Sindicato dos Jornalistas de Minas Gerais lança livro em homenagem a Celius Aulicus

                                                 

Em Belo Horizonte, os jornalistas mais experientes geralmente o conhecem. Já entre a  geração jovem o nome  Celius Aulicus Gomes Jardim praticamente não evoca lembranças. Nem mesmo quando é informada de que se trata de General, apelido com o qual ficou conhecido um dos mais versáteis e talentosos profissionais da imprensa brasileira, também escritor, poeta, humorista  e cozinheiro de mão cheia.  O apelido vem do pseudônimo General da Banda, com o qual assinava uma coluna de humor no extinto Binômio

Dono de um estilo elegante, por vezes crítico, irreverente e mesclado de humor, Celius Aulicus  foi um mestre em retratar o cotidiano de Belo Horizonte em suas crônicas, algumas das quais  reunidas no livro “Podem dizer que não falei de flores”, lançado em 1991.  Também se destacava pela ampla cultura geral.  Numa época em que não havia internet, era a ele que os colegas recorriam como fonte para esclarecimento de dúvidas sobre temas diversos para as quais havia sempre uma resposta correta.    
Com o propósito de resgatar sua obra e memória, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais vai lançar  dia 10 de setembro,  na abertura da  3ª Mostra de Arte dos Jornalistas Mineiros,  o  livro “Celius Aulicus, o muito amado General”.  

O livro contém parte do vasto legado deixado por Celius Aulicus  e depoimentos de parentes e pessoas que com ele conviveram. Desta lista fazem parte  Cyro Siqueira, Dídimo Paiva, Mauro Werkema, José Maria Rabelo, Dinorah Carmo, Hélia Ventura, Hiram Firmino, Mirtes Helena, Bley Barbosa, Délio Rocha,  Arnaldo Viana, Clara Arreguy, Beatriz Lima, Juliana Gouthier,  Cássius Jardim  (Bareta) e Júlia Jardim. 

A capa do livro é ilustrada por uma charge de Ziraldo em homenagem a Celius Aulicus    pelos seus 50 anos de militância jornalística comemorados em 1984. Naquela data, foi realizada uma festa intitulada “ Noite do General I”,  no Cine Santa Teresa, situado no bairro de mesmo nome em Belo Horizonte.  Na reprodução podem ser conferidas  assinatura dos vários colegas e amigos que foram prestigiá-lo.

Celius Aulicus é o jornalista homenageado da edição deste ano da Mostra de Arte que  será  realizada em Belo Horizonte de 10 a 20 de setembro, na sede do sindicato  (Av. Álvares Cabral, 400). A Mostra é um espaço para os jornalistas exibirem suas criações fora das redações, como pinturas, esculturas, fotos, culinária, desenhos, artesanato, música, literatura, dentre outras manifestações.  A  exposição será encerrada com uma feira  de arte culinária pelos jornalistas que gostam de cozinhar. A animação ficará por  conta dos músicos que também fazem parte da categoria.   

O evento tem apoio da Prefeitura Municipal de Belo Horizonte,  Secretaria da Estado da Cultura e Cachaça Coluninha. O patrocínio é do BDMG Cultural, Copasa, Cemig, CBMM e Revista  Ecológico.

                  O "GENERAL"

Celius Aulicus Gomes Jardim nasceu na terra de Juscelino, em 28 de outubro de 1918, sob o confuso signo de Escorpião, exatamente 15 dias antes do fim da Primeira Grande Guerra. Aliás, tem muita gente que afirma que ela acabou exatamente por causo disto: “Ficaram com medo que ele a avacalhasse”.

Estudou, ou melhor, matriculou-se em muitos grupos, ginásios, pré-médico (que era o único cursinho oficial daquele tempo) e em quase todas as faculdades de Niterói e em outras ainda piores.

Entrou para o jornal como repórter e logo passou a redator-secretário da “Revista da Semana”, no Rio, e secretário da oficina de diversos jornais.

Na “Última Hora” mineira chegou a escrever quatro colunas por dia, além de trabalhar na Rádio Inconfidência, “Jornal da Cidade”, de ser chefe de oficina do “Diário de Minas” e redator do “Binômio”, onde era o General da Banda.

Chegou a trabalhar, aos 14 anos, como tipógrafo. Aos 16, fez sua primeira reportagem no dia 17 de dezembro de 1934.

Contra a vontade, trabalha, ainda, até hoje. No “Estado de Minas”, assinava a coluna “O Homem Que Ri”. Continua na casa, como cronista e redator da 2ª Seção . É também o “Rossini”, dos ajantarados de domingo.

Começou em literatura infantil, escrevendo para a editora Comunicação e para a Universidade Popular da Manhã, da antiga TV Itacolomi. Também escreve contos e poesias secretas. “Aliás, ainda penso poesias até hoje, mas afasto logo os maus pensamentos”.

Este é Celius Aulicus, responsável por muitos jornalistas bons que ainda trabalham até hoje.

Autor: Délio Rocha (1982)



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