Retomada das relações entre Cuba e EUA é uma "revolução", afirma Fernando Morais

                                                                    
"A Guerra Fria acabou hoje [ontem] às 15h01", declarou o jornalista Fernando Morais à Folha de S.Paulo. Para ele, que produziu dois livros sobre a vida em Cuba, a retomada das relações entre o país comunista e os EUA é uma "revolução".

A primeira vez que Morais esteve em Cuba foi em 1975, para fazer uma série de reportagens que lhe rendeu o livro "A Ilha". Desde então, aproximou-se do regime e retornou ao país todos os anos. 

Em 2011, o escritor publicou "Os Últimos Soldados da Guerra Fria", no qual conta a história dos cinco cubanos que estavam presos nos EUA sob acusação de espionagem.

Apesar de avaliar a medida como uma revolução, Morais pondera que o essencial, o embargo, ainda não chegou ao fim. "Obama, mesmo que quisesse, não poderia acabar com o bloqueio por decisão unilateral [depende do Congresso dos EUA]. O anacronismo ainda permanece", avaliou.

Segundo ele, a curta distância entre os países fará com que o turismo se torne ainda mais fácil. Com 6 milhões a mais de americanos, calcula-se um aumento na economia de US$ 15 bilhões, cifra que representa 25% do PIB de Cuba. "É importante do ponto de vista político porque degela as relações, acaba com essa idiossincrasia que não serviu para nada", opinou Morais.

Para o jornalista, o Brasil está bem posicionado na transição cubana. "Quem criticou o porto de Mariel, financiado pelo BNDES, agora vai ter que engolir. Mariel é uma cópia do processo que a China viveu, com a criação de zonas com leis específicas. A ativação vai transformar Mariel no entreposto mais próximo dos EUA em todo o mundo", acrescentou.

EUA e Cuba

Os presidentes dos Estados Unidos, Barack Obama, e de Cuba, Raúl Castro, deram início a um processo de reaproximação entre os dois países após mais de 50 anos de relações cortadas.

"O isolamento fracassou. É hora de uma nova abordagem", disse Obama em um discurso na Casa Branca, informou a BBC. "Estou ansioso para engajar o Congresso em um debate sério e honesto [sobre o fim do embargo]. Um comércio intensificado é bom para os americanos e para os cubanos."

Por sua vez, Castro disse, em Havana, que "os progressos alcançados demonstram que é possível encontrar solução para muitos problemas...devemos aprender a arte de conviver de forma civilizada com nossas diferenças".

O anúncio veio poucas horas depois da libertação, em Cuba, do americano Alan Gross, preso há cinco anos no país. Os EUA afirmaram que libertarão três cubanos condenados por espionagem, e estudam a abertura de uma embaixada em Havana nos próximos meses. (Com o Portal Imprensa)

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