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Brasil perde uma posição no ranking do IDH

Apesar de ligeira melhora no índice de desenvolvimento humano da ONU, país cai para 79º entre 189 nações, registrando a segunda maior concentração de renda do mundo. Noruega, Suíça, Irlanda e Alemanha lideram lista.


O Brasil perdeu uma posição no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) de 2018 divulgado nesta segunda-feira (09/12), e ocupa agora a 79ª posição entre os 189 países avaliados pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud).

Nas primeiras posições estão Noruega (0,954), Suíça (0,946), Irlanda (0,942) e, em quarto lugar, Alemanha e Hong Kong aparecem empatados (0,939).

Apesar da queda, o Brasil se mantém entre as nações consideradas com alto desenvolvimento humano – a avaliação varia entre IDH baixo, médio, alto e muito alto.

Em 2018, o IDH do Brasil foi de 0,761, com um leve aumento de 0,001 em relação ao ano anterior. O índice avaliado pelo Pnud vai de 0 a 1 e tem como base indicadores de saúde, expectativa de vida, educação e renda. Quanto mais próximo de 1 o IDH, mais desenvolvido é o país.

Mesmo com essa pequena melhora no índice, o Brasil caiu de 78º para 79º. A queda se explica por um crescimento mais acentuado em Granada, que no índice anterior estava empatada com o Brasil.

Segundo o Pnud, a taxa anual de crescimento do IDH brasileiro nos últimos 18 anos foi de 0,78%, enquanto a expectativa de vida aumentou de 66 para 75 anos no mesmo período.

Em 2018, o Brasil aparece com o mesmo IDH que a Colômbia, empatados na quarta posição entre os países sul-americanos. No continente, o Chile aparece em primeiro (42º no índice global), à frente da Argentina (48º) e Uruguai (57º).

O diretor do escritório do Relatório de Desenvolvimento Humano do Pnud, Pedro Conceição, avalia que a estagnação econômica do Brasil observada nos últimos anos resulta em um "crescimento menos acentuado". Citado pelo jornal Folha de S. Paulo, ele ressalta, porém, que o país vem apresentando um "crescimento sustentado" nos últimos 30 anos, quando conseguiu ser elevado à categoria de alto IDH.

O relatório divulgou também o chamado IDH ajustado às desigualdades (IDAHD), com dados de 150 países, que avalia a perda do desenvolvimento humano em razão da desigualdade na distribuição dos ganhos.

Nesse ranking, o Brasil ficou apenas na 102ª posição (0,574), sendo o segundo país que mais perdeu no IDHAD entre as nações da América do Sul, atrás apenas do Paraguai, que ocupa a 112ª posição (0,545).

Além disso, o Brasil apresenta a segunda maior concentração de renda do mundo, depois do Catar. Os indicadores para medir a distribuição de renda entre a população de um país são a participação na renda dos 40% mais pobres, participação na renda dos 10% mais ricos e participação na renda do 1% mais rico.

Esses dados revelam que quase um terço de todas as riquezas do Brasil está concentrado nas mãos do 1% mais rico. Os rendimentos dos 40% mais pobres aumentaram 14% acima da média entre 2000 e 2018, mas os rendimentos do 1% mais rico tiveram crescimento ainda maior, gerando maior aperto sobre as classes intermediárias (localizadas entre o 1% mais rico e os 40% mais pobres), que cresceram abaixo da média.

Por sua vez, o Índice de Desenvolvimento de Gênero do Pnud, que avalia as disparidades e desigualdades entre mulheres e homens, mostrou que as brasileiras ficam em posição inferior no que diz respeito à renda bruta, mas apresentam melhores condições de saúde e educação que os homens.

A renda nacional bruta per capita das brasileiras em 2018 foi 41,5% menor que a masculina: 10.432 dólares por ano para as mulheres contra 17.827 dólares para os homens. Elas, porém, têm mais anos esperados de escolaridade (15,8 contra 15 dos homens) e maior média de anos de estudo (8,1 anos contra 7,6).

O Índice de Desenvolvimento de Gênero avalia as áreas da saúde, educação e renda com separação de sexo, as três dimensões básicas da desigualdade no desenvolvimento humano. No Brasil, o IDH dos homens foi de 0,761 e o das mulheres, de 0,757.


(Com  a DW)


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