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               Wikileaks: Embaixada dos EUA no Brasil alertou
                Washington sobre 'tortura brutal' no DOI-Codi


Dodô Calixto e Rodolfo Machado (*) | São Paulo - 21/08/2014 - 06h00

Documentos vazados mostram que governo norte-americano acompanhava manifestações de trabalhadores contra abusos durante ditadura militar
      
A embaixada dos EUA em Brasília alertou Washington sobre casos de “tortura brutal” e mortes no prédio do DOI-Codi (Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna) durante a ditadura militar brasileira, apontam documentos vazados pelo site Wikileaks.

Os relatórios revelam que o governo norte-americano acompanhava de perto o desenrolar das manifestações de trabalhadores contra mortes de presos políticos.
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Elaborado em janeiro de 1976, um dos documentos mostra que Washington foi notificado sobre protestos do Sindicato dos Metalúrgicos de SP após a morte de Manoel Fiel Filho, operário torturado nas dependências do DOI-Codi.
                                                       
“O Sindicato dos Metalúrgicos agendou uma manifestação para lembrar o sétimo dia da morte de Manoel Fiel (foto) nas mãos do DOI-Codi”, diz o documento classificado como “confidencial”.
Arquivo Condephaat

Imagem aérea do prédio do DOI-Codi na década de 1970: local foi centro de tortura na caçada de "infiltrações comunistas"
No mesmo relatório,  o nome do jornalista Vladimir Herzog, assassinado durante a ditadura militar, é citado como referência do local onde aconteceria a manifestação dos trabalhadores metalúrgicos.
“O ato será realizado às 9h na Igreja do Carmo, localizada a algumas centenas de metros da Catedral onde, incidentalmente, foi realizado o ato ecumênico pela morte de Herzog”, disse na ocasião a embaixada norte-americana.
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Com o título de “Tortura e Morte em São Paulo”, outro relatório datado de setembro 1975 aponta ocorrência de diversos casos de tortura brutal em investigações do Exército e da PM-SP sobre “infiltrações comunistas”.

“Um dos interrogatórios de prisioneiros acabou em fatalidade, com a morte de um oficial de 60 anos já aposentado”, descreve o documento.

DOI-Codi agora é patrimônio histórico

Alvo de torturas e da atenção do governo dos EUA na ditadura militar, o prédio do DOI-Codi(foto)foi tombado em janeiro deste ano pelo Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico do Estado de São Paulo).
                                    
Assista entrevista com Deborah Neves, historiadora responsável pelo laudo técnico que aprovou por unanimidade o tombamento das antigas instalações do centro do Exército, localizado na rua Tutoia, 921, no Paraíso, zona sul de São Paulo. (Com Opera Mundi)

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