Sete de outubro de 1963. Uma data para a história do movimento operário. Era o "Massacre de Ipatinga". (Reconstrução com a colaboração de Jurandir Persichini, membro da Comissão da Verdade. O semanário "Novos Rumos", que tinha representação em BH, enviou ao local o professor Gilgal Gonçalves que fez uma página a respeito. Repercutindo o fato a direção do jornal enviou a Ipatinga o jornalista Élio Gáspari para nova reportagem. José Carlos Alexandre)

                                                                       
                                                     Contagem dos corpos (na época).
                                

IPATINGA-MG – Considerado por uma grande maioria que era da época e ainda está vivo, como um dos momentos mais tristes da história do Vale do Aço, o confronto de policiais militares com trabalhadores da Usiminas e que ficou conhecido como  "o Massacre de Ipatinga" completa nessa quarta-feira (7/10/15) 52 anos. 

Em 7 de outubro de 1963, trabalhadores da Usiminas protestavam contra as más condições de trabalho e pelas inúmeras humilhações que diziam sofrer no chão da fábrica. Segundo a História, 19 policiais militares estavam em cima de um caminhão e abriram fogo contra os funcionários. Ainda segundo o relato oficial, 8 pessoas morreram, entre elas uma criança de colo na época que deu nome ao "Hospital Municipal de Ipatinga Eliane Martins", e 79 ficaram feridas. Porém, quem esteve no confronto afirma que muitos corpos desapareceram naquele dia e não foram contabilizados.

O assunto virou tabu. Traz sobre si uma ideia de revolta e mistério, recheada por divergências que vão desde a definição dos culpados até a quantidade de vítimas. Mas em uma coisa todos concordam: houve um fato grave que mudou os rumos da cidade e principalmente a relação entre a que seria a maior empresa da região e seus colaboradores. 

Aliás, a cidade mãe era Coronel Fabriciano, que aproximadamente 6 meses depois da tragédia, em 29/04/1964 é que foi emancipado o lugarejo que chamava-se "Pouso de Águas Limpas" ou simplesmente "Distrito de Barra Alegre" o qual denominou-se o município de Ipatinga.

Em 2013, a Comissão Nacional da Verdade esteve em Ipatinga para discutir o que realmente aconteceu naquele fatídico dia. 50 anos depois, novas evidências sobre o número de mortos e desaparecidos foram levantadas. Os dados oficiais foram contestados. Não seriam apenas 8 pessoas mortas e 79 feridas, pois documentos e relatos de testemunhas teriam apontado que foram mortos, no mínimo, 32 trabalhadores.
                                                              
                                                        Audiência Pública "Massacre Ipatinga"

Geraldo dos Reis Ribeiro, presidente do sindicato organizou uma reunião no dia anterior. Mais do que testemunha, ele foi parte integrante dessa história que chega aos 52 anos e se mantém cheia de mistérios e abre espaço para que o imaginário popular comece a se confundir com a realidade dos fatos. Com o passar dos tempos, certamente as duas versões se confundirão.
                                                                     
Durante a audiência pública da Comissão da Verdade em Ipatinga um momento histórico, Cley Vilian Sathler era o motorista do caminhão que levava os soldados e a metralhadora. No dia seguinte, quando ia buscar comida para os militares, o veiculo foi destruído pelos operários, em vingança pelas mortes dos colegas. O motorista reencontra, após 50 anos, um dos operários que destruiu o caminhão, Jurandir Persichini Cunha, hoje membro da Comissão da Verdade.

                                                                 
                     Na época a notícia do Massacre de Ipatinga, foi anunciada nos grandes jornais do país.


Relembrando

O grupo de Iniciação ao Teatro do Oprimido, dirigido pela atriz Claudiane Dias, prepara uma intervenção artística para relembrar os 52 anos do Massacre de Ipatinga. A atividade acontece nesta quarta-feira, 07 de outubro, às 15h, no Monumento do Massacre de Ipatinga, em frente ao Camelódromo, no Centro. O objetivo é resgatar a história do episódio relacionando-o com as opressões sofridas pela classe trabalhadora e pelos excluídos na atualidade.


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