Sem proposta, educadores do Maranhão intensificam greve que já dura 44 dias

Em mais uma reunião de avaliação do movimento grevista, os trabalhadores de educação do Estado ratificaram a posição de manter a greve, que nesta quarta-feira (13) entra em seu 44º dia, até que governo e categoria cheguem a um acordo.
Os educadores lotaram o auditório da Fecomercio, na manhã da segunda-feira (11), onde além de confirmar a continuidade do movimento, organizaram uma nova agenda de atividades, e mais um grande ato público para a próxima quinta-feira (14), com a participação de trabalhadores do interior do estado. A idéia é, mais uma vez, chamar a atenção da opinião pública para a má vontade do governo em apresentar à categoria uma proposta concreta que possibilite um desfecho para o movimento.
“Só queremos que o governo nos apresente uma proposta que atenda à nossa pauta de 22 reivindicações” – defenderam todos os educadores que avaliaram o movimento grevista na reunião. “Não haverá corte de ponto e nem exoneração, tudo isso é terrorismo do governo. Com o corte de ponto, não tem reposição de aula e se não houver reposição de aula, quem perde são os alunos, além de impossibilitar o repasse de recursos financeiros, que depende do cumprimento de toda a carga horária prevista no ano letivo. Se houver corte, o governo terá, obrigatoriamente, que devolver o dinheiro dos professores, com a reposição de aulas. Portando não acreditem nessas ameaças terroristas do governo contra os professores”, explicou o diretor de Comunicação do sindicato Júlio Guterrres.
Governo força retorno às aulas
Numa tentativa de desmontar o movimento grevista, o governo afirmou, em nota, que as aulas reiniciariam em todas as escolas do estado. Mas não foi o que constataram os trabalhadores em greve, que foram às escolas, nesta segunda, para conversar com a comunidade escolar sobre os justos motivos de paralisação da categoria.
O Liceu Maranhense, por exemplo, escola tradicional da rede estadual de ensino, funcionava precariamente, pois a maioria dos professores estava do lado de fora, fortalecendo o movimento. Segundo os educadores em greve e os diretores do sindicato, os professores do Liceu continuam atuantes no movimento grevista e a sala de aula em funcionamento, divulgada na internet, é um faz de conta - um cenário montado pela Seduc para mostrar na televisão que os professores voltaram ao trabalho.
“Mas a greve continua, firme e forte, até chegarmos a um acordo, que depende da iniciativa do governo em apresentar uma proposta de atendimento das reivindicações da categoria. É por isso que estamos lutando”, defendeu o presidente do Sinproesemma, Júlio Pinheiro, que participou de quatro assembléias em regiões do interior do estado (Barra do Corda, Tuntum, Pedreiras e Presidente Dutra) e em todas houve decisão unânime pela greve.
Demissões revogadas
O gestor da Unidade de Educação de Barra do Corda (MA), José Benones de Souza, determinou a exoneração de todos os professores da região que participam da greve na rede pública estadual de ensino do Maranhão. A regional de Barra do Corda engloba 18 cidades do Maranhão. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) não autorizou a exoneração em massa dos docentes e revogou o ato do gestor.
O número de professores que seriam atingidos por essa medida é incerto mas, somente na sede, em Barra do Corda, cidade a 462 quilômetros de São Luís, existem aproximadamente 70 docentes da rede pública estadual de ensino que aderiram ao movimento. Segundo a portaria 015/2011, expedida nesta segunda-feira por Souza, a exoneração tomou como base a desobediência dos professores à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que confirmou a ilegalidade da greve na semana passada.
Em nota, a Seduc informou “não houve nenhuma orientação às Unidades Regionais de Educação (UREs) para proceder exoneração de professores. Em relação à URE Barra do Corda, a Seduc informa que houve um equívoco por parte do gestor da Unidade”, esclareceu a secretaria.

(Ilustração: Luta pela Educação/Divulgação)

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