Albert Parsons, August Spies, Samuel Fielden, Michael Schwab, Adolph Fischer, George Engel, Louis Lingg, foram condenados a morte e um, Oscar Neebe, a quinze anos de prisão. Estes nomes devem estar presentes na lembrança de todos os trabalhadores. São os Mártires de Chicago

                                                                         
"O 1º de Maio - dia de resistência e luta - deve ser uma manifestação pública, que mostra a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras na construção do Projeto Popular", escreve Marcos Sassatelli, frade dominicano, doutor em Filosofia (USP) e em Teologia Moral (Assunção - SP) e professor aposentado de Filosofia (UFG).

Eis o artigo.
                                                   
O 1º de Maio - como Dia Internacional do Trabalhador e da Trabalhadora - “surgiu em 1886, quando trabalhadores americanos da cidade de Chicago, no dia 1º de Maio, saíram às ruas para lutar por melhores salários, redução da jornada de trabalho (de 13 para 8h diárias) e melhores condições de trabalho. Os patrões, a elite política e a polícia reprimiram o movimento prendendo, ferindo e assassinando alguns trabalhadores”.

O movimento espalhou-se rapidamente. No ano seguinte, em 1887, “esse dia foi marcado por protestos e lutas em muitos países; em 1889, entidades de trabalhadores de diversas partes do mundo, reunidos em Paris (França), decidiram transformar o 1º de Maio no dia de homenagem aos trabalhadores de Chicago e de protesto e conscientização da luta dos trabalhadores por direitos sociais e trabalhistas, pelo direito à sua livre organização e por liberdades democráticas”.

No Brasil, “o 1º de Maio passou a ser comemorado a partir de 1917 quando trabalhadores resolveram parar o trabalho para reivindicar direitos. Em 1924, por meio da pressão dos trabalhadores, o presidente Artur Bernardes decretou feriado oficial”.

O que significa comemorar o 1º de Maio hoje? “Em todo o mundo, as contas da crise do capitalismo estão sendo jogadas nas costas dos trabalhadores: menos direitos trabalhistas, salários e serviços públicos; e mais jornada de trabalho, subemprego e desemprego”.

No Brasil, “desde o Golpe de Estado e a posse de Temer, realizados pelos patrões, políticos conservadores e imprensa, aumentaram os ataques aos direitos dos trabalhadores. Mais do que nunca é preciso que o 1º de Maio venha a ser um momento de resistência: fortalecer os movimentos e lutas dos trabalhadores; construir a unidade dos trabalhadores do campo e da cidade; revogar a Reforma Trabalhista e a Lei de Terceirização; exigir saúde, educação e transporte público de qualidade; e defender as liberdades democráticas!” (Fórum Goiano Contra as Reformas da Previdência e Trabalhista. Jornal da Classe Trabalhadora - Ano 2 - Número 4 - Abril de 2018)

Temos hoje no Brasil dois Projetos Sociais (sócio-econômico-político-ecológico-culturais). De um lado, o Projeto Capitalista Neoliberal: o projeto dominante, que - por ser um projeto estruturalmente iníquo e perverso - exclui, descarta e mata. De outro lado, o Projeto Popular: o projeto alternativo, que é necessariamente inclusivo, faz acontecer a sociedade do bem viver e é um projeto em construção.

O 1º de Maio - dia de resistência e luta - deve ser uma manifestação pública, que mostra a unidade dos trabalhadores e trabalhadoras na construção do Projeto Popular. Para fortalecer essa unidade, precisamos criar uma Frente Ampla Nacional Popular (uma Frente de Frentes), que saiba valorizar as diferenças, que seja capaz de incorporar (fazer suas) propostas vindas das diversas Frentes (Frente Brasil Popular, Frente Povo sem Medo, Frente de Esquerda e outras) e que consiga - através do diálogo - definir objetivos comuns.

Hoje, as propostas, que surgiram - e continuam surgindo - nos encontros das diversas Frentes Populares e que contribuíram - e continuam contribuindo - para dar passos concretos na construção do Projeto Popular, deveriam ser assumidas pela Frente Ampla Nacional Popular como suas bandeiras de luta. Entre elas, destaco duas.

Primeira: a necessidade de retomar, no Brasil inteiro, o Trabalho de Base nas Comunidades (sobretudo das periferias das grandes cidades e do meio rural), nos Sindicatos de Trabalhadores e Trabalhadoras, nos Partidos Políticos Populares e nos Movimentos Sociais Populares, utilizando a metodologia da Educação Popular Libertadora (Paulo Freire). O Trabalho de Base - mesmo que em determinadas situações conjunturais possa ser intensificado em forma de mutirões - deve ser continuo e permanente para que os/as militantes façam a experiência da troca de saberes e da vida compartilhada. Os militantes se formam na práxis: prática e teoria.

Segunda: a realização - em etapas locais, municipais, estaduais e nacional – do Congresso do Povo (proposta que surgiu na 2ª Conferência Nacional da Frente Brasil Popular - 9 e 10 de dezembro/17).

O Congresso do Povo - como processo - é um espaço para que o povo, livre e publicamente, possa se manifestar e dizer, alto e bom som, o que pensa e o que quer, em todas as situações sociais (sócio-econômico-político-ecológico-culturais), como - por exemplo - em tempo de eleições. O Congresso do Povo surge como uma necessidade do Trabalho de Base e, ao mesmo tempo, o fortalece.

O Trabalho de Base e o Congresso do Povo completam-se mutuamente e são - sobretudo hoje - o caminho para fazer a experiência que outro mundo é possível, para lutar contra toda injustiça e violação dos Direitos Humanos do sistema vigente e para construir, com o povo e para o povo, o Projeto Popular.

Os cristãos e cristãs, que acreditamos no Projeto de Jesus - o Reino de Deus na história - em nome de nossa cidadania e de nossa Fé, deveríamos estar sempre na linha de frente de todas as lutas por um mundo novo.

Para aqueles e aquelas que acham que participar dos Movimentos Populares não tem nada a ver com a Fé cristã, lembro o convite do Papa Francisco.

“Soube que são muitos na Igreja aqueles que se sentem mais próximos dos Movimentos Populares. Muito me alegro por isso! Ver a Igreja com as portas abertas a todos vocês, que se envolve, acompanha e consegue sistematizar em cada Diocese, em cada Comissão ‘Justiça e Paz’, uma colaboração real, permanente e comprometida com os Movimentos Populares. Convido-vos a todos, bispos, sacerdotes e leigos, juntamente com as organizações sociais das periferias urbanas e rurais, a aprofundar este encontro” (Discurso do Papa Francisco aos participantes do 2º Encontro Mundial dos Movimentos Populares. Santa Cruz de la Sierra - Bolívia, 09/07/15).

Venham todos e todas participar do 1º de Maio unificado, da resistência e da luta! Praça Universitária (Goiânia - GO), a partir das 14 horas! Conheça a programação do 1º de Maio em sua cidade!

(Com o Instituto Humanitas Unisino)




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