 O ator catalão tinha 76 anos e também trabalhava como professor de literatura


A informação é de Víctor Fernández, publicada por La Razón, 16-09-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.


O ator, economista e professor de literatura Enrique Irazoqui, conhecido por ser o protagonista de “O Evangelho Segundo São Mateus”, de Pier Paolo Pasolini, faleceu aos 76 anos.


Nascido em Barcelona em 1944, Irazoqui era filho de pai basco e mãe italiana. Aos 19 anos, durante uma turnê pela Itália para arrecadar fundos para o então ilegal Sindicato Democrático de Estudantes, conheceu o poeta e diretor de cinema Pier Paolo Pasolini. O encontro mudou sua vida, porque o artista italiano viu nele o ator de que precisava para fazer o Cristo no filme que estava preparando na época: “O Evangelho Segundo São Mateus”. Era 1964 e o jovem estudante catalão não tinha experiência diante das câmeras, mas Pasolini não queria intérpretes profissionais porque buscava realismo para aquele filme. Isso o fez contar também, no papel de apóstolos, com Enzo Sciliano, futuro biógrafo do poeta; Giacomo Morante, sobrinho de Elsa Morante; e o escritor Alfonso Gatto.


Em entrevista à Vanity Fair, Irazoqui lembrou que na primeira vez que se encontrou com Pasolini, este exclamou: “Encontrei Jesus, Jesus está em minha casa!” “Não percebia o que se passava. Mas comecei a fazer o meu discurso habitual: ‘As universidades espanholas e as suas organizações contra o fascismo, etc., etc.’. E ele, em vez de me interromper como todo mundo fazia, se levantou e começou a me circundar”, contou Irazoqui.


O filme ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Cinema de Veneza e na Espanha foi relutantemente lançado pelas autoridades de Franco, embora tenha sido censurado. Em 2004, L'Osservatore Romano, o jornal oficial do Vaticano, classificou o filme como a melhor representação de Jesus Cristo no cinema.


Posteriormente, Irazoqui participou também em “Noche de vino tinto” de José María Nunes; “Dante no es únicamente severo”, de Joaquim Jordà e Jacinto Esteva, um dos títulos míticos da chamada Escola de Barcelona; e “A la soledat”, de José María Nunes. A última vez que esteve perante as câmaras foi em “Cenestesia”, de Joan Vall Karsunke.


Foi professor de literatura e um excelente jogador de xadrez. Em 2014 juntou-se ao Podemos, mas acabou por ser dispensado devido à sua posição perante a independência da Catalunha.

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