Tiro, porrada e bomba no 1º Grande Ato Contra a Tarifa em São Paulo


                                          

Brasil - Ninja - Como esperado, a polícia militar reagiu com truculência no protesto realizado  sexta-feira (9/1) em São Paulo, pelo congelamento da tarifa dos ônibus. Pelo menos 50 pessoas foram detidas e um número ainda não conhecido de pessoas foi ferida por estilhaços de bombas arremessadas pelos soldados.

Convocado pelo Movimento Passe Livre, o MPL, o "1º Grande Ato Contra a Tarifa" chegou a reunir 30 mil pessoas, segundo os organizadores, ou 5 mil pessoas (segundo as contas da PM).

É uma enormidade de gente, já que o ato realizou-se em pleno período de férias escolares. Boa parte dos manifestantes carregava bandeiras de partidos e organizações de juventude ligadas à esquerda (Juntos, A Rua, Levante Popular, PSTU, PCO, além do próprio MPL).

Na concentração, realizada na praça Ramos de Azevedo, em frente ao Theatro Municipal, porém, já se via como o Governo e a Prefeitura "prepararam-se" para debater a questão da mobilidade urbana e, especificamente, o aumento das tarifas de ônibus e metrô, majoradas em São Paulo na última terça-feira, de R$ 3 para R$ 3,50.

Em vez da discussão pública, da consulta aos usuários (os principais interessados no transporte coletivo de qualidade), mais uma vez, a única face do poder público que apareceu diante dos manifestantes foi a mão forte do aparelho repressivo do Estado.

atotarifa sp3Segundo o major Larry Almeida Saraiva, a quem coube o comando da operação da PM, pelo menos 800 policiais foram mobilizados para o ato.
                                                                         
Foto: Tropa de choque bloqueia fluxo na Avenida Paulista

Muitos compareceram vestidos com o exoesqueleto negro e cinza, parecido com a "armadura robocop". Outros –entre 110 e 150 homens--, integrantes da chamada "tropa do braço", treinados para imobilização com formas não-letais, cercaram o ato. Como também é hábito na polícia, muitos soldados estavam sem as identificações obrigatórias nas fardas.

Todo o equipamento anti-motim da polícia compareceu à manifestação, inclusive os assustadores blindados Centurion (equipamento de guerra), helicópteros, bombas de efeito moral, bombas de gás pimenta, balas de borracha.

Um mau sinal.

A manifestação, que havia decidido se dirigir em passeata até a praça do Ciclista, na avenida Paulista, caminhava pacificamente pela avenida Consolação, ao som da "Fanfarra do Mal", a banda que sempre acompanha os atos do MPL, quando um grupo de black blocs começou a destruir lixeiras e a arremessar pedras contra uma agência bancária. Em seguida, os mascarados saíram em correria pelas ruas vizinhas, detonando vitrines de concessionárias de veículos.

atotarifa sp2Foi a senha para a polícia iniciar uma pancadaria generalizada, atacando indistintamente todos os manifestantes e mesmo alguns pedestres que por ali passavam. Bombas de gás e de efeito moral impediam trabalhadores que saíam do serviço de chegar às estações do metrô e aos pontos de ônibus.
                                             
Foto: Manifestante é espancado por policiais durante conflito na Av. Consolação.

Às 21h, um jogral na avenida Consolação declarou o ato encerrado. Mas prometeu nova manifestação, na próxima sexta-feira.

O ambiente é favorável: em 2015, extinguem-se os contratos vigentes com as empresas de Ônibus concessionárias atuais e já no primeiro trimestre serão abertas as licitações para o estabelecimento de novas bases para as concessões. É todo um novo campo de batalha que se abre para a discussão da mobilidade urbana, que dependerá do calor das ruas e da capacidade dos movimentos construirem, novamente, vitórias públicas. (Com o Diário Liberdade)

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