Jornalistas são "Person" do Ano da revista "Time"


Profissionais perseguidos e atacados são os escolhidos da revista americana pela sua luta pela verdade, entre eles o saudita Jamal Khashoggi, assassinado há dois meses em Istambul.

   Em sua reportagem de capa "Os guardiões e a guerra pela verdade", a revista americana Time anunciou nesta terça-feira (11/12) que quatro jornalistas, incluindo o saudita Jamal Khashoggi, e um jornal americano foram escolhidos Pessoa do Ano de 2018. Segundo a revista, o grupo representa "uma luta mais ampla, de inúmeros outros, em todo o mundo", pela verdade.

Os quatro jornalistas escolhidos são Khashoggi, um notório crítico do príncipe herdeiro saudita, Mohammed bin Salman, e que foi assassinado em outubro por agentes sauditas em Istambul; a repórter investigativa filipina Maria Ressa, que chegou a ser presa e é uma crítica do presidente Rodrigo Duterte; e dois jornalistas da agência de notícias Reuters detidos em Myanmar há quase um ano, Wa Lone e Kyaw Soe Oo, que reportaram sobre as atrocidades cometidas contra a minoria muçulmana Rohingya.

O grupo inclui também um jornal, o diário Capital Gazette, de Annapolis, em Maryland, onde cinco pessoas foram baleadas e mortas em junho. Esta é a primeira vez que uma pessoa já falecida é escolhida. Os escolhidos aparecem em quatro capas diferentes para a mesma edição.

Segundo a Time, os escolhidos "são representantes de uma luta mais ampla de inúmeros outros em todo o mundo – até 10 de dezembro, pelo menos 52 jornalistas foram assassinados em 2018 – que arriscam tudo para contar a história de nosso tempo. Eles foram escolhidos por assumirem grandes riscos em busca de verdades ainda maiores, pela busca imperfeita, mas essencial, de fatos que são centrais para o discurso civil".

A Pessoa do Ano é escolhida pela revista desde 1927 e inicialmente se chamava Homem do Ano. A escolha reconhece a influência de uma pessoa ou ideia durante o ano em questão, para o bem ou para o mal.

Em 2017, a revista optou pelo movimento #MeToo, de combate ao sexismo e abusos sexuais. Em 2016, o escolhido foi Donald Trump, que acabara de derrotar a democrata Hillary Clinton na corrida presidencial.

Entre os cotados de 2018 estavam Trump e os presidentes da Rússia, Vladimir Putin, e da Coreia do Sul, Moon Jae-in, o promotor especial que investiga a interferência russa nas eleições americanas de 2016, Robert Mueller, e o cineasta Ryan Coogler, diretor do filme Pantera Negra.

Estavam listadas também a professora universitária Christine Blasey Ford, que denunciou o então indicado à Suprema Corte dos EUA, Brett Kavanaugh, por agressão sexual, a atriz Meghan Markle, que se casou com o príncipe Harry, e a Marcha por Nossas Vidas, organizada por estudantes que sobreviveram ao pior ataque a tiros numa escola americana.

Antes de ter divulgado a lista prévia, a revista Time fez uma enquete na internet para saber a opinião dos leitores sobre quem deveria ser escolhido Pessoa do Ano. O presidente eleito Jair Bolsonaro ficou na oitava posição, com 4% dos votos.

O primeiro lugar da enquete ficou com a banda sul-coreana BTS. Outros lembrados pelos leitores foram os meninos que ficaram presos numa caverna na Tailândia, o príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, e a ex-primeira-dama dos EUA Michelle Obama.

(Com a Deutsche Welle)

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