MPF denuncia seis pessoas por trabalho escravo e exploração sexual em Belo Monte


                                                                      
O Ministério Público Federal denunciou seis pessoas ligadas ao caso da Boate Xingu, pelos crimes de trabalho escravo, tráfico de pessoas, exploração sexual, corrupção de menor e formação de quadrilha. Os acusados foram identificados pelas vítimas libertadas da boate em fevereiro, depois de operação da Polícia Civil do Pará..

A boate ficava nas proximidades dos canteiros de obras da usina de Belo Monte. O MPF instaurou uma investigação separada para apurar a denúncia de que a exploração sexual ocorria dentro da área declarada de utilidade pública pelo Governo Federal para a construção da usina hidrelétrica.

A denúncia já foi recebida na  Justiça Federal de Altamira, o que significa que as acusações do MPF tem fundamentos e os acusados se tornaram réus em ação criminal. O caso vai tramitar na esfera federal porque o crime de trabalho escravo é de competência federal. As nove vítimas só foram libertadas após a fuga de uma menor de idade que também foi traficada do sul do país e era impedida de sair da Boate Xingu.

Claci de Fátima Morais da Silva, Adão Rodrigues, Solide Fátima Triques, Moacir Chaves, Carlos Fabrício Pinheiro e Adriano Cansan podem ser condenados a penas que, somadas, variam entre 1 e 30 anos de prisão. Claci era a proprietária de uma boate em Santa Catarina, onde aliciou as mulheres, com apoio de Moacir Chaves, prometendo que elas ganhariam até mil reais por dia trabalhando na barragem.

As vítimas foram levadas de van de Santa Catarina até Altamira, uma viagem de cerca de quatro mil quilômetros. Ao chegarem na boate, foram recebidas pelo acusado Adão Rodrigues e pela mulher dele, Solide Fátima Triques. Elas foram colocadas em quartos precários, alguns com trancas do lado de fora. Adão e Solide estão presos desde fevereiro em Altamira.

“Além da precariedade das instalações, as vítimas foram colocadas em quartos sem janela e sem ventilação, o que se torna desumano, quando considerarmos as temperaturas locais e o fato de que o gerador de energia era mantido desligado após encerramento das atividades da boate”, diz a denúncia do MPF.

“Da esperança de lucro fácil, as vítimas tornaram-se objeto do lucro alheio. Além do aluguel do quarto em que dormiam, a cada programa pagavam comissão à boate. Adquiriam os produtos que necessitavam, em regra, diretamente dos denunciados, em cantina da própria boate, sendo obrigadas a se sujeitar a pagar, por exemplo, cinco reais por uma lata de refrigerante”, segue a narrativa, confirmada por depoimentos das vítimas.

As mulheres eram vigiadas para não saírem do local por Carlos Fabrício Pinheiro, gerente da boate, e Adriano Cansan, que atuava como garçom e segurança. Os dois também estão presos em Altamira. O MPF pediu a prisão preventiva de Claci e Moacir, que ainda não foram encontrados.
O processo tramita na Justiça Federal de Altamira, com o número 0000297-16.2013.4.01.3903.

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