Hoje na História: 1979 - Sandinistas derrotam ditadura de Somoza na Nicarágua

                                                          
Nicarágua sofreu influência do Reino Unido e dos EUA, que interviu diretamente no país forçando criação da Guarda Nacional, cujo comandante se tornou ditador
      
A FSLN (Frente Sandinista de Libertação Nacional da Nicarágua) entra em Manágua, capital do país, vence a Guarda Nacional e assume o comando em 19 de julho de 1979, derrotando 45 anos de ditadura somozista. A Junta de Reconstrução Nacional tomou o poder e Tomás Borge, único fundador vivo da FSLN, dirigiu-se ao povo: “Começa agora uma guerra mais difícil. Contra a pobreza, a ignorância, a imoralidade e a destruição do país”.

Desde o começo do século XX, a economia nicaraguense baseava-se na exportação de produtos primários, em especial o café. Uma oligarquia rural ligada aos partidos Liberal e Conservador dominava o país. Devido a sua posição estratégica e possibilidades econômicas, o país era há muito objeto do interesse dos Estados Unidos.

A primeira intervenção direta norte-americana data de 1855 e a ocupação militar se deu de 1912 a 1925, quando o país passou da esfera de influência do Reino Unido para os EUA e de 1926 a 1933, a pretexto de restaurar a convulsionada ordem interna. Em 1927, pressionada por Washington, a Nicarágua firmou o Pacto del Espino Negro, que condicionava a desocupação à criação de uma Guarda Nacional.

O comando da Guarda foi assumido por Anastácio Somoza García. Três anos depois, em 1936, Somoza deu um golpe de Estado. A fim de consolidar seu poder, buscou sustentação no apoio da Casa Branca, na aliança com a oligarquia local e no controle absoluto da Guarda Nacional e do aparelho estatal.

A Nicarágua passa a viver um relativo crescimento econômico e diversifica a agricultura tradicional com a intensificação da cultura do algodão. Surgem novos setores burgueses nas cidades e no campo, consolida-se o modelo agrário-exportador e intensifica-se a concentração fundiária, com a expulsão dos camponeses de suas terras.

O desenvolvimento capitalista não foi acompanhado pela evolução das instituições do Estado, mantendo-se a ditadura nos moldes oligárquicos tradicionais, com todo um sistema de violências e arbitrariedades. Em 1956, Somoza é assassinado. A presidência passa a ser ocupada pelo filho mais velho, Luis Somoza Debayle, e a Guarda Nacional pelo filho caçula, Anastácio Somoza Debayle.

Em 1972, um terremoto atingiu o país, destruindo quase todo o setor industrial de Manágua, deixando milhares de mortos e feridos. A família Somoza aumenta rapidamente seu patrimônio, lançando mão dos recursos que vinham do exterior para a reconstrução. Aproveitando-se da miséria e do caos econômico, os Somoza adquiriram grande quantidade de propriedades da periferia de Manágua e organizaram empresas imobiliárias e de engenharia, praticamente monopolizando a compra, venda e construção de imóveis.

Surgimento da FSLN

Diante do absoluto predomínio econômico dos Somoza, a oposição burguesa a eles se divide em dois blocos: um, liberal, em torno do diretor do tradicional jornal La Prensa, Chamorro Cardenal, formando a União Democrática de Libertação; o outro, conservador, cria o Movimento Democrático Nicaraguense. Em 1978, Chamorro é assassinado, episódio que teve grande repercussão. As facções resolvem se unir na Frente Ampla de Oposição, para a qual convidaram ainda uma representação da FSLN.

A FSLN tinha sido criada em 1961 por Carlos Fonseca Amador, Carlos Borge e Silvio Mayorga. Com origem em movimentos estudantis dos anos 1940 e 1950 e inspiração na grande resistência popular das décadas de 1920 e 1930 contra a aliança entre a oligarquia nacional e os interesses imperialistas, a FSLN, sob o comando de Augusto César Sandino, travou uma luta de 18 anos contra os Somoza e sua Guarda Nacional.

Após sofrer várias derrotas, garantiram apoio rural e urbano. Nas ações de 1966-67, expropriaram bancos e justiçaram um torturador da Guarda Nacional. Em 1974, invadiram uma festa em homenagem ao embaixador norte-americano e tomaram importantes convidados como reféns, que foram trocados por presos políticos e dinheiro. Em 1978, a FSLN tomou o Palácio Nacional, fazendo cerca de 2 mil reféns, ação que desmoralizou a Guarda Nacional.

No começo de 1979, após seguidas vitórias, deu-se a ofensiva final e Anastácio Somoza teve que fugir do país. Em 19 de julho, as tropas da FSLN ocuparam Manágua, derrocando o Estado oligárquico.

(Com Opera Mundi)

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