... E Fidel apareceu no Aquário




"O mundo vive entre duas tragédias, a da guerra e a do meio ambiente", diz o comandante Fidel Castro Ruz.

FALTAVA meia hora para o meio-dia de 15 de julho, quando Fidel chegou de surpresa à entrada do Aquário Nacional, envergando uma fresca camisa xadrez, com calça e sapatos esportivos, para travar logo uma breve conversa com duas garotas e um pequeno grupo de trabalhadores que lá se encontravam.
Fidel com as jovens treinadoras dos golfinhos
Após as boas-vindas sem protocolos, o diretor da instalação, Guillermo García, foi-lhe apresentando os membros de sua equipe de direção, a maioria composta por mulheres. "Trabalhar com mulheres é muito bom", comentou ao líder da Revolução, o qual retrucou: "e muito mais seguro".
Depois de rever com visível alegria fotos e recordações dos dias da reinauguração do Aquário, no ano 2002, e cumprimentar uma ampla representação dos trabalhadores, entre eles veterinária Celia Guevara March, filha de Che Guevara, com a qual teve uma conversa carinhosa à parte para saber da família, Fidel foi convidado a assistir o espetáculo submarino dos golfinhos, único de seu tipo no mundo.
Três golfinhos fêmeas, de sete anos de idade aproximadamente, são as estrelas do espetáculo que atrai mesmo antes de começar, quando os treinadores iniciam a comunicação com os animais no bordo superior da piscina de 500 metros cúbicos de água, munida com uma ampla janela de acrílico de 7,5 metros de altura, 14 de largura e 22 centímetros de espessura.
Fidel conversa com garotas que estavam visitando o Aquário.
O diretor do Aquário explicou a Fidel que, contrário às apresentações na superfície, em que fazem pausas frequentes para premiar a atuação dos animais com algum alimento, esta só tem como estímulo o momento prévio em que se produz essa comunicação de ambas as partes.
Por volta das 11h47 começou a impressionante exibição de 20 minutos aproximadamente, na qual três golfinhos e seus treinadores (duas garotas e um rapaz) entrecruzavam-se e dançavam, impulsados a partir dos pés pelos poderosos animais, cujo peso médio é de 150 quilos.
Visivelmente empolgado, Fidel não parou de fazer comentários e perguntas a seus anfitriões. A primeira questão, o tempo dos treinadores sob a água sem respirarem, uma média de um minuto a um minuto e meio, com intervalos de apneia de 30 a 40 segundos, o que constitui um exercício duro.
Para este espetáculo, certificado pela Associação Mundial de mamíferos marinhos como exclusivo de seu tipo no planeta, estão preparados oito treinadores, formados no Aquário cubano, os quais se revezam nas atuações.
Durante o verão, as apresentações deste show exclusivo se estendem até muito tarde — das 17h00 às 22h00 — incluindo, às vezes, as madrugadas quando se produz a visita de crianças com xerocitose pigmentar, um padecimento cutâneo que as impede de tomarem o sol.
Fidel também se interessou pela relação entre os treinadores e os animais e os possíveis riscos de ataque, muito raros, segundo lhe explicaram e só devido a erros humanos, porque os golfinhos são seres muito sociáveis que vivem em média 25 anos e podem atingir o dobro dessa idade em cativeiro.
Com a ajuda dos treinadores do outro lado do acrílico, os belos golfinhos cumprimentaram várias vezes Fidel criando aros de borbulhas e ficando de cabeça para baixo. Nessa altura, houve uma explicação do "sonar" que possuem estes animais e os quilômetros que pode atingir como uma sorte de ultrassom que fez com que fossem utilizados para detectar minas e em outras atividades militares.
Comentando depois outros detalhes, Garcia disse que receberam a visita de treinadores de vários países, entre eles alguns norte-americanos os quais reconheceram que em toda a América do Norte não existe nada igual e não conhecem que exista em outros lados.
"Parece que tampouco há golfinhos", lamentou-se Fidel, lembrando o profundo dano ao ecossistema propiciado por tudo aquilo que é jogado aos mares e que está afetando esta e outras espécies. Sua observação foi alicerçada pelos dados do diretor do Aquário, que falou do registro de mais de 200 golfinhos e cerca de 550 tortugas mortas, em consequência do vazamento de petróleo no Golfo do México.
"Há dois perigos tremendos, o perigo de guerra e o perigo para o meio ambiente", advertiu Fidel, se lamentando de que isso ocorre apesar da extraordinária acumulação de conhecimentos produzida nos últimos 60 anos, período no qual triplicaram todos os conhecimentos. Adiantou que está preparando uma Reflexão onde aborda estes temas e reiterou novamente sua advertência de que "o mundo vive entre duas tragédias, a da guerra e a do meio ambiente".
Depois das fotos com os treinadores e com o coletivo do Aquário, Fidel explicou a razão de suas primeiras perguntas em relação com o tempo dos treinadores sob a água, devido à sua experiência como mergulhador: "Sei o que é estar sem respirar e inalar o ar com cilindros de ar comprimido ou mergulhar sem eles".
A uma pergunta do diretor informou que algumas vezes chegou a superar os dois minutos sem respirar, mas sem fazer movimento algum. "Posso apreciar o que eles fazem, o que é a apneia e o que significa repeti-la". Também lembrou com emoção particular ter partilhado alguma vez seus mergulhos com golfinhos na baía de Naranjo, em Banes, na província de Holguín.
Já na despedida, interessou-se pelos dias em que o Aquário oferece funções — das terças aos domingos, das 10h às 22h, com descanso nas segundas — e o tempo de trabalho e descanso do pessoal, especialmente os que animam os espetáculos com os animais, com uma frequência de três vezes por dia, sob assessoria dos médicos de medicina subaquática do hospital Naval, no caso do show sob a água, cujo risco fundamental é a repetição da apneia.
Resumindo suas impressões da visita, Fidel qualificou o espetáculo visto como "algo muito sossegado, mais bonito que qualquer outro que tenha visto. Se alguém quer oferecer algo especial a uma pessoa pela qual sinta especial consideração, pode ser este show".
Na saída, praticamente todo o pessoal do Aquário e dezenas de visitantes se tinham congregado para comprimentar o líder da Revolução.
O Aquário Nacional de Cuba, fundado há exatamente 50 anos, em 23 de janeiro de 1960, conta com uma população de mais de 3 mil animais, deles 23 de mamíferos marinhos, oito golfinhos e 15 lobos marinhos, atração principal desta instalação que recebe uns 3 mil visitantes por dia e de 25 mil a 30 mil turistas cada ano. (Com CubaDebate/Divugação)

À propósiito, a primeira vez em que visitei Cuba, vinte anos atrás, uma de minhas visitas foi justamene ao Aquário Nacional, se não m eengano, situado no caminho do setor de embaixadas...Foi inesquecível, como tudo, aliás, em Havana. A começar pela Catedral, pelo Museu da Revolução, pela Praça da Revolução e o monumento a José Martí, pela Marina Hemingway e por Varadero. E pelo Parque Lenin, e pela Exposição Industrial e Comercial. E que dizer da Casa das Américas? Um local onde fiz questão de ir várias vezes... Mas o Aquário Nacional é um mimo imperdível.

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