Os méritos da ginástica mental


                                                              
Um grupo internacional de investigação estabeleceu os genes que determinam o risco de desenvolvimento de doenças mentais graves. Conhecendo estes genes, é possível, através de medicamentos, reduzir a probabilidade de ficar doente. 
Esta é a conclusão das investigações de 200 cientistas de todo o mundo, publicada na revista Nature Genetics. No entanto, os medicamentos devem ser acompanhados de ginástica mental, consideram os especialistas russos.
O grupo de cientistas, composto por investigadores de 100 institutos de vários países do mundo, procurava os genes que têm influência no desenvolvimento da esquizofrenia, da psicose maníaco-depressiva, da depressão e da doença de Alzheimer (demência senil).
Como mostrou um dos investigadores, Paul Thompson, professor de Neurologia na Universidade da Califórnia, “milhões de pessoas têm variações no seu ADN que ajudam a aumentar ou a reduzir a capacidade de defesa do cérebro contra um grande número de doenças. Quando determinamos este gene, podemos reduzir o risco de adoecer através dos medicamentos”, disse ele.
No entanto, nem sempre se consegue bloquear completamente a doença através apenas da luta medicamentosa contra a má hereditariedade. Todas as doenças mentais possuem uma base hereditária, afirma Karina Sarkisova, investigadora do Instituto de Atividade Nervosa Superior e Neurofisiologia. No entanto, cada uma das doenças tem a ver não só com os aspetos hereditários mas também com influências externas.
“Existem os fatores ambientais. As doenças psíquicas podem ser desencadeadas por doenças virais, por substâncias tóxicas, por stress. Nem todos os genes que temos se revelam, mas eles podem ser ativados por diversos fatores do meio”.
Para evitar as doenças, não seria mau que cada um tivesse o seu “retrato genético”, prossegue a investigadora. No entanto, a prevenção medicamentosa das doenças nem sempre é a melhor solução. Todos os remédios que são utilizados na profilaxia das doenças mentais possuem efeitos secundários. É necessário elaborar novos métodos de tratamento.
Por exemplo, no século passado, o fundador da Neurospicologia russa, Alexander Luria, propôs um método eficaz de tratamento das doenças neurológicas. Ele trabalhou com pacientes que tinham lesões cerebrais e provou que as funções destas zonas cerebrais destruídas podiam ser desempenhadas por outras regiões do cérebro. Alexander Luria criou um curioso método de ginástica mental.
“Nós não sabemos como manipular os genes”, diz a especialista em Psicofisiologia Valeria Strelets. “A doença pode ser evitada se criarmos à pessoa condições psicológicas confortáveis”.
Em primeiro lugar, é necessário melhorar a comunicação com os doentes, obrigá-los a falar dos seus sentimentos. Uma tal comunicação pode corrigir a autoimagem dos doentes de esquizofrenia, melhorar o comportamento de crianças desequilibradas, permitir aos portadores de autismo melhorar o contacto com o mundo exterior.
Há ainda outro método: a terapia pela Arte. Segundo alguns dados, Mozart padecia da síndrome de Tourett, com a sua característica tagarelice. A música era a sua terapia. A arte, a visão criativa do mundo, ajuda os doentes de Alzheimer a recuperar a memória, sublinha a doutora Valeria Strelets.
“Com o avançar da idade, as pessoas passam a ter menos quantidade de neurotransmissores, as substâncias que ligam os neurónios. Ora, para que haja uma atividade psíquica normal é preciso que as células nervosas comuniquem entre si. As emoções permitem ativar o cérebro”.
Existem outros métodos de tratamento das doenças mentais, por exemplo, através da dieta. A carência de serotonina, que regula as emoções, pode levar a depressões e a manifestações de agressão. Para que a serotonina chegue ao cérebro, é preciso glucose, algo doce.
De qualquer maneira, não se deve absolutizar qualquer um dos métodos de tratamento das doenças psíquicas. Atualmente, os cientistas vão acumulando fatos. Talvez dentro em breve estes fatos se agrupem em um quadro completo.(Com a Voz da Rússia)

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