SIP repudia morte de dois jornalistas em menos de uma semana no Brasil

                                                                    

          Djalma Santos da Conceição e Evany José Metzker, jornalistas assassinados no Brasil

Claudia Sanches


A Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP) expressou, quarta-feira última, sua profunda consternação pelo assassinato de outro jornalista no Brasil. O presidente da entidade, Gustavo Mohme, pediu que as autoridades “atuem com urgência para identificar e punir os responsáveis materiais e intelectuais”, tanto de Djalma Conceição dos Santos, como de Evany José Metzker.

A Associação Nacional de Jornais (ANJ) também condenou o assassinato de Djalma Conceição, ocorrido no sábado passado, na Bahia, morto com pelo menos 15 tiros. O corpo foi encontrado com sinais de tortura no sábado, às margens da BR-101 em Timbó, área rural da cidade de Conceição da Feira.

A ANJ alertou, em seu site, quanto à necessidade de esclarecimento e punição aos atentados contra os profissionais de imprensa. Esses crimes “criam um clima de impunidade que contribuem para a repetição de violações à liberdade de expressão”:

—  O corpo do repórter Evany José Metzker foi encontrado decapitado e com sinais de tortura em Padre Paraíso (MG), no dia 18 de maio. A ANJ insiste junto às autoridades quanto à necessidade de imediato e cabal esclarecimento dos crimes mencionados, a fim de que os responsáveis sejam devidamente julgados.

O assassinato de Conceição, que era conhecido como Djalma Batata, 54 anos, também foi condenado em comunicado divulgado em Nova York pelo Comitê para a Proteção dos Jornalistas (CPJ).

O radialista, que apresentava o programa “Acorda, Bahia”, vinha recebendo ameaças por causa de denúncias de crimes e opiniões políticas. Sua última investigação foi sobre o assassinato de uma adolescente em uma favela, supostamente cometido por traficantes.

Na manhã de sexta-feira, Djalma recebeu um telefonema de ameaça de morte na própria rádio. O jornalista tinha uma empresa de dedetização e um bar na cidade vizinha de Governador Mangabeira, onde ele morava com a família. Foi nesse bar, chamado Quiosque, que o jornalista foi sequestrado por três homens encapuzados sob a mira de armas.

O presidente do Sindicato de Radialistas da Bahia Everaldo Monteiro informou que “infelizmente, até o momento, não fui procurado por ninguém do governo nem do Conselho Estadual de Comunicação para tratar do assunto”.

De acordo com a Revista Época, o governador da Bahia, Rui Costa, disse, por meio de seu assessor de imprensa, Ipojucã Cabral, que “todos os crimes têm o mesmo tipo de empenho do governo nas investigações, independentemente se for médico, engenheiro ou jornalista”:

— Ao final do inquérito, se for caracterizado como crime de mando pelo que Djalma Conceição dizia em seu microfone, o rigor será absoluto e total”. Cabral  informou que não foi formada uma força-tarefa para resolver o caso, mas que “a polícia de Santo Amaro da Purificação está colaborando”.

O presidente da Comissão de Liberdade de Imprensa e Informação da SIP, Claudio Paolillo, lamentou que na mesma semana em que ocorreram os crimes uma comissão da Câmara dos Deputados descartasse um projeto de lei que “prevê a participação da Polícia Federal nas investigações de crimes contra jornalistas”. (Com a Associação Brasileira de Imprensa)

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