Dez palavras russas famosas mundo afora

                                                                         

                                                                                                 Ilustração: Niiaz Karim
Aleksêi Mikheev, especial para Gazeta Russa


Termos como bábuchka, balalaika e bolchevique ultrapassaram as fronteiras russas e ganharam grafias próprias em outras línguas.


Bábuchka

Bábuchka (avó, em português) é a mulher mais velha em uma família composta por três gerações, cujo papel principal consiste em cuidar dos netos. A típica bábuchka usa óculos e passa os dias sentada na poltrona, tricotando meias de frio, ou no banco do lado de fora da sua casa, debatendo com as amigas da mesma idade sobre os diversos assuntos, de problemas globais a novidades da família. Em 2012, a banda Buránovskie Bábuchki, composta por seis idosas, conquistou o segundo lugar no festival de música Eurovision.

Balalaika                                                

Balalaika é um instrumento musical parecido com banjo em termos de estilo e forma de tocar, mas que possui três cordas em vez de quatro e um corpo triangular feito de madeira. Apesar de a balalaika ter sido mencionada pela primeira vez nas crônicas do século 17, é considerada um símbolo tradicional da Rússia. Nos os séculos 18 e 19, era o instrumento mais usado no interior russo, porém, em meados do século 20, perdeu a popularidade e virou um objeto do passado.

Bliní

Bliní são panquecas feitas de massa líquida, como um crepe. É um dos pratos tradicionais mais antigos, sendo preparado antes mesmo da chegada do cristianismo. Durante o período pagão, esse alimento representava o sol e fazia papel de rituais. Até hoje, essas panquecas são um dos pratos tradicionais do feriado de Maslennitsa, que marca o fim do inverno, assim como das reuniões em memória dos recém-falecidos membros das famílias russas. Como o processo de preparação de panquecas não exige muito tempo, o idioma russo possui uma expressão “fazer como bliní”, o que significa “fazer algo rápido e em grandes quantidades”. 

Bolchevique

Bolchevique é o termo usado para se referir aos membros do Partido Comunista, o único existente na União Soviética. A palavra nasceu em um dos primeiros congressos do Partido Social Democrata de Trabalhadores da Rússia, quando o grupo liderado por Vladímir Lênin recebeu a maioria de votos em um dos principais assuntos discutidos. 

Apesar de o grupo não ter obtido o mesmo sucesso em outras votações, a palavra ganhou a popularidade e foi atribuída a todos os aliados do futuro líder soviético. Após a divisão do partido em “bolcheviques”  (maioria) e “mencheviques” (minoria), o primeiro grupo ganhou maior apoio da população pela associação da palavra “maioria” com algo “melhor”.

Borsch

Borsch é um dos mais frequentes pratos para o almoço nas casas e restaurantes russos do mundo todo. Devido à presença de beterraba na lista dos ingredientes, a sopa possui não só sabor característico, como uma cor vermelha intensa. O prato de borsch é sempre acompanhado por uma colher de coalhada seca, alho e pequenos pãezinhos macios (“pampúchki”). Na verdade, a borsch remonta à cozinha tradicional da Ucrânia.

Gulag

Gulag é a abreviação para “Diretoria Geral de Campos de Prisoneiros”, criada na década de 1930. Lá, criminosos e presos políticos eram mantidos e usados para trabalhos pesados. Após o lançamento do livro “Arquipélago Gulag”, de Aleksandr Soljenítsin, a palavra virou o sinônimo de repressões políticas, já que a maior parte das vítimas eram condenadas a até 25 anos de prisão por crimes não existentes. Muitas vezes, as penas incluíam “10 anos sem direito de correspondência ao familiares” – o que, até certo ponto, também significava pena de morte em diversos casos. 

Izba

Izba era o tipo de casa dos camponeses russos montada com troncos de árvores inteiros e sem uso de pregos. Ao lado da entrada, encontrava-se o fogão, enquanto o canto oposto era ocupado por ícones e artigos religiosos. Os moradores não se importavam com os interiores simples das suas casas, o que confirma a expressão popular “o melhor enfeite de qualquer izba são as suas empadas”. 

O famoso provérbio russo cuja  tradução literal é “tirar o lixo da izba” significa significa “divulgar as brigas e escândalos internos”. No século 20, porém, a imagem da izba virou símbolo de atraso e, hoje em dia, o estilo do seu interior é utilizado na recriação de ambientes folclóricos em restaurantes, bares e cafés.

Nomenclatura

Na URSS, essa palavra indicava a presença de um grupo de funcionários públicos de alto escalão. Os candidatos à elite partidária precisavam ter uma “boa origem”, construir uma carreira na União da Juventude Comunista e ser aceito pelo Partido Comunista.

Samovár                                                      

Samovár é um recipiente metálico que possui uma pequena fornalha (geralmente preenchida com carvão) para aquecer água. Apesar de o samovár possuir a fama de símbolo tradicional russo, ele chegou ao país da Europa Ocidental apenas no século 18. A cidade de Tula abrigava os melhores fabricantes de samovárs, o que deu origem ao famoso provérbio russo “não se chega a Tula com o próprio samovar”. Nos tempos modernos, foi substituído pelo chaleiro tradicional ou elétrico.

Tsar

Tsar é uma versão reduzida da palavra latina caeser, introduzida ao vocabulário popular em 1547 por Ivan, o Terrível, e se refere ao título oficial do monarca russo. No período entre os anos 1613 e 1917, a Rússia foi comandada pela Dinastia Romanov, e o primeiro tsar chamava-se Mikhail Fiódorovitch. O último governante do país, Nikolai II, abdicou do trono em 1917 a favor do seu irmão mais novo Mikhail, que, mesmo seguindo o exemplo do Nikolai e recusando-se a ser o próximo monarca, é formalmente considerado o último tsar russo.

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