Documento secreto: Os EUA iam detonando uma bomba atómica sobre a Carolina do Norte

                                                                     


O arsenal nuclear dos EUA constitui uma ameaça maior para a humanidade, incluindo a parte norte-americana da humanidade. Não apenas por estar nas mãos do poder imperialista que cometeu os crimes de Hiroshima e Nagasáqui, mas também por gritantes falhas de segurança: só entre 1950 e 1968, foram registados 700 acidentes e incidentes “significativos” envolvendo 1.250 armas nucleares.

 O jornalista usa o Freedom of Information Act (Acto da Liberdade de Informação) para revelar o 
acidente de 1961 em que um interruptor evitou a catástrofe


Ed Pilkington em New York

The Guardian, sexta 20 Setembro 2013

A bomba que ia explodindo sobre a Carolina do Norte era 260 vezes mais potente do que a que devastou Hiroshima em 1945. 

Um documento secreto publicado hoje pela primeira vez pelo The Guardian como documento desclassificado 
revela que a Força Aérea dos EUA esteve dramaticamente à beira de fazer explodir uma bomba atómica 
sobre a Carolina do Norte que seria 260 vezes mais potente do que a bomba que devastou Hiroshima.
O documento, obtido pelo jornalista de investigação Eric Schlosser a coberto do Freedom of Information Act
fornece a primeira prova concludente que os EUA foram poupados por pouco a um desastre de proporções 
gigantescas quando duas bombas de hidrogénio Mark 39 foram acidentalmente lançadas sobre Goldsboro, 
na Carolina do Norte, a 23 de Janeiro de 1961. As bombas caíram para terra depois de um bombardeiro B-52 
ter uma avaria a meio do voo, e uma delas funcionou precisamente como uma arma nuclear foi projectada
para funcionar em guerra: o paraquedas abriu, os mecanismos de disparo foram accionados e só um 
interruptor de baixa voltagem evitou a indescritível chacina.
Cada bomba transportava uma carga de 4 megatoneladas – o equivalente a 4 milhões de toneladas de TNT. 

Se a bomba detonasse, os resíduos letais iriam depositar-se sobre Washington, Baltimore, Philadelphia e tão a norte como a cidade de New York, pondo milhões de vidas em risco.

Embora tenham havido persistentes especulações sobre quão próximo esteve Goldsboro de não escapar, o governo dos EUA tem repetidamente negado que o arsenal nuclear alguma vez tenha posto vidas americanas em risco por falhas de segurança. Contudo, no documento recentemente revelado, um engenheiro sénior dos laboratórios nacionais Sandia responsáveis pela segurança mecânica das armas 
nucleares conclui que "um simples interruptor de dínamo-tecnologia de baixa voltagem foi o que se interpôs entre os Estados Unidos e uma catástrofe gigantesca".
Escrevendo oito anos após o acidente, Parker F Jones acha que as bombas que caíram sobre a Carolina do Norte três dias apenas após John F Kennedy ter feito o seu primeiro discurso como presidente, tinham inadequado controlo de segurança e que o interruptor final que evitou o desastre podia facilmente ter sido curto-circuitado por um arco eléctrico, provocando uma ignição nuclear. "Teriam sido péssimas notícias,escreveu.

Jones intitulou secamente o relatório secreto "Goldsboro revisitada ou Como aprendi a desconfiar da bomba H”, referência ao filme satírico de Stanley Kubrick de 1964 sobre o holocausto nuclear, Dr. Strangelove (Dr. Estranho Amor).

O acidente aconteceu quando um bombardeiro B-52 entrou em dificuldades depois de partir da base da Força Aérea Seymour em Goldsboro para um voo de rotina pela costa Leste. Ao entrar num poço de ar, as bombas de hidrogénio que levava separaram-se. Uma caiu num campo próximo de Faro, na Carolina do Norte, com o paraquedas cobrindo os ramos de uma árvore, e a outra aterrou num prado próximo da estrada Big Daddy.
Jones verificou que, dos quatro mecanismos de segurança da bomba de Faro projectados para evitar uma detonação não desejada, três não funcionaram como deviam. Quando a bomba atingiu o solo, foi enviado um sinal de disparo ao centro nuclear do mecanismo e foi apenas esse interruptor final altamente vulnerável que evitou a calamidade. "A bomba MK 39 Mod 2 não possuía segurança adequada para a função de alerta em voo no B-52," conclui Jones. (Com Odiario.info)

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