Caso dos nove chineses expulsos do Brasil em 65 é tema de audiência no Rio

                                                                  
A Comissão Nacional da Verdade e a Comissão da Verdade do Rio realizam, nesta sexta-feira (26/9) uma audiência pública sobre o caso de nove chineses que, em 1964, foram presos pela ditadura militar brasileira e torturados no Dops. 

Eles eram funcionários do governo da República Popular da China e chegaram ao Brasil entre 1961 e 1964. O grupo veio a partir das negociações bilaterais iniciadas no governo do então presidente Jânio Quadros. 

Em 22 de setembro de 1964, os chineses foram condenados a dez anos de prisão e expulsos do território brasileiro no ano seguinte, acusados falsamente de estarem no país para conspirarem contra o regime recém-instalado. Até hoje estão impedidos de entrar no país.

"Há de chegar o dia em que todos, sem ódio nem paixão, proclamarão a nossa justa inocência", diz o comunicado, escrito por eles após a condenação. Na audiência serão exibidos, em vídeo, o depoimento de Ju Qingdong, 84 anos, um dos nove presos, e do embaixador Carlos Antonio Bettencourt Bueno, um dos responsáveis enviados pelo ditador Geisel à China, em 1974, para o restabelecimento de relações diplomáticas.

Além de apresentar um painel de depoimentos que possibilitará reconstruir as diferentes dimensões deste episódio, a audiência pretende, ao expor a verdade sobre o caso, contribuir para a reparação moral da reputação e da dignidade dos cidadãos chineses ofendidos na perspectiva de um pedido de perdão por parte do Estado Brasileiro.

O caso será incluído no relatório de ambas as comissões, que deverão recomendar ao Estado Brasileiro a revogação do decreto de expulsão dos nove chineses.

Estarão presentes os autores do livro "O caso dos nove chineses", Ciça Guedes e Murilo Fiuza de Melo, o advogado Danilo Santos, que acompanhava a missão comercial, João Vicente Goulart. Membro da Comissão da Verdade do Rio, a advogada Eny Moreira, fará uma apresentação sobre a defesa de Sobral Pinto à época. A presidente da CEV-Rio, Nadine Borges, e Rosa Cardoso, da CNV, também estarão presentes ao ato. 

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