Carlos Lúcio Gontijo e o "Tempo Impresso"


                                                                  

José Carlos Alexandre

O fato de estar sozinho em casa impediu-me de comparecer à Biblioteca Pública no dia do lançamento da última ( e grande) obra do jornalista, poeta e escritor Carlos Lúcio Gontijo, "Tempo Impresso". (No dia de minha oitiva na Comissão da Verdade de Minas Gerais, acabei saindo de lá literalmente numa cadeira de rodas...)

Agora tenho o prazer de receber um exemplar de "Tempo Impresso", talvez o coroamento de muitos anos de dedicação ao jornalismo e à literatura do ainda jovem C.L.G.

Conheci Carlos Lúcio no antigo Diário da Tarde, onde trabalhamos por longos anos.

Ele, inicialmente na revisão, depois entre nós, repórteres, redatores e editores.

Sempre o tive como um dos melhores jornalistas e um dos maiores escritores como quem convivi , no exercício da profissão jornalística. (Num deferência toda especial do autor, cheguei até a prefaciar uma de suas inúmeras obras)

Fui por  40 anos um dos editorialistas do Diário da Tarde. E durante bom período, companheiro de texto de Carlos Lúcio na página 2.

Mesmo quando não o escrevíamos no mesmo dia, raramente deixava de lê-lo, já que sempre primei por aprender cada vez mais.

Carlos Lúcio sempre fui um jornalista que primava ser sempre atual.

Agora, revendo seus textos, releio, por exemplo, "Nós não somos ninguém", reproduzido à página 232 do ""Tempo Impresso".

Nada mais claro que a atual situação política da América Latina: " O Neoliberalismo transformou os parlamentos dos países em desenvolvimento em organismos impotentes e meros componentes de uma farsa democrática, um vez que as decisões políticas e econômicas são traçadas ( e determinadas) no exterior, por instituições como o Fundo Monetário Internacional, sob a influência direta de megainvestidores e grandes conglomerados empresariais multinacionais" , lembra o jornalista.

No mesmo artigo, publicado no Diário da Tarde do dia 5 de julho de 2001, o autor chama a atenção para o fato de ´que "não existe nada mais escravizante do que a imposição do pagamento de uma dívida externa que quintuplicou, apesar de todo o esforço dos países do Terceiro Mundo em pagá-la às custas dom sacrifício de sua gente."

Como se vê Carlos Lúcio cumpre à risca, o dever de todo jornalista, de todo escritor que se preze de tomar as dores do povo mais cruelmente explorado, sem prestar atenção a possíveis rótulos que se lhe imputem, tampouco ao fato de trabalhar num veículo essencialmente da burguesia aliada aos interesses multinacionais.

Homens como o autor de "Tempo Impresso", para sempre farão falta ao jornalismo nacional e à nossa literatura nem sempre prestigiada pelas grandes editoras, que se queixam de viver em eterna crise mas incapazes de abrir as portas aos verdadeiros escritores brasileiros.

É como escreveu outro jornalista, Ariosto da Silveira, em O Tempo ( de 1º de agosto de 2016) : Carlos Lúcio Gontijo "aponta como missão da imprensa contribuir para o avanço em matéria de questão social, 'na qual prevalece o direito de uma meia dúzia de privilegiados, que tem os seus desejos colocados acima dos anseios da maioria sofrida' ".

Comentários

Parafraseando Guimarães Rosa, digo: há passagens na vida que realmente amolecem o coração da gente! Ler (e sentir) as palavras do jornalista José Carlos Alexandre, honesto e competente profissional de Jornalismo, com jota maiúsculo, sobre o nosso lançamento mais recente (TEMPO IMPRESSO), foi um desses momentos raros, que fazem a vida lastreada em trabalho e dignidade valer a pena.
Obrigado, amigo José Carlos Alexandre, prefaciador do nosso livro "O menino dos olhos maduros", pela amizade, pelo apreço, pela consideração!

http://www.carlosluciogontijo.jor.br/home/index.php/quemsou/reconhecimento
Carlos Lúcio Gontijo disse…
Parafraseando Guimarães Rosa, digo: há passagens na vida que realmente amolecem o coração da gente! Ler (e sentir) as palavras do jornalista José Carlos Alexandre, honesto e competente profissional de Jornalismo, com jota maiúsculo, sobre o nosso lançamento mais recente (TEMPO IMPRESSO), foi um desses momentos raros, que fazem a vida lastreada em trabalho e dignidade valer a pena.
Obrigado, amigo José Carlos Alexandre, prefaciador do nosso livro "O menino dos olhos maduros", pela amizade, pelo apreço, pela consideração!