Jornalistas lançam manual prático de redação, com 1001 dicas e curiosidades

                                                                   

Quando utilizar “a princípio ou em princípio”? “Escrevo onde ou escrevo aonde”, “a ver ou haver”? O certo é “abdome ou abdômen”? Qual a diferença entre “acento e assento”? E quando devemos usar “à medida que  ou na medida em que?”.

Para ajudar no exercício de quem escreve, e evitar que quem trabalha com a escrita caia em armadilhas em tempos de Internet, os jornalistas Dad Squarisi e Paulo José Cunha lançaram o livro “1001 Dicas de Português – Manual Descomplicado”.

O tira-dúvidas, com 1001 dicas, é prático, informativo e bem-humorado. Organizado em ordem alfabética, o leitor encontra rapidamente tudo o que precisa saber para ter certeza de que não cometeu nenhum deslize em seu texto. Além disso, ainda descobre centenas de curiosidades e fatos interessantes sobre a língua portuguesa.

O livro lembra também que, nos meios eletrônicos, os erros mais comuns são de pronúncia, como recorde, subsídio, rubrica; de concordância; de gênero (milhão, milhar); emprego dos tempos e modos verbais.

Segundo os autores, a ideia da publicação surgiu das dúvidas levantadas pelos leitores da coluna “Dicas de Português”, publicadas no jornal “Correio Braziliense” e em outros jornais do país, serviram de base para selecionar as dicas.  A ideia principal é socorrer os angustiados, conforme brinca Cunha, que pensou no “drama” do redator mediante sua dúvida:

 — Quem escreve tem dúvidas. Em geral, tem pressa. Precisa de respostas rápidas, descomplicadas e confiáveis. A consulta a gramáticas exige tempo e familiaridade com as obras. A internet aceita tudo. Quem não pode distinguir o certo do errado embarca em enrascadas. A maioria dos manuais no mercado são bons. O problema é que a consulta desses livros é difícil e em segundo lugar, eles se propõe a ensinar gramática.
                                           
           
Veja a colaboração do jornalista Simphrônio Veiga

Nossa língua portuguesa

 Namantino Manduca, professor de Português do colégio Padre Herculano Paz da Universidade Católica, Apostólica e Romana de Itapecerica, MG, conta que um homem rico estava muito mal, agonizando. Pediu papel e caneta, escreveu sem pontuação e morreu em seguida:
'Deixo meus bens a minha irmã não a meu sobrinho jamais será paga a conta do padeiro nada dou aos pobres.'
Se fizesse a pontuação, para quem deixaria a fortuna? Eram quatro concorrentes.

1) A irmã fez a seguinte pontuação: Deixo meus bens à minha irmã. Não a meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

2) O sobrinho chegou em seguida. Pontuou assim o escrito: Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho. Jamais será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres

3) O padeiro pediu cópia do original e esclareceu:Deixo meus bens à minha irmã? Não! A meu sobrinho? Jamais! Será paga a conta do padeiro. Nada dou aos pobres.

Não erre mais 

O professor Sérgio Nogueira resumiu  as mudanças oriundas da reforma ortográfica.

Confira abaixo:

ALFABETO - ganha três letras 23 letras 26 letras: entram k, w e y

TREMA - desaparece em todas as palavras Freqüente, lingüiça, agüentar * Fica o acento em nomes como Müller

ACENTUAÇÃO (1) - some o acento no i e no u fortes depois de ditongos (junção de duas vogais), em palavras paroxítonas Baiúca, bocaiúva, feiúra  Se o i e o u estiverem na última sílaba, o acento continua como em: tuiuiú ou Piauí As demais regras de acentuação permanecem as mesmas
ACENTUAÇÃO (2) - desaparece o acento agudo no u forte nos grupos gue, gui, gue, de verbos como  averiguar, apaziguar, arguir, redarguir, enxaguar averigúe, apazigúe, ele argúi, enxagúe você averigue, apazigue, ele argui, enxague você
ACENTUAÇÃO (3) – não há mais o acento diferencial Pára, péla, pêlo, pólo, pêra, côa * Não some o acento diferencial em pôr (verbo) / por (preposição) e pôde (pretérito) / pode (presente). 
Fôrma, para diferenciar de forma, pode receber acento circunflexo
ACENTUAÇÃO (4) - some o acento dos ditongos abertos éi e ói das palavras paroxítonas (as que têm a penúltima sílaba mais forte)Européia, idéia, heróico, apóio, bóia, asteróide, Coréia, estréia, jóia, platéia, paranóia, jibóia, assembléia * Herói, papéis, troféu mantêm o acento (porque têm a última sílaba mais forte)
ACENTUAÇÃO (5) – inexiste o acento circunflexo das palavras terminadas em êem e ôo (ou ôos) Creem, deem, leem, veem, preveem, voo, enjoos

HÍFEN (com prefixos) - Em  agro, ante, anti, arqui, auto, contra, extra, infra, intra, macro, mega, micro, maxi, mini, semi, sobre, supra, tele, ultra, quando a palavra seguinte começa com h ou com vogal igual à última do prefixo, usa-se hífen: auto-hipnose, auto-observação, anti-herói, anti-imperalista, micro-ondas, mini-hotel.

Nos demais casos: autorretrato, autossustentável, autoanálise, autocontrole, antirracista, antissocial, antivírus, minidicionário, minissaia, minirreforma, ultrassom. Em hiper, inter, super, quando a palavra seguinte começa com h ou com r: super-homem, inter-regional. Em todos os demais casos: hiperinflação, supersônico

Em sub, quando a palavra seguinte começa com b, h ou r: sub-base, sub-reino, sub-humano. Nos demais casos: subsecretário, subeditor Em vice, vice-rei, vice-presidente
Demais casos: pansexual, circuncisão Pan, circum Quando a palavra seguinte começa com h, m, n ou vogais: pan-americano, circum-hospitalar. (Com a Associação Brasileira de Imprensa e Symphrônio Veiga)

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