Índios divulgam imagens e vídeos de menores baleados por policiais chilenos



                                                      
                                                    
Uma semana após o começo de um novo conflito envolvendo os carabineros (polícia militarizada chilena) e as comunidades mapuches da província da Araucania (centro do país), os líderes indígenas difundiram diversas fotos e vídeos que exibiam crianças e adolescentes com ferimentos provocados por balas. De acordo com os relatos , eles teriam sido provocados pelas invasões policiais realizadas à aldeia Lof Queipul, na cidade de Collipulli.

Em um dos vídeos, um jovem ferido acusa as autoridades regionais do governo de Sebastián Piñera de serem racistas e de tratarem os mapuches como terroristas.

Os líderes mapuches denunciaram que os policiais os atacaram com tiros à queima-roupa e que também atiraram contra grupos de indígenas que foram visitar colegas feridos no hospital regional.

Outra denúncia dos mapuches polêmica foi que, durante o traslado dos feridos e detidos ao hospital, um grupo de policiais teria agredido e assediado sexualmente sete mulheres, expondo-as a uma situação vexatória. Três delas menores. Na denúncia, os líderes comunitários asseguram ter identificado pelo menos dois oficiais.

O cacique da aldeia Lof Queipul, Mijael Carbone, afirmou em entrevista ao Opera Mundi que “os ataques fazem parte de um plano do governo que visa exterminar a população mapuche dos arredores de Collipulli, em resposta aos interesses de latifundiários locais”.

O líder indígena também ironizou a declaração de uma autoridade regional do governo, o secretário regional Mauricio Ojeda, que culpou os próprios mapuches pelos feridos e disse que os líderes da comunidade fizeram um escudo humano com crianças antes da chegada dos policiais. Segundo Carbone, “a polícia entra disparando na comunidade reiteradamente há pelo menos dez anos, sem precisar apelar para mentiras como essa para justificar suas ações”.

La Moneda

Na tarde da terça-feira (24/07), horas depois da última invasão à aldeia Lof Queipul e quase simultaneamente ao confronto no hospital de Collipulli, uma reunião de emergência foi convocada e liderada pelo próprio presidente Sebastián Piñera. Foram definidos os parâmetros de um novo plano de contingência buscando frear o aumento da violência observada na Araucania desde a semana passada.

O conflito se iniciou com um ataque incendiário contra o colégio Millalevia, que não causou mortos nem feridos, mas destruiu completamente o estabelecimento. Após o ataque, a polícia realizou pelo menos duas invasões à Lof Queipul. O mais violento deles ocorreu na última terça-feira (24/07), resultando em doze mapuches detidos, entre eles alguns dos menores de idade retratados nas imagens recém-publicadas.

Após a reunião, o ministro porta-voz do governo, Andrés Chadwick, anunciou a atualização das diretrizes do Plano Araucania, que pretende aumentar ainda mais o efetivo policial na província. O objetivo seria “controlar casos de violência”.

Na entrevista, Chadwick afirmou que o governo não considera o povo mapuche terrorista. “A grande maioria das comunidades mapuches são pacíficas e merecem o nosso respeito e cuidado. A exceção é a CAM (Comunidade Arauco Malleco, a maior do Chile), que optou pelo caminho da violência desmedida”. (Com Opera Mundi)

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