Perigo a ser combatido

                                                                                                                                                                                                                                                      Foto da Jornalista de BH Fátima de Oliveira  
Memorial do Holocausto, em Berlim
   
Estudo denuncia avanço do antissemitismo no mundo

Relatório divulgado pelo Kantor Center, de Tel Aviv, detecta sentimento de insegurança na comunidade judaica europeia, causado por uma atmosfera antissemítica alimentada tanto pela extrema direita quanto pela esquerda.

Um relatório global sobre antissemitismo, divulgado nesta quarta-feira (11/04) pelo centro de estudos Kantor Center, da Universidade de Tel Aviv, detectou um sentimento dominante de insegurança entre os judeus que vivem na Europa, "que se tornou mais intenso depois do assassinato de duas mulheres em suas residências em Paris".

Em decorrência disso, afirma o estudo, muitos judeus estão evitando usar símbolos religiosos que os identifiquem em público ou mesmo frequentar sinagogas em feriados judaicos.

"Dezenas de milhares de judeus se mudaram, dentro da França, em anos recentes", configurando um êxodo interno. Segundo o estudo, eles justificaram sua decisão com as palavras: "Tivemos de nos mudar porque somos judeus".

"A atmosfera antissemítica se tornou uma questão de debate público", afirma o relatório, que situa o tema "dentro de um triângulo formado pelo constante avanço da extrema direita, um discurso de ódio antissionista na esquerda, acompanhado de duras expressões antissemíticas, e o islamismo radical".

O relatório detectou um moderado recuo nos casos de violência antissemítica de 2016 para 2017, mas afirma que esse recuo é "ofuscado por um aumento dramático em todas as formas de manifestações antissemíticas, muitas das quais nem mesmo são relatadas, principalmente ameaças em escolas e nas mídias sociais".

O relatório também afirma que expressões do antissemitismo tradicional clássico estão de volta, mencionando como exemplo o uso da palavra judeu como um palavrão.

"Ainda não há uma resposta clara a questões se a ascensão de partidos de direita eurocéticos e anti-imigração está causando mais antissemitismo, ou se os recém-chegados à Europa de 2016 elevaram o nível de criminalidade e antissemitismo em 2017."

Os últimos meses de 2017 – e também os primeiro de 2018 – foram claramente marcados por incidentes de violência antissemítica, afirma o Kantor Center, apontando que o polêmico reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel, feito pelo presidente dos EUA, Donald Trump, foi frequentemente usado como pretexto para tais ataques, em todo o mundo.

"Esses incidentes não necessariamente se originam de círculos e países muçulmanos ou árabes, mas de uma variedade de círculos e países, da maior parte do espectro político, incluindo grupos de esquerda", afirma o relatório.

O documento afirma que o recente fortalecimento da extrema direita em vários países da Europa foi acompanhado por slogans e símbolos que lembram o período de 1930, apesar das diferenças significativas entre os dois períodos.

O Kantor Center ressalvou que a ascensão política e eleitoral da extrema direita não deve desviar a atenção do crescente antissemitismo na esquerda, "que apoia atitudes muçulmanas radicais contra Israel, e certamente no Partido Trabalhista britânico liderado por Jeremy Corbin".

"Quanto mais o tempo passa, e a Segunda Guerra Mundial e o Holocausto se tornam um passado distante, mais cai o comprometimento com Israel e a segurança judaica, especialmente entre as gerações do pós-Guerra", afirma o relatório.


O MEMORIAL DO HOLOCAUSTO

Normalmente, monumentos celebram heróis de uma nação. O Memorial do Holocausto de Berlim é exatamente o oposto. Ele é, como afirmou o famoso escritor Martin Walser, em 2011, "o primeiro monumento construído por um povo em memória de seus crimes". A construção recebe diariamente milhares de pessoas e fica 24 por dia aberto ao público.

(Com a Deutsche Welle)

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