Fórum Social Mundial Palestina Livre


                            

Entre os dias 29 de novembro a 1º de dezembro de 2012, a cidade de Porto Alegre (RS) sedia o Fórum Social Mundial Palestina Livre, que contará com a presença de 207 organizações de movimentos sociais, 36 países e entre 6 e 7 mil participantes. Nesta quinta-feira (23), as entidades que compõem a organização do evento divulgaram o manifesto que será distribuído no fórum.

O texto reafirma que “os ataques contra a faixa de Gaza tentam impedir as justas reivindicações por um Estado da Palestina independente e soberano e sua admissão na ONU, postergada há mais de 60 anos”. O texto sustenta também que “as agressões israelenses contra Gaza também visam beneficiar candidatos do governo que buscam a reeleição nas eleições de janeiro de 2013”.

Segundo o secretário geral da Federação Árabe Palestina no Brasil (Fepal), Emir Mourad, o fórum é de extrema importância porque é o “primeiro evento internacional desta magnitude com relação à questão palestina. O Fórum vai reunir uma série de personalidades internacionais tornando-se assim a expressão da solidariedade global pelos direitos nacionais do povo palestino, que são o direito ao retorno e à autodeterminação que são consagrados no direito internacional nas resoluções da ONU”.

Para a presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (Cebrapaz), é “fundamental que organizações do mundo inteiro venham prestar solidariedade à justa causa do povo palestino pela criação de seu Estado livre e independente”. Para a ativista, o reconhecimento do Estado da Palestina é fundamental para a paz no Oriente Médio e para “cessar o genocídio que Israel tem promovido durante anos” ao não cumprir as resoluções da própria ONU. Assim, “os movimentos sociais do mundo vão se reunir para trazer este apoio e colocar a necessidade urgente do reconhecimento do direto palestino de forma plena: o direito do retorno, e de viver em paz”.

No Fórum “o mundo vai dizer sim aos direitos dos palestinos. Vai dizer que Israel tem que parar de massacrar os palestinos e tem que aceitar as resoluções da ONU. Esse é o recado que o mundo vai reafirmar no Fórum Social Mundial Palestina Livre”, afirma Mourad.

De acordo com Socorro, a importância de esse evento ser realizado no Brasil reside no fato de que “temos uma grande comunidade do povo árabe e palestino que tem contribuído muito na formação de nossa cultura. Tem no Brasil uma cultura pacifista. Vivemos em paz com judeus, muçulmanos e palestinos. Além disso, o governo brasileiro tem colocado de forma clara a necessidade de reconhecimento do Estado palestino. O Brasil é, inclusive, um dos primeiros que reconhecem e garantem a embaixada da Palestina no país”.

Leia a íntegra do manifesto:

O Povo Palestino Tem o Direito de Ter o seu Próprio Estado, Livre, Democrático e Soberano! Estado da Palestina Já!

Enquanto o povo palestino vem insistindo por uma paz justa para o conflito, os sucessivos governos israelenses continuam não cumprindo as inúmeras resoluções da ONU, negando-se a negociar a paz com a retirada de suas tropas dos territórios palestinos ocupados. 

Os ataques contra a faixa de Gaza tentam impedir as justas reivindicações por um Estado da Palestina independente e soberano e sua admissão na ONU, postergada há mais de 60 anos. Esses ataques israelenses, assim como os anteriores, desviam a atenção da raiz do problema: a ocupação dos territórios palestinos, a construção e expansão dos assentamentos israelenses em territórios palestinos, a situação dos refugiados e o prolongado bloqueio econômico a Gaza, imposto desde 2007, que submete à fome esse pequeno território de 360 Km2 (um quarto da cidade de São Paulo) onde vivem mais de 1,7 milhão de pessoas; a ONU manifestou preocupação com a situação de calamidade em Gaza.

As agressões israelenses contra Gaza também visam beneficiar candidatos do governo que buscam a reeleição nas eleições de janeiro de 2013. Há uma tendência a ataques contra palestinos previamente a períodos eleitorais, como ocorreu em 2006 e 2008 e em muitas agressões anteriores.

Desde setembro de 2011, a Organização pela Libertação da Palestina (OLP), reconhecida internacionalmente como única e legítima representante do povo palestino, vem solicitando da ONU a admissão do Estado da Palestina como seu 194º membro pleno desta organização, tendo como fronteiras as linhas de 1967 e compreendendo a Faixa de Gaza, Cisjordânia e Jerusalém Oriental como Capital. 

Neste dia 29 de novembro, haverá uma nova votação desse tema, da qual esperamos ver aprovado. Cabe à ONU, com base no direito internacional e em suas próprias resoluções (em especial a 181, de 1947, que reconhece o Estado da Palestina), ratificar e admitir o Estado da Palestina como seu membro pleno.

Uma paz justa e duradoura para o povo palestino e os povos da região do Oriente Médio pressupõe o fim da ocupação israelense, a erradicação dos assentamentos, a eliminação do muro do Apartheid e o reconhecimento do direito ao retorno dos refugiados palestinos, tendo como base o Direito internacional e as resoluções da ONU – Organização das Nações Unidas.

Repudiamos o muro da Vergonha – que foi declarado ilegal pelo Tribunal Internacional de Justiça –, que hoje já tem cerca de 750 km de extensão e que proíbe a livre circulação de pessoas e produtos entre as cidades e vilas palestinas e confisca vastas áreas agrícolas dos palestinos.

Apoiaremos todas as mobilizações populares d@s palestin@s que lutam por seus direitos inalienáveis ao retorno, ao seu Estado e à sua autodeterminação. Nós, militantes de organizações representativas do povo brasileiro, afirmamos: apoiar o povo palestino é apoiar todos os povos em sua caminhada de paz, justiça e liberdade!

Ouçam as vozes do povo brasileiro: Estado da Palestina Já!

Porto Alegre, 29 de novembro de 2012.

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