Relações China-América Latina-Caribe muito ativas
Garcia Márquez teve dois livros lançados na China |
O ano que se encerra passa à história das relações entre China, América Latina e Caribe como um de muita atividade, reflexo de seu amplo conteúdo e expansão. Se novamente o conteúdo econômico sobressaiu no desenvolvimento destas relações, os políticos também tiveram seu protagonismo, apreciável nas visitas de importantes autoridades a uma e outra parte. Dessas últimas deve mencionar-se a realizada em abril pela presidente do Brasil, Dilma Rousseff, que assistiu a uma cúpula do Grupo Brics, integrado também por Rússia, Índia, China e a debutante África do Sul, entre outros foros. Nesses encontros, inclusive os encontros bilaterais, Brasília e Beijing ratificaram posições comuns sobre temas globais. As coincidências abarcaram a necessidade de reformas integrais do Conselho de Segurança da ONU com vista a fazê-lo mais eficiente e representativo, e do sistema financeiro internacional para que reflita as mudanças na economia mundial e garanta uma maior participação das nações emergentes e os países em desenvolvimento. Nessa ocasião assinaram-se cerca de 20 acordos de cooperação em setores como defesa, ciência e tecnologia, recursos hídricos, inspeção e quarentena, desporto, educação, agricultura, energia, telecomunicações e aeronáutica, entre outros. Dessa relação destacou o referido a compra de 35 aviões por parte da China, que muito contribuiu a um objetivo básico da viagem da presidente brasileira ao gigante asiático: avançar para a reciprocidade nas relações. Neste ano na China também esteve o presidente da Bolívia, Evo Morales, para impulsionar o projeto mediante o qual seu país disporá de um satélite de telecomunicações construído pela outra parte, e o premiê de Barbados, Freundel Stuart, quem regressou a casa com três novos acordos de cooperação. Enquanto, para as outras regiões viajou o vice-presidente Xi Jinping, que visitou Cuba, Uruguai e Chile com programas centrados no fortalecimento dos vínculos bilaterais. Também o fizeram o chanceler Yang Jiechi, o ministro do Comércio Chen Deming, líderes parlamentares, do Governo e o Partido Comunista da China, bem como altos oficiais de seu Exército. As relações registraram também a novidade de uma viagem do navio hospital Arca da Paz com escalas em Cuba, Jamaica, Costa Rica e Trinidad e Tobago, bem como a entrada em vigor de um tratado de livre comércio entre o país centro-americano e a segunda economia do mundo. A estes acontecimentos somaram-se dois importantes encontros: O III Foro de Cooperação Econômico-Comercial China-Caribe, realizado em setembro, e a V Cúpula Empresarial China-América Latina, em Lima, no mês passado. Na primeira dessas reuniões, o vice-chefe de governo Wang Qishan anunciou a concessão de mil milhões de dólares em empréstimos preferenciais aos territórios caribenhos para apoiar seu desenvolvimento econômico. A outra, com a participação de mil empresários e servidores públicos, reforçou as bases para ampliar a cooperação, inclusive investimentos. Vários exemplos podem ser mencionados para ilustrar a atividade e expansão destes vínculos. Um deles é Equador, cujas exportações não petroleiras a este país ultrapassaram os 148 milhões de dólares nos primeiros nove meses do ano, quando cresceram 130 por cento. Também pode se ver o de uma economia maior, Venezuela. A embaixadora Rocío Maneiro qualificou 2011 de excelente ano para as relações, critério que fundamentou com uma cooperação diversificada, incluída a financeira, próxima aos 40 bilhões de dólares. Nada surpreendente então ter visto aqui várias delegações governamentais e empresariais, das que chamaram a atenção as do México e Argentina por sua ampla participação, em busca de oportunidades para iniciar ou ampliar vínculos com vista a equilibrar e diversificar o comércio bilateral. O campo cultural registrou acontecimentos relevantes como os lançamentos de edições em chinês de Cem anos de solidão e Eu não venho a dizer um discurso, de Gabriel García Márquez, a presença nesta capital da sinfônica Juvenil de Caracas e o projeto "Pintemos o Equador", 34 obras de artistas chineses que viajaram a esse país com o citado fim. Sem esquecer que a República Popular Chinesa esteve entre os primeiros em saudar a constituição da Comunidade de Estados Latino-americanos e Caribenhos mediante uma mensagem enviada pelo presidente Hu Jintao a seu homólogo Hugo Chávez, anfitrião da reunião fundacional desse foro. Toda esta atividade nas relações bilaterais se realizou apesar de uma crise econômica internacional que persiste. |
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