França celebra os 850 anos da catedral de Notre Dame


                                                     
Um festival com um ano de duração vai celebrar, em 2013, o aniversário de 850 anos da catedral medieval francesa Notre Dame de Paris.
Situada na pequena Île de la Cité, em Paris, a catedral se ergue, altiva, rodeada pelas águas do rio Sena. Não é a igreja mais antiga, nem a maior ou a mais alta do mundo - mas muitos diriam ser a mais famosa.

Testemunha dos mais importantes eventos na história da França, desde sua fundação a catedral testemunhou o nascimento de 80 reis, dois imperadores e cinco repúblicas. Ela também assistiu, impassível, à participação da França em duas guerras mundiais.
Suas famosas gárgulas, que a protegem contra espíritos malévolos, viveram glórias e tragédias ao longo dos séculos. Por exemplo, Notre Dame foi saqueada e quase demolida durante a Revolução Francesa.
Mas o monumento, erguido em homenagem a Nossa Senhora - daí o nome, Nossa Senhora de Paris -, a tudo sobreviveu. E no ano que se aproxima será a estrela de uma série de eventos que celebram seu 850º aniversário.
Guerras santas
A catedral começou a ser construída em 1163 e só foi concluída 180 anos depois.
Mesmo antes de terminada, a obra em construção já atraía cavaleiros medievais que, durante as Cruzadas, iam a Notre Dame rezar e pedir proteção antes de partir para o Oriente.
Em 1431, com as obras já concluídas, foi entre suas paredes que um menino de dez anos, de saúde delicada - Henrique 6º, da Inglaterra -, foi coroado rei da França.
E em 1804, ao som dos tubos do grande órgão da catedral, Napoleão foi coroado imperador.
A música sempre cumpriu um papel fundamental na vida de Notre Dame. Isso pode ser comprovado por relatos em manuscritos medievais guardados nos arquivos da igreja.
Não é surpresa, portanto, que a música também esteja no centro das comemorações do aniversário.
No próximo ano, três corais vão reviver a música que se fazia em Paris naquele período, e que remonta aos primórdios do cristianismo.
Sinos de Quasímodo
 Alguns sinos de Notre Dame serão substituídos por novos (acima), feitos com métodos tradicionais
"Em 1163, quando começaram a construir a catedral, Paris tornou-se um centro de grande desenvolvimento intelectual, espiritual e musical", explica à BBC o diretor de um dos corais, Sylvain Dieudonne.
"A escola musical (parisiense) foi muito influente", agrega. "Sabemos, a partir dos manuscritos que encontramos, que ela influenciou a música (que se fazia) em toda a Europa - na Espanha, Itália, Alemanha e Inglaterra."
Mas a catedral de Notre Dame também é conhecida por um outro som, muito famoso: os sinos que tanto fascinam o personagem Quasímodo, do romance O Corcunda de Notre Dame, do escritor francês Victor Hugo.
O maior deles é Emmanuel, instalado na torre sul em 1685. Suas badaladas marcam a passagem das horas durante o dia. Emmanuel também badalou para marcar a liberação de Paris do controle alemão, em 1944.
Bolas de canhão e arquitetura
Neste ano, os sinos menores, da torre norte - que não são originais -, serão substituídos.
Os originais foram derretidos durante a Revolução Francesa para a fabricação de bolas de canhão. Os substitutos, fabricados no século 19, eram "desafinados".
Oito dos sinos novos estão sendo fundidos em Villedieu-Les-Poeles, na Normandia, a partir de métodos usados no Egito Antigo. Os moldes são feitos com crina de cavalo e esterco.
"(Essa combinação de materiais) dá ao sino um revestimento perfeito, muito melhor do que os feitos com areia e cimento", diz Paul Bergamo, presidente da fundição.
"Também estamos usando várias técnicas computadorizadas para afinar o som dos sinos", acrescenta. "Acredito que, quando terminarmos, este será o melhor carrilhão da França."
O festival de aniversário, com duração de um ano, não estaria completo sem uma celebração também da arquitetura da catedral. Notre Dame é considerada uma obra prima da arquitetura gótica.
Há planos, também, de se fazer melhorias na iluminação interna.(Com a BBCBrasil)

Comentários