Invenções russas que mudaram o mundo

                                                           

Ksênia Zubatcheva

Russos já tiveram muitas ideias geniais, mas devido a problemas econômicos e a um sistema jurídico e de patentes fraco, assim como pouca demanda do consumidor, algumas delas nunca se difundiram no país.

1. Paraquedas de mochila
                                     
                                                                                       Domínio Público
                                                              

Registros históricos mostram que, por séculos, os inventores matutaram sobre como fazer um paraquedas. Mas o primeiro paraquedas viável foi inventado pelo ator e dramaturgo russo Gleb Kotelnikov. Hoje, é seu paraquedas de mochila que é usado pelo mundo todo.

Kotelnikov teve a ideia de criar um paraquedas seguro e eficaz depois de testemunhar, em 1910, a morte de um dos primeiros pilotos russos, Lev Matsievich, que caiu de uma altura de 400 metros após seu avião quebrar no ar.

O ator tinha interesse por engenharia desde criança, e logo após a tragédia usou suas habilidades e conhecimentos para criar um sistema para que uma pessoa pudesse carregar um paraquedas dobrado nas costas que abrisse no ar quando necessário.

Os testes foram bem-sucedidos, mas o governo e o exército não se mostraram interessados no artefato, por isto o inventor decidiu vender seu paraquedas para a França, onde ele teve enorme sucesso.

Na Rússia, a invenção de Kotelnikov chamou a atenção do governo apenas com o início da guerra, em 1914, e mais ainda após a Revolução de 1917.

Em 1923, Kotelnikov efetuou melhorias em seu paraquedas. Ele morreu em 1944, aos 72 anos, mas ainda pode observar por algumas décadas como sua invenção fez uma diferença positiva não só para a Rússia, mas para toda a humanidade.

2. Filme fotográfico


                                                                                                            Rosphoto
                                               O fotógrafo inventor Ivan Boldirev.

Apesar de se acreditar que o primeiro filme fotográfico tenha sido produzido em 1885 pelo fundador da Kodak, George Eastman, o inventor russo Ivan Boldirev já havia criado a película alguns anos antes, em 1878.

Proveniente de uma família pobre de cossacos da região de Rostov, Boldirev mostrava interesse por mecânica desde a infância. Aos 19 anos de idade, ele se mudou para a cidade de Novotcherkassk, onde começou a trabalhar com fotografia, e, depois, para São Petersburgo, onde foi editor de fotografia e assistente de um fotógrafo.

Por dominar a arte da fotografia, ele teve que inventar algumas melhorias. Primeiro, teve a ideia de uma lente de foco curto que representava uma evolução em relação às análogos  então existentes em termos de abertura e ângulo.

Mais tarde, ele criou um filme fotográfico que era uma alternativa bem melhor em relação às placas de vidro, pesadas e frágeis, usadas pelos fotógrafos naquela época.

Seu filme não apenas era mais leve e fácil de transportar, mas podia suportar até a água fervendo.

Infelizmente, porém, seu revolucionário filme não ganhou muita atenção na exposição de 1882 em Moscou, e logo depois sua invenção foi ofuscada.


3-Torno com ferramenta de corte mecânico e carro de apoio

                                                                              Domínio Público
                                                                O torno de Nartov

                                                           
O primeiro torno de cortar parafusos foi patenteado em 1800 pelo britânico Henry Maudslay, considerado o fundador da tecnologia de máquinas de ferramentas. Suas invenções representaram um passo importante para o início da Revolução Industrial.

Mas Maudslay começou a desenvolver seu torno na década de 1780, ou seja, décadas depois de o inventor russo Andrêi Nartov criar tal máquina, que foi descrita em um livro seu de 1755. Não se sabe se Maudslay conhecia as invenções de Nartov, mas é possível que ele tenha visto um torno russo em exposição naquela época em Paris.

Proveniente de uma família de classe média, Nartov era um engenheiro talentoso, estudou na Escola de Matemática e Navegação de Moscou e, em 1712, chamou a atenção de Pedro, o Grande.

Ao longo dos anos, ele se tornou artesão pessoal deste tsar, viajando por toda a Europa, onde estudou, trocou ideias e apresentou seu torno. Em 1724, ele sugeriu que Pedro, o Grande criasse a Academia Russa de Ciências, da qual ele foi membro a partir de 1735.

O inventor criou 36 máquinas de ferramentas diferentes e chegou a planejar publicar um livro descrevendo todas elas, mas morreu antes disto, em 1756.

Muitas de suas invenções, porém, sobreviveram, entre elas a de uma bateria circular de disparo rápido, que pode ser vista tanto no Museu Hermitage, como no Museu de Artes e Ofícios de Paris.

4. Leite em pó


Em 1802, Ossip Kritchevski descobriu primeiro processo moderno para obter leite em pó preservando propriedades úteis do produto.

                                                                                                     Legion Media
Apesar de um produto parecido com um leite seco constar das histórias de Marco Polo da Mongólia no século 13, sua técnica era desconhecido e não era levada a sério.

Somente em 1802 o médico russo Ossip Kritchevski descobriu o primeiro processo moderno para obter leite em pó preservando as propriedades úteis e aumentando a vida útil do produto.

Então, Kritchevski trabalhava na cidade de Nertchinsk, na remota região de Zabaikalski - um local distante de São Petersburgo, originalmente fundado para o exílio de condenados.

Kritchevski era um dos poucos médicos que trabalhavam ali, esforçando-se muito para ajudar os necessitados, mas com uma falta de suprimentos médicos. O leite era um dos itens mais saudáveis ​​de que ele dispunha para alimentar as pessoas, mas não durava muito.

Assim, o médico buscava maneiras de aumentar sua vida útil. Por isto, ele criou uma tecnologia para fazer leite em pó por meio da evaporação de sua água.

Infelizmente, o inventor morreu em 1832 sem ver como sua inovação chegou a São Petersburgo. Muitos anos depois, ela chegou também à Europa, onde o inventor britânico T.S. Grimwade patenteou a tecnologia em 1855.

 5. Transporte autopropulsionado, o protótipo do carro

                                                                                                Domínio Público
                            Reconstituição do equipamento criado por Chamchurenkov.

Em 1752, o camponês e inventor autodidata Leonti Chamchurenkov criou a primeira carruagem autopropulsora de quatro rodas, um protótipo do primeiro carro. A invenção não só lhe trouxe fama, mas praticamente salvou sua vida.

No final da década de 1730, Chamchurenkov apresentou uma queixa contra o governador local por apropriação indevida de fundos estatais, mas os oficiais corruptos acabaram colocando o próprio inventor na cadeia. Não fosse por sua mente criativa, ele poderia ter passado décadas atrás das grades.

Em 1741, Chamchurenkov teve a ideia de uma "carruagem autopropulsora" que seria dirigida por dois "cocheiros". Mas foram necessários dez anos para que sua ideia ganhasse a atenção do governo.

Ele foi convidado a ir a São Petersburgo e, com o financiamento do governo, o projeto foi implementado com sucesso. O inventor recebeu 50 rublos como recompensa e começou a pensar em possíveis melhorias adicionais, por exemplo, um "relógio" especial para mostrar a distância percorrida, assim como a planejar uma "carruagem de inverno".

As ideias, porém, nunca receberam apoio do governo. E, apesar de a carruagem de Chamchurenkov ter sido criada antes da do renomado inventor francês Nicolas-Joseph Cugnot, que apresentou seu veículo em 1769, o nome do inventor russo nunca se tornou conhecido mundo afora.

6. Extintor de incêndio
                                                                                       Domínio Público
Professor de química russo inventou, em 1902, o extintor de espuma, usado até hoje

A espuma é a maneira mais eficaz de combater incêndios. Mas, até o início do século 20, não se sabia deste fato e os incêndios eram combatidos com água ou soluções salinas.

Foi somente em 1902 que um professor de química russo inventou o extintor de espuma, usado até hoje.

Nascido em Kishiniov (hoje, capital da Moldávia), Aleksander Loran estudou em São Petersburgo e Paris e se tornou um professor escolar na cidade de Baku (hoje, capital do Azerbaijão), que era um dos centros da indústria petrolífera russa na primeira metade do século 20.

Testemunhando muitos incêndios com petróleo difíceis de extinguir, Loran procurava maneiras de chegar a uma substância que pudesse combater efetivamente o fogo.

Depois de diversos experimentos, ele encontrou uma solução ao inventar uma espuma, que ele intitulou “Lorantina”. Mais tarde, ele a patenteou não só na Rússia, mas também no exterior.

Posteriormente, Loran criou uma empresa em São Petersburgo e passou a vender extintores de incêndio sob a marca “Eurica”.

(Com Russia Beyond)

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