Mercedes de Hitler vai a leilão


                                                                      
 USA Hitlers Mercedes wird versteigert (picture-alliance/Worldwide Auctioneers/Cover Images)
Mercedes que vai a leilão passou por história movimentada desde seu primeiro dono

Leiloeiros nos EUA esperam pelo comprador "certo" para principal carro de desfile do ditador nazista. Parte do dinheiro arrecadado será destinada a projetos de resgate crítico do nacional-socialismo.

Segundo os leiloeiros da Worldwide Auctioneers, a Mercedes que vai a leilão nesta quarta-feira (17/01) no estado americano do Arizona é o "veículo historicamente mais significativo já posto à venda publicamente". E isso provavelmente não é exagero.

Embora "historicamente significativo" também tenha sido a antiga limusine de um presidente americano ou o carro de uma estrela pop, na coluna "comprador" do espartano formulário de 30 de setembro de 1938 enviado a Daimler-Benz, divulgado pela casa de leilões, está escrito "Führer e Chanceler do Reich."

O fato de o veículo de desfile de Hitler ter sido posto à venda em muito bom estado é considerado realmente uma sensação – e algo tão controverso como os demais objetos da memorabilia do ditador que são comprados em leilão.

A história do veículo de placa 1A 148461 está meticulosamente documentada. O motorista de Hitler, o tenente-coronel da SS Erich Kempka, cuidou pessoalmente da encomenda do carro, que foi entregue no final de julho de 1939, pouco antes do início da Segunda Guerra.

Foi Kempka quem, no final da guerra, foi responsável pela eliminação dos corpos de Adolf Hitler e Eva Braun, queimando-os com gasolina dos veículos remanescentes da frota do ditador.

Um carro de superlativos

O "Grande Mercedes" conversível 770 K, também chamado internamente de W150, era um superlativo. Ele tinha seis metros de comprimento e podia acomodar até oito pessoas. Alimentado por um motor de oito cilindros e 7,7 litros, ou seja, quase um litro por cilindro, esse carro possuía potência de 230 cv e alcançava uma velocidade máxima de 160 km/h – cifras impressionantes para veículos da época.

Somente 88 exemplares do tipo W150 foram produzidos na fábrica da Mercedes em Sindelfingen, nos arredores de Stuttgart, entre 1938 e 1945. Entre os clientes estrangeiros, estavam o imperador japonês Hirohito, o rei da Noruega, o ditador espanhol Franco e o Papa.

A casa de leilões americana não teve palavras para elogiar o tipo 770 K. "Provavelmente a maior proeza mundial em termos de design automobilístico, engenharia e técnica", como afirmou Rod Egan, especialista da Worldwide Auctioneers, responsável pela venda do veículo.
                                                                          
 Deutschland Adolph Hitler im Olympia Stadium 1939 (picture-alliance/Everett Collection)
Hitler desfila em sua "Grande Mercedes" no Estádio Olímpico de Berlim em 1939

O modelo de série, no entanto, serviu apenas de base para a limusine do "Führer". A tecnologia de segurança do carro foi melhorada manualmente. Segundo os documentos fornecidos pela Worldwide Auctioneers, vidros de 40 mm e carroceria em aço de 18 mm de espessura respondiam pela blindagem do automóvel. 

Mas dado o fato de que se tratava de um conversível, em que Hitler saudava principalmente em pé a população, a blindagem tinha apenas uma importância parcial e fazia o peso do carro se elevar para quase cinco toneladas, com o incrível consumo de 2,6 km/l. Mesmo assim, conseguia-se chegar relativamente longe com um tanque de combustível com capacidade de 300 litros.

História conturbada

Hitler usou a Mercedes como principal carro de desfile, como em 1940, na celebração da vitória sobre a França ou durante a visita do ditador italiano, Benito Mussolini, quando ambos, lado a lado, passearam pelas ruas de Munique.

Por esse motivo, o carro agora à venda foi eternizado em diversos filmes e fotos da época. Mas quando, a partir de 1942, a sorte do ditador começou a mudar na Segunda Guerra, não foram realizadas mais paradas em automóveis.

A Mercedes de Hitler foi confiscada por volta do final da guerra pelas forças americanas na França, que nada sabiam sobre seu proeminente proprietário anterior.

Após 1945, o carro ficou brevemente em posse de um belga, sendo vendido então para os EUA, onde mudou de mãos várias vezes até voltar para a Europa. A casa de leilões Worldwide Auctioneers mantém silêncio quanto ao atual proprietário .

(Com a Deutsche Welle)

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