Babilônia danificada

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) denunciou que as tropas estadunidenses e contratistas no Iraque causaram severos danos à cidade de Babilônia. Cavaram trincheiras de centenas de metros, aplanaram colinas e transportaram-se em veículos militares pesados nos caminhos cerimoniais da Via das Procissões, afirmou a UNESCO em um comunicado emitido da sua sede principal de Paris.Antigo empório dos Jardins Suspensos da Babilônia, uma das Sete Maravilhas do mundo antigo, a cidade de quatro mil anos de existência localiza-se a 90 quilômetros de Bagdá, a capital iraquiana.Os especialistas consultados pela UNESCO recordaram que a Babilônia se converteu em 2003 no Acampamento Alfa das tropas invasoras e KBR, então subsidiária de Halliburton, até que os reclamos internacionais os obrigaram a se retirar a fins de 2004.Ainda quando foi desastrosa a presença dos militares ali, a agência das Nações Unidas sublinhou que reconhecerá a Babilônia como Patrimônio Cultural da Humanidade, ao mesmo tempo em que adotará medidas diante de futuras guerras com atos de vandalismo como este.Nove das talhas com figuras de dragões da Porta de Ishtar, a máxima jóia das ruínas, ao que parece foram saqueadas no período de controle militar estadunidense, disse John Curtis, especialista do Museu Britânico.A UNESCO destacou em sua nota que muitos dos artefatos mais famosos da Babilônia foram desprendidos dos muros por arqueólogos europeus durante o século XIX para serem exibidos nos Museus do Louvre e de Pérgamo, em Paris e Berlim respectivamente.Os saques e negociações no mercado negro continuaram em grande escala desde que o lugar voltou para as mãos dos iraquianos, disse.Adotamos as medidas e fazemos os reclamos a todas as partes concernidas e organismos internacionais como o Tribunal de Haia, para que as regras existentes sejam respeitadas, disse Francoise Riviere, subdiretora geral de Cultura da UNESCO.

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