Relatório aponta 117 violações contra jornalistas durante protestos de 2013

                                                                                 

                                                                      Crédito:Fernando Frazão/ AgBr



Após praticamente um ano dos protestos que tomaram conta do país, a ONG Artigo 19 divulgou em seu novo site o relatório “Protestos no Brasil 2013”, que faz um registro sobre a série de violações contra os jornalistas ocorridos durante os atos.

Com base em notícias da imprensa, o relatório contabilizou 696 protestos no país durante 2013, registrando 2.608 detidos e 8 mortes em circunstâncias relacionadas às manifestações. A análise também computou 117 jornalistas feridos e/ou agredidos, e outros 10 que foram detidos, além de destacar os principais abusos cometidos durante o emprego da força policial.

Crédito:Fernando Frazão/ AgBr

Manifestantes eram contra o aumento das passagens de ônibus

O levantamento levou em conta também as denúncias dos profissionais que cobriam as manifestações, como as táticas utilizadas pelos agentes de segurança para proibir indiretamente o registro das ações policiais durante os protestos. Também foram contabilizados os casos de jornalistas que foram intencionalmente atingidos pela polícia, que tinha a tentativa de impedir a cobertura e o registro da violência.
                                                                    
No texto, a ONG menciona a iniciativa da Secretaria de Direitos Humanos que realizou audiência pública no dia 25 de junho do ano passado para abordar o tema da violência contra jornalistas e as discussões que rondaram o encontro como o uso desmedido e exagerado de armas não letais e a falta de equipamentos de segurança.

O relatório propõe ainda uma reflexão sobre o contexto dos meios de comunicação de massa no Brasil, para entender a violência contra jornalistas partindo dos próprios manifestantes. "A mídia brasileira tem um papel simbólico de poder, sobretudo pela falta de pluralismo de pontos de vista e ideias apresentados e pelo monopólio da concentração de veículos nas mãos de poucos detentores", ressalta.

Segundo o relatório, em alguns momentos a mídia cobriu com parcialidade as manifestações, legitimando, em alguns casos, o uso da repressão dos agentes do Estado para frear os manifestantes. 

A cobertura

O documento indica que no início dos protestos de junho, os grandes veículos de comunicação fizeram uma cobertura, em sua maioria, negativa, que destacava apenas aspectos prejudiciais como os atos de vandalismo. De acordo com a ONG, a Folha de S.Paulo e O Estado de S. Paulo, por exemplo, publicaram editoriais que chamavam os manifestantes de baderneiros e vândalos, além de pedir maior atuação da polícia militar,o que influenciou a massificação dos atos. 

A repórter Giuliana Vallone, da TV Folha, atingida por uma bala de borracha no olho disparada por policiais militares da Ronda Ostensiva Tobias de Aguiar (ROTA) e o fotógrafo Sergio Silva que também levou um tiro de bala de borracha no olho, e acabou perdendo a visão, foram citados como exemplos emblemáticos de hostilidade.

Mídia alternativa

De acordo com a entidade, a mídia alternativa se aproximou do jornalismo cidadão e que alcançou notável presença na onda de protestos. Uma maneira interativa que mudou a própria atuação destes veículos, explica ao mencionar o grupo Mídia Ninja. "A relação dos meios de comunicação com os fenômenos populares é primordial para sua existência, fortalecimento e adesão popular", finaliza. (Com o Portal Imprensa)

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