Pela preservação do imóvel da Casa do Jornalista

                                               

Dinorah do Carmo está certa ao defender no jornal O Tempo a preservação do imóvel da avenida Álvares Cabral, 400, pertencente ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais. O jornal publica também opinião favorável da atual presidente do Sindicato, Eneida da Costa, à construção de um edifício no local. Opinião respeitável. Mas prefiro ficar com a da Dinorah, quando afirma:

"Sou pela preservação do imóvel da Casa do Jornalista de Minas, cujo proprietário é o SJPMG. Essa Casa, conforme proferi na última assembleia sobre a questão em nosso sindicato, não pode ser derrubada, pois é um ícone para a nossa categoria e para toda a sociedade civil. Ela mantém nossa identidade político-sindical, nossa identidade histórica, nosso profissionalismo e nossas lutas passadas, presentes e futuras.

Há uma fusão entre o sindicato representante da categoria jornalística e a Casa, que mantém o amálgama de nossas intenções, alicerçado nesse endereço enquanto imóvel e entidade. Pela Lei Rouanet e outras leis de incentivo cultural, podem-se fazer a reforma e a restauração do imóvel, que sofre a erosão do tempo, sem precisar negociá-lo com a iniciativa privada.

Concordo com o doutorando pela Unicamp em história sobre cidade, cultura e patrimônio professor Carlos Alberto de Oliveira. Ele afirma que "tombamento é um ato administrativo, e a trajetória e a memória dos agentes envolvidos na história da Casa do Jornalista, além do significado do imóvel nos âmbitos cultural e social, são argumentos fundamentais e justificáveis para que ela seja tombada". Portanto, pela salvaguarda e a preservação de nosso patrimônio, temos de impedir a derrubada do imóvel.

Não podemos ver jogada ao chão essa história de luta, de resistência e de testemunho de variados acontecimentos, representada pela Casa do Jornalista como "território livre" e "bastião da resistência", denominações ao tempo da ditadura, quando lá todos se manifestavam, sobretudo a partir de 1975, na gestão de Dídimo Paiva. Não podemos perder nossa memória histórica e nossa identidade como jornalistas e cidadãos que defendem as liberdades democráticas. Nossa identidade sociopolítico-cultural nasceu e foi criada dentro da Casa e do sindicato, na avenida Álvares Cabral, 400, no bairro Lourdes.

O bangalô do princípio da década de 50, com sua varanda em arco, é marca de uma conquista que só nos traz orgulho, gratidão e o dever de preservá-lo. Se temos essa propriedade em ponto nobre da cidade, tudo se deveu à iniciativa do então presidente do SJPMG, Virgílio Horácio de Castro Veado, ao conseguir para a categoria, em 1965, a doação pelo governo do Estado, então proprietário do imóvel, advindo de uma hipoteca. E, por ato assinado pelo então governador José de Magalhães Pinto, 
referendado pela Assembleia Legislativa, passou a ser propriedade de todos nós, jornalistas profissionais mineiros." (Com O Tempo de 22/03/2013)

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