Oportunidade para jovens cineastas: 34º Festival do Cinema Latino-Americano

                                                                 

Mireya Castañeda

 “O 34º Festival está dedicado por inteiro aos jovens, as próprias seções provam isso, há uma maré de cineastas jovens que rejuvenesceram o Novo Cinema Latino-Americano, e é nossa inspiração, abrir todas as janelas e as portas a essa explosão de jovens que há por toda a América Latina”.

A afirmação foi feita pelo fundador e presidente do Festival, Alfredo Guevara, em entrevista coletiva, prévia ao início do grande encontro (4-14 dezembro), realizada na sala Taganana, do Hotel Nacional, sua sede tradicional, e num breve contato posterior.

Guevara comentou como “passam e passam os anos e já estamos no 34º Festival, que teve a particularidade, com certeza inspirado e apoiado pela revolução cubana, de ser ininterrupto”. E apontou que agora “há dezenas de festivais por toda a América Latina, o que achamos maravilhoso, sem concorrência, é a chance de o cinema latino-americano encontrar os caminhos alternativos, de ser divulgado e chegar a nossos povos, porque ainda as salas costumam estar ocupadas por outro tipo de cinema”.

Na América Latina e em Cuba se está fazendo muito cinema, por parte de muitos jovens. Alguns filmes decididamente são bons, outros não, mas é preciso lutar por sermos justos. A América Latina está fazendo um esforço enorme pelo avanço do cinema, o que pode produzir senão é otimismo?, perguntou.

Precisou que para este Festival apresentaram-se 1.548 filmes de diversos países e formatos e foram escolhidos 566, de 46 países. Já o escritório de imprensa, que há vários anos dirige Marta Díaz, entregou uma informação detalhada de tudo o previsto.

Para o Concurso de Longas-metragens foram aceitos 21 filmes: Argentina (4), Brasil (3), Chile (3), Coreia do Sul (1), Cuba (3), Equador (1), Estados Unidos (1), México (3) e Uruguai (2).

Embora toda seleção seja injusta, destacamos as argentinas Días de pesca/ Carlos Sorín e Elefante Branco /Pablo Trapero; a brasileira Hoje /Tata Amaral; as chilenas Violeta foi para o céu /Andrés Wood e Não /Pablo Larraín; as mexicanas Post tenebras lux /Carlos Reygadas (Prêmio ao Melhor Diretor no Festival de Cannes 2012) e Depois de Lúcia /Michel Franco (a proposta mexicana aos Óscar e Goya) e a uruguaia 3 /Pablo Stoll Ward.

Outros 21 filmes estarão concorrendo, na categoria de Obras Primas: Argentina (4), Brasil (4), Chile (3), Colômbia (3), Cuba (2), México (3), Peru (1) e Venezuela (1).

Em ficção há que somar 20 médias metragens e curtas-metragens e três filmes fora de concurso, devidas a mestres do Novo Cinema Latino-Americano: os argentinos Fernando Birri (El Fausto criollo) e Eliseo Subiela (Paisajes devorados) e o mexicano Arturo Ripstein (As razões do coração).

A seguinte competição com maior número de títulos é a de Roteiros Inéditos, com 29, a de Desenhos Animados com 27, seguida pelo Documentário com 23 e Cartazes, 21.

Para esta edição, as homenagens foram dedicadas, em primeiro lugar, ao centenário do cinema de Porto Rico, mostrando assim, mais uma vez — disse Guevara — “nosso espírito profundamente martiano, pois José Martí apontou, mais de uma vez, que toda sua obra se inspira na independência de Cuba e Porto Rico”. Haverá uma grande Retrospectiva (42 filmes) e é esperada a presença do diretor Jacobo Morales (E Deus os criou…).

Homenagens, também ao centenário do italiano Michelangelo Antonioni (1912-2007), ao francês Cris Marker (1921-2012) e ao tcheco Jan Svankmajer, de 78 anos, “mestres incontestáveis nas quatro categorias que governam toda a história do cinema — a ficção, o documentário, a animação e o cinema experimental —, e ao japonês Kenji Misumi com seus Espadachins, donzelas e fantasmas.

São variadas as Seções fora de concurso deste enorme encontro cinematográfico anual, que faz com que sejam mais de 500 títulos, alguns deles: Panorama Latino-Americano (31 filmes), A hora do curta (36), Informativa documental (41), Feito em Cuba (57), Vanguardas (19), Cinema fantástico e de horror na América Latina (18) e Panorama Internacional (12).

Sempre muito esperadas são as mostras de cinema alemão (10 filmes), italiano (4), espanhol (13), canadense (10) e polonês (6) mais a recente inclusão De Hollywood a Havana, a Academia apresenta… já com o anúncio de Contra o tempo (Duncan Jones), As crianças estão bem (Lisa Cholodenko), Mães e filhas (Rodrigo García) e As crônicas de Nárnia: o leão, a feiticeira e o guarda-roupas (Andrew Adamson).

Após a coletiva, Alfredo Guevara aceitou outra rodada de perguntas, e uma delas foi acerca do conceito do Novo Cinema Latino-Americano: “Eu chamo novo cinema aos jovens, ao atual. Já daquela geração fundacional, alguns permanecem porque continuam fazendo cinema e cinema válido, existem; outros passaram à história ou não passaram”. O Novo Cinema Latino-Americano é a geração que está agora fazendo cinema, por isso ouso falar dele. Continuará sendo novo porque fomos aceitando as novas gerações, não lhes fechamos o caminho, são eles os donos do Novo Cinema Latino-Americano. Os que participamos de Viña del Mar, ideamos e impulsionamos este movimento, temos que aceitar que somos o passado, do qual sinto orgulho, mas o caminho é o presente e o futuro”.

Começa agora o árduo trabalho de selecionar, mas seguindo ao mexicano Reygadas e sua preferência pelos latinismos, não restaria mais que dizer carpe diem, (desfrutemos o presente). (Com o Granma)

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