MENSAGEM AO MEU POVO

                                 
Mensagem a meu povo
14 de abril de 2012
"Ano 54 da Revolução"
Queridos compatriotas,
DE retorno ao mundo do absurdo, após uma breve visita à Pátria, que suscitou nalguns as mais diversas elucubrações — muitas dum nível de insanidade que apenas os detratores de nossa sociedade podem exercitar — é tempo de saldar uma dívida com nosso povo, através destas palavras. Não vão dirigidas aos que esperavam criticar-nos, antecipando que minha estada em Cuba se converteria num ato político e agora o fazem porque resultou num exemplo de discrição; nem aos que auguravam que não retornaria e agora buscam as mais dissímeis racionalizações porque o fiz. Trata-se do dever elementar perante um povo que recebeu como seu o alívio que significou este parêntese, muitos de cujos filhos, no melhor espírito solidário e generoso, esperavam acompanhar minha visita. Só devo-as a estes últimos.
Como bem foi informado, o pedido de minha viagem a Cuba teve um caráter humanitário, no âmbito da letra e do espírito da figura jurídica de liberdade supervisionada. Não se tratou nem dum favor nem duma exigência política, senão duma situação prevista pelas leis e cuja solução foi tramitada, no mais estrito apego às mesmas. No mesmo ânimo de respeito à legalidade que nos guiou, a partir do começo deste processo, era imprescindível que minha estada na Pátria não se convertesse em algo não ajustado à natureza de tal pedido. Nisso ia nossa palavra e se punha em jogo o espaço moral que os Cinco conquistamos, durante estes anos, nesta história.
Do anterior se desprende a pouca propaganda que se deu à visita, e que pode ter parecido surpreendente para alguns. Temos certeza de que esta explicação será compreendida por todos os que nos querem, e que percebiam em minha estada a possibilidade dalgumas demonstrações públicas de regozijo e alegria. As limitações que impôs a natureza de minha viagem fizeram com que isto fosse impossível, além do que se pôde propiciar espontaneamente, nalguns lugares em que minha presença era ineludível, por razões de obrigado agradecimento ou passadas vivências; acrescentando as restrições de tempo, dadas pelo encontro com minha família e partilhar com meu irmão doente; motivo direto de minha viagem.
De meus breves andares por nossas ruas e do contato espontâneo com parte de nosso povo, levo comigo lembranças inesquecíveis, que me servem de inspiração e me dão forças. De cubanos de todas as procedências recebi, nestes dias, um carinho fluente, sincero, respeitoso da condição de minha visita e da discrição que requeria, expresso em todas as maneiras possíveis. Sei que através de cada um desses compatriotas me estava chegando o afeto dos milhões que teriam querido estar informados de nossa estada. A todos — tanto os que me privilegiaram com seu contato como os que não — quero expressar meu profundo agradecimento, quer por suas manifestações de generoso respeito, quer por suas expressões de solidariedade e bons desejos para com meu irmão.
De retorno ao mundo do absurdo, disponho-me a continuar esta longa batalha porque se faça justiça em nosso caso. Era imprescindível que minha conduta em Cuba fosse de extrema moderação. Era impensável que não retornasse. Levo comigo no coração as intensas vivências destes belos catorze dias junto a meu povo, com o qual algum dia celebraremos o retorno dos Cinco.
Por enquanto a todos, em nome de minha família, chegue nosso mais profundo agradecimento.
E em nome dos Cinco, reitero-lhes que não lhes falharemos e seremos sempre dignos de vocês.
Um forte abraço.
René González Sehwerert

Comentários