Novo filme de Tarantino colhe vaias e aplausos


                                                

No novo filme de Tarantino, Leonardo DiCaprio faz o papel de um ator de faroeste receoso em manter a fama

Apesar de trazer uma concentração de estrelas hollywoodianas, estreia mais esperada do Festival de Cinema oscila entre o pastiche e a homenagem à Sétima Arte, valorizando imagens em detrimento de diálogos.
    
Com Era uma vez em Hollywood, o diretor americano Quentin Tarantino voltou ao tapete vermelho, na noite desta terça-feira (21/05) em Cannes, 25 anos depois de ganhar a Palma de Ouro com seu filme Pulp Fiction, em 1994.

A estreia do novo filme de Tarantino foi uma das mais esperadas da 72ª edição do Festival de Cinema Cannes, aumentando o glamour na Croisette com sua concentração de estrelas do Olimpo hollywoodiano.

Leonardo DiCaprio e Brad Pitt protagonizam o filme que retrata Hollywood no final dos anos 1960. DiCaprio interpreta um ator de faroeste (Rick Dalton), receoso por sua notoriedade estar diminuindo. Pitt faz o papel de seu dublê (Cliff Booth), amigo e motorista.

Embora tenha como pano de fundo os assassinatos de Charles Manson, muito do filme de Tarantino procura resgatar o esplendor de uma Hollywood do passado. Margot Robbie (no papel de Sharon Tate), James Marsden, Dakota Fanning, Al Pacino, Kurt Russell e o recentemente falecido Luke Perry completam o estrelado elenco.

Antes da estreia de Era uma vez em Hollywood em Cannes, Quentin Tarantino pediu em carta divulgada na última segunda-feira que ninguém revelasse nada que pudesse impedir os espectadores de desfrutar plenamente seu novo projeto.

"Adoro cinema. Vocês adoram cinema, É uma viagem para descobrir uma história pela primeira vez. Desejo compartilhar Era uma vez em Hollywood com a audiência do festival", afirmou Tarantino, que lembrou também que sua equipe trabalhou duro para criar "algo original".

"Só peço que as pessoas evitem revelar algo que possa impedir outros espectadores de ter a experiência de ver o filme da mesma forma", disse a mensagem lida antes da sessão para jornalistas e críticos.

Segundo a revista Spiegel, as preocupações de Tarantino são justificáveis, já que seu novo filme possui "somente um ponto alto". Mas isso não se nota durante a maior parte dos 159 minutos da película, escreveu a publicação alemã, já que "por duas horas, Tarantino oferece diversão ilimitada e sem sentido, com imagens fluindo uma após a outra."

"Era uma vez em Hollywood oscila entre o pastiche e a homenagem, Tarantino celebra o trabalhado de outros diretores e tem prazer em elevar estrelas e filmes a cânone. Vê-se um fluxo maravilhoso de imagens, como muitas ensolaradas filmagens externas nas cores irradiantes do final dos anos 1960", explicou a Spiegel, acrescentando "que nunca antes num filme de Tarantino os diálogos ficaram tão em segundo plano em favor das imagens."

Era uma vez em Hollywood é o primeiro filme de Tarantino não produzido por Harvey Weinstein. Depois que o diretor cortou laços com o megaprodutor envolvido nos escândalos de assédio sexual, o projeto atraiu o interesse da maioria dos estúdios. A Sony Pictures conseguiu o filme, disponibilizando um orçamento de 95 milhões de dólares.

Segundo a Spiegel, o diretor de 56 anos anunciou que faria dez filmes em sua vida. "Este é o seu nono, mas o que deve vir depois disso não é claro, porque Era uma vez em Hollywood parece um 'best of': tanto no sentido de uma compilação de sucessos quanto de clímax de carreira."

Em Cannes, a película colheu vaias e aplausos. De acordo com a Spiegel, esse é um bom resumo crítico do nono filme de Tarantino.

(Com a DW)

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