A Escola “paraíso do Tuiutí” foi censurada por Temer

                                                   
         

  Emerson Leal (*)

Pindorama avança a passos largos no processo de instalação de um regime de exceção. Por trás de tudo isso, o governo ilegítimo e medíocre de Michel Temer e o apoio da Mídia das elites plutocratas. Não são poucas as evidências que isso seja verdade. A CPI da Previdência, por exemplo, terminou seus trabalhos recentemente e demonstrou de forma enfática que o “rombo da Previdência” – cantada em prosa e verso pelo governo – é uma grande mentira!



            1. O chamado “déficit” da Previdência se deve, apenas e tão somente, ao fato de que Temer mete a mão nos recursos da mesma através de Desvinculações da Receita da União (DRU) para transferir a bancos e rentistas, além de premiar sonegadores com perdões de dívidas e permitir apropriações indébitas através do Refis.



Diante de toda a pantomimado governo, durante meses, sobre um suposto “rombo” da Previdência, impressiona o silêncio da Mídia relativamente aos resultados da CPI: é de um mutismo de peixe, como diria Monteiro Lobato. Manipulações grosseiras da opinião pública desse nível, realizadas pelos grandes órgãos de comunicação de massa, só servem para imbecilizar o povo e favorecer as elites dominantes.



            2. Por outro lado – e dentro do mesmo contexto do aprofundamento de um Estado de exceção, o espetáculo que acabamos de presenciar no episódio dos desfiles das escolas de samba no Rio de Janeiro é deplorável e sintomático. Beija Flor de Nilópolis e Paraíso do Tuiutí (principalmente) lavaram a alma da maioria dos brasileiros que percebem e condenam a seletividade, a parcialidade e o golpismo do governo, do Congresso Nacional, da Mídia e de setores do Judiciário.



Como disse Jeferson Miola, “A sátira, a alegoria e o enredo [da Paraíso do Tuiutí] desmontaram a narrativa farsesca da Globo e da Lava Jato, e expuseram ao ridículo os paneleiros, os pato-amarelos, os fascistas, os rentistas, os golpistas, os justiceiros, os hipócritas morais, os manifestoches cínicos e a camarilha que tomou de assalto o poder”.



            3. A vingança de Temer e da Rede lobo não demorou. O segundo desfile – das primeiras colocadas – não foi transmitido pela Globo, demonstrando o seu conluio com o governo. A transmissão ficou por conta de uma TV pública: a TV-Brasil, que recebeu a ordem de censurar o desfile da Tuiutí. Até o general-ministro da Segurança Institucional Etchegoyen entrou no circuito para ameaçar e intimidar a Escola de Samba: tiveram de tirar a faixa presidencial do “vampirão” e os cordéis dos manifestoches, e a TV censurou (não mostrou) as alas mais polêmicas e que mais sucesso fizeram no primeiro desfile da Tuití, como as carteiras de trabalho maltratadas e os patos da Fiesp.



            4. As entrevistas que jornalistas independentes fizeram com representantes da Escola mostraram pessoas intimidadas e esmagadas emocionalmente, com medo de falar. É escandaloso o poder de manipulação ideológica que as elites dominantes exercem sobre o povo através de uma parcela do Judiciário, de um Congresso Nacional de maioria corrupta e de uma Mídia manipuladora.



Mas o que Tuiutí e Beija Flor evidenciaram, a despeito de tudo, é que a resistência popular – única esperança de podermos reconquistar a democracia no Brasil – está crescendo e vai dar frutos. Navegar é preciso!



(*) Emerson Leal – Doutor em Física Atômica e Molecular pela USP de S. Carlos

Email;  emersonplus@yahoo.com

FEV/2017

 (Com Emanuel Bonfante Demaria)             

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