Violência a jornalistas cresce e Fenaj defende criação de protocolo de atuação policial em manifestações

                                                                                     
                                                                       

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) lançou oficialmente sexta-feira (18) o Relatório da Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil – 2018. O documento constata crescimento de 36,36% no número de agressões a profissionais de imprensa em relação ao ano anterior. 


Durante o evento de apresentação do levantamento, a presidente da Federação, Maria José Braga, defendeu que o poder público e as empresas de comunicação adotem com urgência medidas para garantir a integridade dos profissionais. 


Entre as medidas defendidas pela Fenaj, estão a criação de um protocolo de atuação das polícias em manifestações públicas e a garantia, por parte das empresas de comunicação, de adoção de providências para diminuir os riscos para cada situação específica. 

"Essas medidas podem e devem variar. Em um caso pode ser necessário, por exemplo, a utilização de equipamentos de proteção individual. Em outro, pode ser melhor o jornalista não estar sozinho", afirmou a dirigente. 


Na última quarta-feira (16), o fotógrafo Daniel Arroyo, da Ponte Jornalismo, tornou-se uma das mais recentes vítimas da falta de protocolos de ação em atos públicos. 

O profissional teve o joelho direito ferido ao ser atingido por um tiro de bala de borracha disparado a curta distância pela Polícia Militar. O fato aconteceu durante uma manifestação popular contra o aumento da passagem dos ônibus.  

                                         135 ocorrências        
                                                            
O relatório da FENAJ revela que os casos de agressões a jornalistas cresceram 36,36%, em relação ao ano de 2017. Foram 135 ocorrências de violência, entre elas um assassinato, que vitimaram 227 profissionais. E os números mostram que esse incremento esteve diretamente relacionado à eleição presidencial e episódios associados a ela, como a condenação e prisão do ex-presidente Lula.

Eleitores/manifestantes foram os principais agressores, sendo responsáveis por 30 casos de violência contra os jornalistas, o que representa 22,22% do total. Entre esse grupo, os partidários do presidente eleito Jair Bolsonaro foram os que mais agrediram a categoria, somando 23 casos. Já os partidários do ex-presidente Lula, que não chegou a ser candidato, estiveram envolvidos em sete episódios.

A greve dos caminhoneiros (movimento com características de locaute) também contribuiu para alterar o perfil dos agressores. Com 23 casos (17,04% do total), os caminhoneiros ficaram sem segundo lugar na lista dos que cometeram atos de violência contra os jornalistas.

Caminhoneiros e eleitores/manifestantes foram os responsáveis pelo crescimento significativo do número de agressões físicas, agressões verbais, ameaças/intimidações e impedimentos ao exercício profissional.

Os jornalistas foram vítimas também de políticos, policiais, juízes, empresários, dirigentes/torcedores de times de futebol e populares. Além do assassinato, das agressões físicas e verbais, das ameaças/intimidações e dos impedimentos ao exercício profissional, houve ainda casos de cerceamento à liberdade de imprensa por decisões judiciais, censuras, atentados, prisão e práticas contra a organização sindical da categoria.

Para a presidenta da FENAJ, Maria José Braga, o crescimento da violência contra jornalistas é uma demonstração inequívoca de que grupos e segmentos da sociedade brasileira não toleram a divergência e a crítica e não têm apreço pela democracia. Segundo ela, é preciso medidas urgentes por parte do poder público e das empresas de comunicação para garantir a integridade dos profissionais.
                                                                     
Entre as medidas defendidas pela FENAJ, estão a criação de um protocolo de atuação das polícias em manifestações públicas e a garantia, por parte das empresas de comunicação, de adoção de medidas mitigatórias dos riscos para cada situação específica. “Essas medidas podem e devem variar. Em um caso pode ser necessário, por exemplo, a utilização de equipamentos de proteção individual. Em outro, pode ser melhor o jornalista não estar sozinho”, comentou.

Maria José também ressaltou o crescimento das ameaças/intimidações e agressões verbais praticadas por meio das redes sociais. Para a ela, esses casos também são graves e precisam ser denunciados, para que os agressores sejam identificados e punidos.


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