Estados Unidos

Como Osama reelege Obama


Pepe Escobar, Asia Times Online

http://www.atimes.com/atimes/South_Asia/NE25Df03.html

Acordo nuclear com o Irã? Retirada organizada do Afeganistão? A eurozona arranjando pelo menos um pouco de fôlego? Petróleo a preços estáveis? Esqueçam. O eleitor estrangeiro crucialmente decisivo para Obama II na Casa Branca é Osama bin Laden. Chame de “para vencer, Obama dá um trato na estratégia Osama”.

Não surpreende que a estratégia para vencer tenha sido terceirizada para o combo Hollywood/Pentagon. Washington perdeu a Guerra do Vietnã, mas nas telas, venceu. A dona do Oscar, Kathryn (Hurt Locker/Guerra ao Terror) Bigelow já começou o processo de “vencer” a Guerra do Iraque nas telas – moralmente, que seja. Agora é hora de um novo projeto – outro filme, ainda sem título – sobre o raid “Pegue Osama”, em Abbottabad, em maio de 2011, e os eventos que levaram até o raid. Estrelando, POTUS (President of the US), como herói de seu próprio filme de ação.

Dê o fora, Homem Aranha!

Na essência, será um multimilionário spot de campanha eleitoral à moda Hollywood, de 90 minutos, que se verá em todas as telas dos EUA, vendendo Obama como o machão comandante-em-chefe que George W Bush sempre sonhou ser. É o mesmo modus operandi do recente Battleship[1] -- que não passa de comercial de recrutamento para a Marinha dos EUA, super berrado.

A organização de defesa do interesse público Judicial Watch,[2]  com sede em Washington-DC, acaba de revelar vários documentos – 153 páginas de registros do Pentágono; 110 páginas de registros da CIA – apresentados como “tão difíceis de arrancar das mãos do governo Obama quanto comprar um bilhete premiado na lojinha de doces local”. A Judicial Watch precisou de nada menos que nove meses e um processo federal, para obrigar o governo Obama a mostrar os documentos.

Os documentos detalham o processo pelo qual Bigelow e seu roteirista Mark Boal converteram-se em darlings de ambos, do Pentágono e da CIA. E ganharam acesso privilegiado ao “estrategista, planejador, operador e comandante do Team Six dos SEAL” – a super top equipe de Forças Especiais que (sim, segundo alguns; não, segundo milhões em todo o mundo) assassinou Bin Laden num raid contra o prédio onde vivia em Abbottabad no Paquistão, há um ano.

O ataque em si é descrito como “ ‘Corajosa Decisão’ de ‘POTUS’ ”, para o qual “foi crucial o envolvimento de WH [White House/Casa Branca].”

Bigelow e Boal tiveram acesso, até, ao “cofre” – o bunker da CIA onde aconteceu parte do planejamento tático decisivo para o raid.

Quanto a fotos e vídeos que provariam – acima de qualquer suspeita razoável – que o assassinado foi, mesmo, Bin Laden, Judicial Watch foi impiedosamente segregada. Para o governo Obama, é assunto de segurança nacional.

O que interessa é que tudo é super cool na operação Obama-Homem Aranha: com perfeito timing, o super comercial estará ao vivo nas salas de cinemas de todo o território dos EUA, dia 12 de outubro. Será a maior não-surpresa de outubro[3].

++++++++++++++++++++++++++++++++++

[1] No Brasil, Battleship – Batalha dos Mares; em Portugal, Battleship – Batalha Naval (2012). Trailer em http://www.youtube.com/watch?v=qDMXkPfxjOc [NTs]

[2] 22/5/2012, Judicial Watch, http://www.judicialwatch.org/press-room/press-releases/13421/.

[3] Orig. “October non surprise”. A expressão “october surprise” [surpresa de outubro] é do jargão político dos EUA. Aplica-se a artifícios de campanha eleitoral, cronometrados para acontecer em outubro e influenciar o resultado das eleições. Mais sobre isso em http://en.wikipedia.org/wiki/October_surprise_conspiracy_theory [NTs].

Texto: / Postado em 26/05/2012 ás 08:09 (Com a  Pátria latina)

Comentários