Com os comunistas não existe talvez

                          
José Carlos Alexandre

                                                                                              foto de J.C.Alexandre
Aconteceu na Casa do Jornalista, naquele salão do subsolo; grande, semiescuro, com pelo menos um ventilador enguiçado, portanto, fazendo falta num domingo de calor em BH. Foi um ato importante. 

O da comemoração do 96º aniversário do Partido Comunista Brasileiro.

Assentei-me no último lugar do auditório lotado. Por que o último? Não sei se li em obra de Napoleão Hill ou de outro autor.

Só sei que quem escolhe os últimos lugares não corre o risco de ter se ser convidado  a se retirar dos primeiros, para dar lugar a pessoas mais importantes...

De onde estava não conseguia ouvir bem todos os oradores...

As fotos ficaram um pouco prejudicadas mas estava tranquilo porque um dirigente do Comitê Central estava lá na frente de câmera nas mãos. Então poderia recorrer ao site nacional do PCB para "chupar" as imagens...

O primeiro prefeito do PCB desde a cassação do partido nos  anos 40, foi o então vereador Arutana Cobério Terena, que assumiu o comando de minha  BH querida (foi belo-horizontino honorário).

Ele é um dos veteranos do PCB, junto com o José Francisco Neres, o "Pinheiro" , ex-preso político, torturado na ditadura cívico-militar de 1964.

Arutana disse uma grande verdade histórica: "Com os comunistas do PCB não em talvez" ...

É para valer: "Vamos eleger". (Falava na eleição de deputados federais e estaduais na coligação PSOL/PCB)

Ainda que tenhamos que sair de madrugada para as portas de fábrica, pontos de ônibus, etc. O que me faz lembrar os primeiros anos de militância, lá por 1963...
No caso dele, de 1962...

É tempo suficiente para se  conhecer bem o PCB, com sua história de erros e acertos, traições e ressurgimentos quando mais ninguém acreditava  em sua história de imitação de fênix.

Terena é o mesmo humanista das vilas e comunidades; do período na Câmara de Vereadores; do tempo da magistratura e dos fins de semana como capitão de todos os portos.

Um comunista de todos os costados,  tal qual, por exemplo, Neres (ou Pinheiro).

E Neres, como sempre surpreende, lançou mão de seu instrumento para encerrar a parte de oratória  do 96º aniversário do PCB com a execução do hino de todo o proletariado mundial:" A Internacional", com o auditório cantando emocionado, alguns com as mãos para o alto, outros com os olhos bem molhados. 

Não é sempre que se pode lembrar dos primeiros operários que levaram adiante  o trabalho dos primeiros anarquistas, a acreditar que um dia  trabalhadores, camponeses e operários assumiram o poder no maior país do mundo e que era possível criar no Brasil um partido da classe operária.

E fazê-lo sair ileso apesar de massacres em duas ditaduras e da oposição e da sabotagem dos principais meios de  comunição.

De todos os peitos, a maioria jovens, subiram bem alto os gritos:

"Aqui é PCB." 

(A alta direção do PSOL e do PCB estava lá para falar de coligação, condenar a morte de Mariella: Juliano Medeiros, presidente do primeiro e Edmilson Silva Costa, secretário-geral do segundo).

Eu não fiquei para os drinques e salgadinhos.À saída para o jardim da Casa dos Jornalistas, quase caí...

Tem um ressalto...

Era hora de entrar no "Tornado" para ir embora...



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