Estas tais de Frentes de Esquerda merecem muita discussão. Entretanto acho difícil que elas se concretizem com o PT, hoje claramente um partido de centro-direita. Contudo, vejamos parte do artigo de um petista histórico, o governador Tarso Genro, publicado em "Carta Maior"

                                                                      

"Frente de esquerda na diversidade da esquerda

Tanto é possível avançarmos para um novo período de conquistas populares no Brasil, como é possível enfrentarmos uma regressão neoliberal clássica

Está formado, hoje, no Brasil um novo e fortíssimo centro político liberal de direita. Ele penetra, inclusive, num espaço significativo do centro democrático, traduzido no mais notável aparato hegemônico, jamais construído pelas elites brasileiras. Ele compõe-se de um conjunto de instituições empresariais e da sociedade civil, empresas de comunicação, setores de partidos e partidos de direita e centro- direita, articulados diretamente com grupos da “alta” intelectualidade na academia, na imprensa e nas organizações empresariais.

Este novo centro atende pelo nome de “Instituto Millenium”. Ele  torna irrelevantes os programas e as intenções dos partidos conservadores e de direita no Brasil, porque passa a “produzir”, não só as suas agendas políticas imediatas, cooptar e contratar os seus intelectuais e formadores de opinião, mas também passa a formar novos quadros. Orienta, também, os seus programas de governo, com o paralelo bombardeamento da política partidária, face à identidade (sempre seletiva),  que conferem à função pública (toda ela), como leito da corrupção e, aos partidos,  como seus canais organizadores.

Esta nova configuração da ação regressiva da direita brasileira está dentro da luta democrática. E ela visa, não só brecar conquistas populares “dentro da ordem”, como dizia Florestan Fernandes, mas também impor - por meios aceitos pela democracia e dentro da democracia política-  saídas econômicas, financeiras e políticas,  ao seu gosto e uso.

Em outras épocas o fizeram pelas mãos dos militares, contra as “reformas de base” e com a cristalização de uma sociedade de classes profundamente desigual. Como dificilmente, hoje, encontrariam grupos de militares dispostos a novas aventuras, estão se organizando, cada vez mais, para lutar pelos seus interesses pelos métodos democráticos. E o fazem legitimados pela mesma Constituição que dá espaços para as lutas da esquerda e da chamada extrema esquerda."

Comentários