FALTAM EXEMPLOS

Prof.º Rosildo Barcellos


Um articulista não nasce ao acaso. Ele é fruto de todo um sistema e moldado com as conversas do cotidiano...do catador de lixo ao político.É o que se chama de formador de opinião;apesar de considerar-me um fomentador de opiniões,porque depois de lido provoco a discussão das famílias para provarem que eu estou errado;ou certo.Assim sendo ao tomar ciência de que as escolas da rede municipal do Rio de Janeiro vão entoar em uníssono o Hino Nacional brasileiro,matinalmente às segundas-feiras com o propósito de resgatar e despertar no aluno valores cívicos que, certamente, contribuirão na formação de sua cidadania. Entretanto não me parece ser tão simples cultivar no íntimo da criança o orgulho de ser brasileira.


Minha infância passou num tempo de ditadura militar, e me imaginava estar deitado eternamente em berço esplêndido. Lembro que na década de 60 e para justificar o golpe de 1964 diziam que o país estava a beira do abismo. Só não entendi que os lemas logo após foram: “Pra frente Brasil”,e depois; “Ninguém segura este país”,e por fim “Ame-o ou deixe-o”.


Depois de anos de estudo de geopolítica ainda não entendo o que aconteceu pois se o país estava na beira do precipício e forçaram ele ir pra frente...


Mas,sobrevivemos, e com a propalada redemocratização, penso sim que o país mudou e espero ter ofertado a minha contribuição nesse período.Pelo menos idéias eu tive,mormente o que me sensibiliza mesmo é ver justamente pessoas a quem a pátria sonega os mais básicos direitos,como por exemplo a saúde e educação, ainda alimentarem um sentimento sincero de orgulho do país.


Mesmo assim muito me alegro,posto que é esse sentimento que nos diferencia de outros países. Mas tenho certeza que todos nós queremos um país ainda melhor para se viver e não posso deixar de acreditar na educação como mola propulsora dessa reviravolta. E um problema que salta aos olhos é a sexualização dessa geração.


A infância está cada vez mais curta. Abandonados pelos pais diante da TV aberta, eles foram forjados na mídia. Basta andar pelos points da cidade, à noite, para encontrarmos pessoas com idades cada vez mais tenras, com exuberante poder de sedução e maquiagem.Por conseguinte não me espanto com as manchetes de que a pedofilia e a gravidez adolescente sejam os fantasmas do momento.


Uma parcela de culpa nisso é dos pais que se divertem com suas filhas de dois anos dançando o créu. A outra é da escola, que para a maioria dos alunos é considerada por demais desinteressante, não educando para a vida e competindo com as lan house, orkut e games. Assim sendo, em minhas andanças pelas escolas encontro nas saídas meninos e meninas aos beijos isso quando não são meninos e meninos descompromissados com a vida alguns apenas pensando em medir forças com meninos da facção rival e que nem lembram o que estudaram há meia hora antes.


Que espécie de civismo pode vicejar assim?Patriotismo hoje, tanto quanto era no meu tempo, é um sentimento que não nasce de graça. Não basta uma sessão semanal do Hino Nacional para sensibilizar filhos de pais separados e muitas vezes atormentados pelo desemprego e ainda pior, netos de avós merecedores de aposentadorias que não condizem com as necessidades básicas do ser humano.


É difícil para quem mora onde o esgoto corre a céu aberto onde não há iluminação pública,onde não podemos ter um acesso básico ao sistema de saúde ou quando somos atendidos ficamos horas no corredor a espera de um exame;onde a polícia comunitária é inexistente e principalmente aonde não temos mais garrinchas jogando, e nem o Senna aos domingos.Faltam exemplos, de vida, de conquista de sabedoria e de serenidade. Só por Deus!


*Articulista (Colaboração de Ademir Silva para este blog)

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