É preciso combater o assédio moral


Vanderlei Roberto dos Santos

Os trabalhadores vítimas de assédio moral têm de combater esta violência porque não há saída sem luta
O assédio moral no trabalho faz mal à saúde das pessoas, pois elas passam a sofrer com depressão, tremores, distúrbios do sono, hipertensão e pensamentos ou tentativas de suicídio. O quadro é grave. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) calcula que cerca de 42% dos brasileiros já foram alvos de assédio moral ou violência moral no trabalho.
Embora pareça ser um problema novo, a violência é tão antiga quanto as relações de trabalho. Por isso, é fundamental, o trabalhador identificar o assédio moral e denunciar o fato ao seu sindicato ou à sua federação.
A empresa pratica a violência quando expõe o empregado (a) a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas na jornada de trabalho e no exercício de suas funções.
Identifica-se o assédio moral quando, além da repetição sistemática há:
1) Intencionalidade: força o trabalhador a abrir mão do emprego;
2) Direcionalidade: uma pessoa da seção ou do departamento é escolhida como bode expiatório;
3) Temporalidade: quando ocorre durante a jornada de trabalho, por dias e meses;
4) Degradação deliberada das condições de trabalho
Menosprezo
A estratégia é isolar a vítima do grupo, impedindo-a de se expressar. A partir daí, ela é fragilizada, ridicularizada, inferiorizada e menosprezada na frente dos colegas.
O chefe costuma ameaçar a pessoa de demissão e chamá-la de incompetente na frente dos colegas. Dá ordens confusas e contraditórias. O objetivo é desestabilizar emocionalmente a vítima.
Sintomas das doenças pioram
Outros representantes dos patrões usam também a tática de impedir os colegas de cumprimentar ou almoçar com o funcionário (a) alvo de assédio moral, exigem trabalho depois do horário e trocam a vítima de turno sem avisá-la antecipadamente.
Os sintomas das doenças tendem a piorar porque quem é agredido sistematicamente não consegue trabalhar normalmente. Cai sua produção individual e a qualidade do serviço. Está aberto o caminho para a vítima entrar em depressão, apresentar sentimento de inutilidade e de fracasso e ter baixa autoestima.
O que fazer ?
Fugir não resolve, pois é preciso resistir, lutar. O trabalhador (a) tem de criar coragem e procurar o seu sindicato, relatando tudo o que acontece no ambiente de trabalho para que os advogados possam tomar as providências necessárias.
Para comprovar a violência, a vítima deve proceder da seguinte forma:
· Anotar com detalhes todas as humilhações sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome do agressor, colegas que testemunharam o fato, conteúdo da conversa ou qualquer outro tipo de informação;
· Dar visibilidade, procurar ajuda dos colegas especialmente aqueles que presenciaram o fato e que já foram vítimas do agressor;
· Evitar conversar com o agressor sem testemunhas;
· Exigir por escrito explicações do ato violento e manter uma cópia da carta enviada ao Departamento Pessoal e da eventual resposta do agressor;
· Procurar o sindicato, Ministério Público e Comissão de Direitos Humanos.
· Buscar apoio junto aos familiares.
Lembre-se que o medo é o pior inimigo para combater a violência moral no trabalho. Portanto, se você perceber que o seu colega está sendo vítima de assédio moral, seja solidário. Afinal, você poderá ser "a próxima vítima". (Ilstração do site www.assediomoral.org)


Vanderlei Roberto dos Santos, Secretário de direitos humanos da Força Sindical São Paulo

Comentários