Prisão de jornalista: guerra fria?


Igor Kudrin (*)
Até ultimamente, o nome de Vicky Pelaez, uma veterana do jornalismo peruano, residente nos Estados Unidos, só era conhecido pelo muito reduzido círculo de leitores do jornal “La Prensa”, editado em Nova Iorque em espanhol. Porém, logo depois de sua detenção pelos organismos de segurança estadunidenses, os quais a acusaram de atividades subversivas no interesse de Moscou, seu nome logo se tornou notório em toda a América Latina, sobretudo considerando que sobre seu marido Juan Lázaro, professor de uma Universidade americana detido juntamente com ela, também recai a absurda suspeita de espionagem contra Washington.
Foi como esse casal já idoso se viu atrás das grades à espera do julgamento e uma sentença severa por serem agentes de um grupo hostil operando contra os interesses dos Estados Unidos.
Para os latino-americanos, como também para os Russos e até para a maioria dos próprios cidadãos estadunidenses está claro que todo este escândalo bem no espírito da “Guerra Fria” foi de propósito. Acontece que há simplesmente nos Estados Unidos quem não agrade esta viragem para melhor nas relações entre Moscou e Washington, assim como a recente visita do presidente Dmitri Medvedev aos Estados Unidos e suas conversações com Barack Obama.
Já os colegas latino-americanos de Vicky Pelaez, os quais bem a conhece como jornalista e como pessoa chamam o que está ocorrendo com sua companheira de uma perseguição política, uma vingança pela coluna de jornal em que a jornalista esteve ao longo de vinte anos criticando duramente a política interna e externa da Casa Branca.
Ao comentar o assunto, o jornalista limenho Jesus Verde, que trabalha para a Emissora Rádio Programas do Peru, disse à “Voz da Rússia”: "Com efeito, recebi de Nova York a notícia sobre a jornalista peruana. Vicky Pelaez é suspeita de espionagem para a Rússia, tendo essa informação aqui produzido uma atenção geral e até umas declarações públicas. Por exemplo, o ministro da Defesa, Rafael Rey, disse que, embora não conhecesse todos os detalhes da prisão da jornalista peruana, supunha, no entanto, que a história de espionagem tivesse sido inventada; portanto, estava no aguardo de uns pormenores acerca de sua detenção".
Igualmente, Angélica Ocampo, mãe da jornalista, falou a verdade sobre o caso da filha. Essa senhora considera falsas todas as acusações contra Vicky e pede que não sejam causados prejuízos à detenta. Está prestes a contrar um advogado que desminta as declarações do Governo dos Estados Unidos, contra o qual sua filha teria sido alegadamente trabalhado ao longo de 20 anos.
Os políticos em Lima estão convencidos da inocência de Vicky Pelaez, exatamente como os políticos em Moscou têm a certeza de que as acusações contra os cidadãos russos que em épocas diversas se haviam instalado no território dos Estados Unidos não têm qualquer fundamento.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia declarou que eles não tinham cometido quaisquer ações voltadas contra os interesses dos Estados Unidos e que esperava da Parte americana a devida compreensão no caso em questão.
(*) Igor Kudrin é analista internacional da Voz da Rússia
(Imagem: AP/BBCBrasil/Divulgação)

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