Impeachment e Dilma: coisas indefensáveis

                                                                              

Na semana passada um ato de censura na TV Brasil foi estarrecedor. Alberto Dinis, o decano do jornalismo brasileiro, foi surpreendido pela intervenção da direção da Empresa Brasileira de Comunicação, a EBC, no ‘Observatório da Imprensa’, suspendendo a exibição de entrevista com a historiadora Anita Prestes, no dia 7. 

Foi a primeira intervenção no programa ‘Observatório da Imprensa’ em 18 anos, sob o pretexto de que outro programa da emissora já apresentara uma entrevista com a professora. Se a censura tivesse sido antes da gravação do programa teria sido à professora. Foi depois e certamente decorreu do conteúdo por ela exposto.


João Batista Damasceno

Além da falta de regulamentação das concessões públicas de comunicação, desde a redemocratização não se tem notícia de tamanha censura nos meios controlados pelo governo


Rio - Depois da continuidade da política neoliberal, dos benefícios aos banqueiros, da supressão de direitos de trabalhadores, do atolamento no esquema instituído em governos anteriores para apropriação de dinheiro público, de apoio a governos locais contrários aos interesses da sociedade, do patrocínio da cartolagem do desporto de competição, do apoio a remoções de pobres em benefício da especulação imobiliária, o impeachment da presidente Dilma somente não é defensável porque da sucessão podem resultar maiores prejuízos.

Tanto a presidente Dilma quanto o seu antecessor, ex-presidente Lula, frustraram as expectativas dos depositantes de esperança, de primeira hora, num governo comprometido com a ética republicana e com os interesses das camadas populares.

Além da falta de regulamentação das concessões públicas de comunicação, desde a redemocratização não se tem notícia de tamanha censura nos meios controlados pelo governo. O programa de debate ‘Espaço Público’, que era exibido pela TVE, com a apresentação da jornalista Lucia Leme, por suscitar debates, foi censurado, eliminado da grade e em seu lugar reprisado, ironicamente, o ‘Sem Censura’. 

Até a Rádio Pulga, criada pelos alunos do IFCS/UFRJ em meados dos anos 80, como meio de aprendizagem e exercício de comunicação social, foi fechada no governo Dilma, pela Polícia Federal, a exemplo de outras.


Na semana passada um ato de censura na TV Brasil foi estarrecedor. Alberto Dinis, o decano do jornalismo brasileiro, foi surpreendido pela intervenção da direção da Empresa Brasileira de Comunicação, a EBC, no ‘Observatório da Imprensa’, suspendendo a exibição de entrevista com a historiadora Anita Prestes, no dia 7.

Foi a primeira intervenção no programa ‘Observatório da Imprensa’ em 18 anos, sob o pretexto de que outro programa da emissora já apresentara uma entrevista com a professora. Se a censura tivesse sido antes da gravação do programa teria sido à professora. Foi depois e certamente decorreu do conteúdo por ela exposto.


Trata-se de cerceamento extremamente preocupante em momento no qual se anseia por diversidade e pluralidade de conteúdo nos meios de comunicação. O impeachment é indefensável. Mas um governo que censura a liberdade de expressão também não merece defesa.


(*) João Batista Damasceno é Doutor em Ciência Política e juiz de Direito.

(Com O Dia/Prestes a Ressurgir_

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