Justiça proíbe "IstoÉ" de vincular governador a ex-diretor da Petrobras; revista será recolhida


                                                  
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Justiça manda proibir circulação da revista após denúncia contra governador do Ceará


Christh Lopes
  
A edição da última semana da revista IstoÉ revelara novos nomes apresentados na delação premiada do ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa. Colaborando com as investigações sobre casos de corrupção na estatal, o executivo teria citado diversos políticos como integrantes de um esquema ilegal. Entre eles, estaria o atual governador do Ceará Cid Gomes. 

Segundo Consultor Jurídico, a juíza Maria Marlene Maciel Queiroz determinou que a publicação fosse impedida de circular e, se distribuída, que seja recolhida. Ela tenta impedir que a semanal “veicule fatos desabonadores” ao político, que alega não ter participado de quaisquer atos ilícitos. Em petição sobre o caso, ele afirma que as informações que a revista teve acesso são falsas.

Conforme consta na ação, como a investigação ainda não terminou e corre sob sigilo processual, a revista não poderia divulgar os dados. “Além de ferir de morte a honra pessoal do requerente, causarão danos reversíveis à sua carreira política, reconhecidamente pautada na ética e na moralidade”, diz o documento. A reportagem já foi retirada do portal da revista. 

Cid Gomes teria tomado a decisão de ir à Justiça depois de receber um e-mail da IstoÉ informando  o que seria publicado a seu respeito. “Obtivemos novos nomes citados pelo ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa em seu depoimento de delação premiada. O nome do governador Cid Gomes integra a lista de autoridades que, segundo Costa, recebiam favorecimento financeiro e participavam da rede de tráfico de influência investigada no âmbito da Operação Lava Jato [da Polícia Federal]”. 

Em seguida, há duas perguntas na suposta mensagem enviada ao político. “O governador tinha relações próximas com Paulo Roberto Costa?” e “diretórios partidários liderados por Cid Gomes receberam recursos de empreiteiras envolvidas no esquema da Lava Jato?”. 

A investigação, de acordo com o periódico, busca identificar como a Petrobras teria abastecido o caixa de aliados do governo. Caso seja descumprida a determinação, a revista pode pagar uma multa estipulada em R$ 5 milhões.

Censura judicial

Na avaliação da magistrada, “o autor encontra-se na iminência do perigo de ver o seu nome envolvido em uma situação cuja futura ação apreciada pelo Poder Judiciário, ante ser notório que os fatos ainda estão em fase de investigação tramitando em segredo de Justiça”, afirma.

Representando a editora Três Editorial, responsável pela publicação da IstoÉ, o advogado Alexandre Fidalgo diz que tomará todas as medidas cabíveis para reverter a situação.

IMPRENSA apurou que a revista vai recorrer da decisão e que quaisquer declarações sobre o tema podem prejudicar a publicação. O fato é que quando a liminar chegou à editora, a edição já havia sido distribuída. 

A ação é vista pela Editora Três como censura, pois quem está sob o regime de sigilo judicial não seria a equipe de jornalismo que fez a matéria, mas sim o ex-diretor da estatal que fez a delação premiada. Entre as medidas que serão tomadas pela publicação está uma ação para tentar derrubar a determinação que faz com que o processo tramite em segredo de justiça. 

A reportagem com o título “No rastro do dinheiro da Propinobrás” procura esclarecer ao leitor o processo de delação premiada e as investigações que apontam um esquema na estatal. A Polícia Federal apura se houve eventuais crimes na empresa. 

O texto aponta que Cid Gomes foi citado pelo delator e que teria negociado com ele a instalação de uma minirrefinaria no Ceará. O projeto seria apenas um artifício para a lavagem de dinheiro por meio de empresas fictícias. A IstoÉ ouviu o governador, que negou as acusações. 

“Não sei quem é Paulo Roberto. Nunca estive com esse cidadão e sou vítima de uma armação de adversários políticos”, disse ele na tarde da última sexta-feira (12/9). Na polêmica edição também foram revelados os nomes de Francisco Dornelles, Eduardo Cunha e Delcídio Amaral. À revista, Dornelles disse que conhece Costa, mas que não participou de atos ilícios relacionados ao executivo. (Com o Portal Imprensa)

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