História ultramoderna como se fosse no passado...

                                                                         Reprodução do Facebook

Roberto Auad (*)

Não resisti e tenho que contar uma história que presenciei ontem e atuei como advogado de 3 camaradas detidos e digo a vocês que não estou inventando nada, aconteceu mesmo.

Ontem, foi o lançamento da comissão da verdade de Minas Gerais, na assembléia legislativa e várias vítimas da ditadura militar, país de desaparecidos, torturados, perseguidos, familiares de desaparecidos e claro liberais progressistas como eu.

Aqui abro um parêntesis, pois a questão dos desaparecidos, foi a que mais me chocou, ao ver os olhos destes familiares, mortos pela ditadura, vi uma tristeza infindável naquelas pessoas, que sem qualquer reparo, tem o direito de enterrar os seus mortos, como é o costume da nossa cultura judaico/cristã.

Na praça da assembléia, tinha um grupo de apoiadores da volta da ditadura militar, escola sem partido e militantes desta anta de nome bolsonaro.

Os camaradas Pablo Lima, Warley Nunes, Jetro Taveiro e Ítalo Lima, terminada a solenidade, não ficaram para o tradicional cumprimento e bate papo final, entre os presente, devido a compromissos profissionais e educacionais, tiveram que passar pelos militantes fascistas e começaram a serem xingados de tudo quanto é palavrão, uns até que não conheço e olha que falo palavrão pra baralho.
Gritando histericamente:

Vai pra Cuba! Vai tomar no c..., viadinho, vagabundo, FDP, Volta para a bu... daquela cachorra que te pari... estas besteiras de gente que tem o Frota, como ícone de cultura.

Os meninos, não se intimidaram e viram uma faixa colada numa árvore próxima, que é crime ambiental e também proibido pelo nosso código de posturas municipais, foram lá e arrancaram a faixa e aproveitaram e rasgaram um cartaz que estava na lixeira, que também é proibido e o tirou dali, imagina caro leitos, óbvio que o retirou com toda delicadeza.

Os meninos, coitados receberam todo tipo de palavras de baixo calão e ficaram mais histéricas com a tomada da faixa e a retirada do cartaz da lixeira, diga-se, pública e recomeçaram:
Vai tomar no c... fdp! Vai tomar no c... comunistas! Vai tomar no c... vagabundo! Vai tomar no c... viadinho... e por ai foi. 

Digo a vocês, nunca vi uma turma gostar tanto de mandar os outros irem tomar no c..., mas no final vocês entenderão, como eu entendi.

Os fascistas tentam arrancar a faixa das mãos dos meninos e ela se rasga, pra quê!?

Viadinho, viadinho, viadinho, viadinho... vai tomar no c... viadinho, umas mil vezes.

Entre empurrões e ameaças dos fascistas, o Pablo, leva um empurrão mais forte e de novo, viadinho, tomar, vagabundo, comunista, bolivariano e já sem paciência, parte para cima do líder da manada e pela costas vem um fã do Alexandre Frota, e tenta dar um soco, sei lá, pois depois como disse descobri que o buraco é mais em baixo. Foi quando o Jetro, num relance rápido, o retirou com um safanão, afastando-o da possível agressão ao camarada Pablo. O Warley, segurou uns dois e olha que ele é um filósofo. 

Os dois frente à frente, vi ali uma porradaria das boas, aquelas antigas do tempo de adolescente e eu torcendo para ter logo um desfecho, pois aquele tanto de palavrão não dá, principalmente para mim que sou um liberal.

O fascista e idiota que mandava todo mundo tomar no c... e chamava os meninos de viadinho o tempo todo, olhou feio para o Jetro, e eu esperando uma cabeçada, um soco, um pontapé, um rabo de arraia e.....
Adivinhem!

Foi pra cima do jetro e unhou, unhou! Unhou! Unhou!

Gente! Unhou, acredita, pois é unhou.

Tanto que na delegacia o Jetro, todo unhado, disse ao inspetor, que colheu seu depoimento quando lhe foi perguntado se gostaria de fazer o exame de corpo de delito, respondeu que não, ao que com toda firmeza, respondi aos dois que ele iria sim fazer o exame e foi expedida a guia para o IML, fazer o exame.

Nesta hora não dei conta, pois os PMs, todos bolsomitos, deu uma zoada:

Pô gente! É sério mesmo é na unhada que vocês irão voltar com a ditadura e eleger o bolsobosta, assim mesmo que falei e tenho provas, pois a Maria da consolação, estava lá e foi a única pessoa que se solidarizou com o absurdo que foi a detenção dos meninos, afora o Willian Santos, que deu o primeiro atendimento, um oetista diferente, pois continua combativo, valoroso amigo e grande advogado.
Um dos PM, um sargento, virou-se e disse: - "" Este cara não conta e eu imediatamente, como não? É o mais radical e firmemente olhando nos olhos dele" .

Terminei minha madrugada na maior delegacia, respondendo-lhe com uma afirmação, morrendo de medo, mas fui firme:

- Eu sempre soube que este pseudo político chamado Bolsonaro e seus seguidores, tem este radicalismo todo, por único motivo, tem medo de saírem do armário. O cara ficou puto e saiu, olhando feio para os fascistas.

Depois eu conto sobre a história da cela e como ao final, os presos estavam tratando todos como camaradas e tendo a certeza de que tudo é culpa do capitalismo. Já disse que esta história de prender comunista não dá certo.

PS. A Maria da Consolação Rocha, me deu uma dura, por ter sido politicamente incorreto com os PMs e os bolsobostas, mas juro que vou melhorar, pois dá próxima vou é mandar os caras irem tomar no ...

PS 2 o meu avô por parte de mãe, em 1930, era do 12 RI e recusou-se a aderir a revolução e aguentaram o cerco dos PMs e das tropas federais por mais de 30 dias e aproveitaram bombardearam a cidade, esta história está no livro beira mar do Pedro Nava pegou uns anos de cana e só foi reabilitado quando o Brasil, tinha que optar por um lado ou outro na segunda guerra e ele só tratava seus companheiros do exército de camaradas .

(*) Roberto Auad é advogado e sindicalista. 

(Em 1º/09/2007)

(Com o Facebook)

Comentários