Professor vítima de desmandos

Zé de Castro

Quero te parabenizar pela excelência do texto que retrata muito bem a coragem e a altivez do nosso querido Massote contra os desmandosde toda ordem aí pelos lado oposto da serra do Curral del Rey. Além de incansável e combativo defensor das liberdades e contra a “indústria do condomínios” que se instalou em todos os cantos - o que é sempre denunciado pelo grupo que não aceita tamanho disparate em Nova Lima - minha doce e eterna “Congonhas do Sabarabuçu” - o Massoteé um dos últimos intelectuais da resistência popular e que jamais se renderá aos famigerados “donos da situação” - parta de onde partir, e mais especificamente no bairro Ouro Velho Mansões, como também no“Jardins de Petrópolis”, ou no Vale do Sereno, Jambreiro e outros.
O que se estabeleceu em Nova Lima, há muito tempo, é o que os Movimentos de Defesa Popular vem advertindo e alertando nossas autoridades, sobre a verdadeira pilhagem dos direitos individuais que se instaurou no País, através dessas famigeradas Associações de Condomínios, nitidamente montadas para enriquecer com golpes desferidos contra os incautos moradores de bairros urbanos…
E aqui faço um apelo ao amigo Carlinhos, prefeito da “Terra do ouro” para que reveja seus conceitos na proteção aos piratas da individualidade da antiga “feitoria” da Morro Velho e que não fique a favor da privataria condominial.
Sei também que o Movimento Nacional de Defesa Popular tem recebido centenas de E-mails dos moradores de bairros urbanos de todo o País queixando-se das arbitrariedades, falta de apoio da Municipalidade e desmandos a soldo de mineradoras e gente cheio da grana que insistem em sufocar o princípio básico da democracia - a sua individualidade. Fica aí registrado o meu abraço e o sentimento de solidariedade em conjunto ao Massote.
A luta continua, companheiro!
Giuseppe Moll Persichini

Veja abaixo o artigo do jornalista José de Castro sobre o incansável prof. Masote ................

SOS PARA O PROFESSOR MASSOTE

Quero deixar claro o seguinte: a vida do professor Fernando Massote está ameaçada. Dito isso, devo explicar. O que pode matar o líder deste blog não é o coração, que está renovado. O que o ameaça, é a violência dos ignorantes – essa, sem qualquer controle das autoridades de Nova Lima, onde ele mora.
É a ameaça daquele que se sente tão seguro, que ousa sair na porta de seu comércio na entrada do bairro Ouro Velho, quando o Professor passa de carro, para gritar: “Velho maluco! Filho da puta!” E que declara ao juiz, quando convocado para responder ao insulto, que tem uma lista de pessoas que o apóiam.Não é um, portanto. São dezenas, os inimigos do professor Massote. Uma turba. Ou uma milícia.Mas o que despertou a ira de tanta gente contra um homem de 67 anos,professor aposentado da UFMG?
É a luta dele contra a arbitrariedade. A arbitrariedade daqueles que,a qualquer custo, querem fechar aquele bairro tradicional,atribuindo-lhe ilegalmente a denominação de condomínio fechado e cobrando dos moradores uma taxa mensal de 350 reais.Fechado – extrema ironia! – para a proteção dos moradores. Proteção dada não pela Polícia Militar, como de seu dever, mas pela milícia.O método é antigo. É o mesmo dos barões assaltantes de estradas na Idade Média que ofereciam proteção aos aldeões em troca de pagamentos.É o mesmo das máfias italianas e das milícias nos morros cariocas.
A novidade, parece, é que esses novos milicianos contam com a omissãoda prefeitura de Nova Lima, do PT. É esta, sem dúvida, uma política suicida.Quando se voltam contra o professor Massote e sua resistência, eles talvez ignorem com quem estão lidando.Contra a ignorância, a informação. Quem é Fernando Massote?
Nascido em Campo Belo (MG) foi exilado na Europa durante o regime militar e lá formou-se em Filosofia pelo Institut Supérieur de Philosophie de I’Université Catholique de Louvain, na Bélgica.Fez doutorado em Ciência Política pela Università degli Studi di Urbino (Itália), com a tese A explosão social do sertão do Nordeste –1878 a 1940.
De volta ao Brasil depois da anistia aos perseguidos políticos, tornou-se professor de Política na UFMG.Aposentou-se em 2003, mas não desistiu de continuar ensinando política, agora aos brasileiros em geral, neste blog e em artigos de jornais, palestras e entrevistas às radios e televisões.Esses títulos, receio, não impressionam os ignorantes, pois estes nãosabem o que significam. Talvez se impressionem mais com a militância política de Fernando Massote.
O que vão ler a seguir evidencia,certamente, que este homem só tem medo da ignorância – mas não adesses pobres milicianos de Nova Lima. É por isso que temo por sua morte.Foi presidente da União Colegial de Campo Belo e depois em Belo Horizonte, ajudou a fundar a Ação Popular (AP). Foi presidente da combativa UMES-BH (União Municipal dos Estudantes Secundários de BELO HORIZONTE) e no primeiro dia do golpe militar, foi preso.Depois de várias prisões, em regime de liberdade condicional, fugiu do país pelo Porto de Santos. Até 1979, ficou exilado na Itália,Bélgica e França. Aproveitou esse tempo estudando filosofia e política. Em 1969, no auge da repressão, no governo Médici,trabalhou em São Paulo, com a Ação Popular.Na Itália organizou o CAB (Comitato di Lotta contro La repressione della ditattura militare in Brasile), com apoio das centrais sindicais CGIL, CISL e UIL e também foi articulador em Milão do Tribunal Russell para julgar os crimes da ditadura militar.Em 1980, filiou-se ao PMDB, na época o maior partido de oposição ao regime militar.Em 1984, foi coordenador do Movimento Carta dos Mineiros pelas Diretas Já.Foi membro-fundador do PSDB, mas se desfiliou após o desfecho da luta interna no partido, em 1992. Durante a Assembléia Constituinte foi eleito pela UFMG coordenador do Centro de Acompanhamento da Constituinte CEAC-UFMG, seguida pelas demais Instituições Federais de Ensino Superior (CEAC-MG).Em 30 de março de 2007 o professor Massote recebeu, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, o título de Cidadão Honorário da capital mineira.Examinando esse currículo, uma coisa é certa: os milicianos dos condomínios ilegais de Nova Lima têm motivos para se preocupar com o professor Massote, que se empenha agora em formar uma associação nacional para lutar contra esse tipo de “condomínio”.Outra coisa é certa: em seu recanto de aposentado no bairro Ouro Velho, ele jamais ficará calado, como naquele poema famoso (1), quando aqueles homens vierem para pisar as flores de seu jardim.Longa vida para o professor Massote!(*) - Jornalista(1)
O pequeno-grande poema em de Eduardo Costa ao poeta Maiakovsky, lembrado acima pelo texto de José de Souza Castro, muito citado no tempo da ditadura, anda hoje meio esquecido:...................

Na primeira noite
eles se aproximam
E colhem uma flor
De nosso jardim.
E não dizemos nada.
Na segunda noite,já não se escondem :
Pisam as flores,
Matam nosso cão,
E não dizemos nada.
Até que um dia,
O mais frágil deles,
Entra sozinho em nossa casa,
Rouba-nos a lua e
Conhecendo nosso medo,
Arranca-nos a voz da garganta.
E porque não dissemos nada,já não podemos dizer nada.

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