Desta segunda até o dia 1º de agosto a Comissão da Verdade ouvirá 21 pessoas sobre tortura e mortes no Rio de Janeiro

                                                               
                                                                                                               O Globo/Reprodução

Foram chamadas 21 pessoas para depor no Rio de Janeiro. Onze temas de interesse da CNV serão tratados, dentre os quais a Casa da Morte de Petrópolis e tortura e mortes no Doi-Codi do Rio, Base Aérea do Galeão e na PE da Vila Militar.

A Comissão Nacional da Verdade convocou 20 ex-agentes da repressão envolvidos com diversos episódios de graves violações de direitos humanos ocorridas no Brasil e no exterior entre 1964 e 1985 para prestarem depoimento no Arquivo Nacional, no Rio de Janeiro, entre 28 de julho e 1º de agosto. A vigésima primeira pessoa a integrar a lista foi convidada.

O objetivo da CNV é dar aos convocados a oportunidade de darem suas versões antes da conclusão do relatório final da Comissão, uma vez que todos estão citados em depoimentos de vítimas ou documentos relacionados à graves violações de direitos humanos.

Um dos convocados é o general reformado José Antônio Nogueira Belham, que comandava o Destacamento de Operações e Informações (DOI), do I Exército, em janeiro de 1971, quando o deputado federal Rubens Paiva foi morto por integrantes do DOI. Ele foi convocado para depor nesta semana em Brasília, mas alegou que estava em sua casa do Rio e o depoimento foi remarcado.

Assim como ocorreu em Brasília, a CNV convocou novamente agentes da repressão que haviam faltado quando chamados em outras ocasiões. Neste caso se enquadram Ubirajara Ribeiro de Souza, que teria integrado uma das equipes que atuava na Casa da Morte de Petrópolis, e Riscala Corbage e Celso Lauria, que atuaram no Doi-Codi do Rio de Janeiro.

Belham compareceu espontaneamente à CNV no início de 2013, entretanto ao ser convidado pela Câmara dos Deputados para prestar novos esclarecimentos sobre o caso Rubens Paiva, após a divulgação do relatório preliminar de pesquisa da CNV, em fevereiro deste ano, o general não compareceu.

Ubirajara e Lauria, por sua vez, alegaram problemas de saúde e apresentaram, respectivamente, um atestado e uma declaração, ambas emitidas pelo Hospital Central do Exército. Corbage não foi localizado pela PF da primeira vez que foi convocado.

Dos 21 convocados, cinco receberam a Medalha do Pacificador, uma das principais honrarias do Exército Brasileiro, mas que ficou marcada por ter sido concedida a inúmeros militares sob os quais recaem acusações de graves violações de direitos humanos durante a ditadura.

TEMAS – A Comissão Nacional da Verdade ouvirá os depoentes sobre graves violações aos Direitos Humanos ocorridas no Estado do Rio de Janeiro, mas também sobre casos ocorridos em outros estados e no exterior.

No Rio de Janeiro, os temas que são objeto dos depoimentos são as prisões, torturas, mortes e desaparecimentos ocorridos na 1ª Cia da Polícia do Exército da Vila Militar do Rio, na Casa da Morte de Petrópolis, no Doi-Codi do Rio de Janeiro, inclusive o caso Rubens Paiva, na Base Aérea do Galeão, inclusive o caso Stuart Angel e o atentado do Riocentro. Todos os temas já foram objeto de relatórios preliminares de pesquisa da CNV e de audiências públicas.

Conheça os relatórios preliminares de pesquisa da CNV aqui: http://www.cnv.gov.br/index.php/relatorios-parciais-de-pesquisa

Além dos episódios citados, os ex-agentes convocados também têm esclarecimentos a prestar sobre a prisão, tortura e morte de brasileiros no Estádio Nacional, no Chile, e outros episódios de conexão repressiva envolvendo colaboração com agentes daquele país, e com operações contra integrantes da Ação Libertadora Nacional (ALN), desencadeadas em São Paulo, que resultaram nas mortes de Iuri e Alex Xavier Pereira, e sobre o extermínio da Guerrilha do Araguaia.

Os depoimentos dos agentes da repressão convocados pela CNV serão tomados pelo coordenador da CNV, Pedro Dallari, e todos os demais membros da comissão: José Carlos Dias, José Paulo Cavalcanti Filho, Maria Rita Kehl, Paulo Sérgio Pinheiro e Rosa Cardoso.

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