Em eventos paralelos, Chile recebe presidentes e líderes sociais da América Latina e Europa


                                                                             

IV Cúpula dos Povos acontecerá simultaneamente à reunião oficial dos Chefes de Estados da Celac e da União Europeia

    
Santiago é palco a partir desta sexta-feira (25/01) de dois importantes encontros internacionais. Enquanto a IV Cúpula dos Povos dá sua largada com uma marcha organizada pelos movimentos sociais chilenos, presidentes e chanceleres dos países da Celac (Comunidade de Estados Latino Americanos e Caribenhos) e da União Europeia chegam à capital chilena para reunião dos blocos, que começa oficialmente amanhã (26/01).


Para a cúpula da Celac é esperado um total de 61 países, incluindo o Brasil, que estará representado pela presidente Dilma Rousseff e o chanceler Antônio Patriota. A imprensa chilena tem destacado a presidente brasileira como uma das cinco figuras mais importantes do evento, junto com a chanceler alemã Angela Merkel, o presidente mexicano Enrique Peña Nieto e o megaempresario e também mexicano Carlos Slim, que participará de um encontro de empresarios latino-americanos, além do presidente anfitrião, Sebastián Piñera, que convidou Dilma para um café da manhã no Palácio de La Moneda neste sábado, antes do início da Cúpula.

Criada em fevereiro de 2010, em um congreso realizado no México pelo Grupo do Rio, a Celac realiza sua segunda reunião oficial de chefes de Estado, porém, a primeira que conta também com representantes da União Europeia e de países que a compõem. A primeira cúpula da CELAC aconteceu em dezembro de 2011, em Caracas, na Venezuela.

Entre os principais tópicos do evento estão a discussão de medidas visando aumentar o fluxo comercial entre as duas regiões, além de instâncias de cooperação em temas culturais, educacionais e científico-tecnológicos. Também haverá encontros paralelos, onde se discutirão, sobretudo, conflitos territoriais bilaterias, como os problemas fronteiriços entre Chile, Peru e Bolívia, a disputa entre Costa Rica e Nicarágua pelo mar territorial e a colaboração entre Venezuela e Colômbia no combate às FARC (Forças Armadas Revolucionárias Colombianas).

O encerramento da Cúpula CELAC-UE acontecerá na segunda-feira (28/01) quando o Chile deixará a presidência pro-tempore da Celac, que a partir deste ano será exercida por Cuba, país que sediará a próxima reunião da organização, em 2015. A presença do presidente cubano Raúl Castro em Santiago tem sido um dos principais alvos de polêmica em torno do evento. Militantes do partido conservador UDI (União Democrata Independente) e grupos defensores do pinochetismo realizaram, nesta quinta-feira (24/01), uma primeira manifestação em frente da Embaixada de Cuba, e afirmam que seguirão o mandatário caribenho durante toda a viagem.

Os grupos dizem protestar pela falta de direitos humanos aos dissidentes do regime cubano, e pelo fato da ilha ter dado asilo político a chilenos suspeitos de terem participado do assassinato do senador da UDI Jaime Guzmán, considerado o líder intelectual da ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990)). O senador foi baleado em março de 1991,em frente ao edificio da Universidade Católica de Santiago, por integrantes do FPMR (Frente Patriótica Manuel Rodríguez, grupo armado que lutou contra a ditadura no país).

Cúpula dos Povos

Já a Cúpula dos Povos realiza sua quarta edição, todas elas organizadas simultaneamente com eventos de integração regionais. A primeira edição aconteceu em 2005, em Mar del Plata (Argentina), durante um congresso de presidentes no qual se pretendia criar a Alca (Associação para o Livre Comércio das Américas). O fracasso da iniciativa foi marcado pela participação dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil), Hugo Chávez (Venezuela) e Néstor Kirchner (Argentina) na Cúpula dos Povos.

Na edição deste ano, a cúpula social terá como principal evento um congresso aberto sobre os efeitos das políticas econômicas de austeridade implantadas na América Latina e na Europa, e contará com a participação de representantes dos movimentos  sociais de países como Espanha, Portugal, Grécia e Itália, entre outros.

O evento também terá encontros temáticos. O mais esperado será o Congresso Estudantil Latino, organizado pelo movimento estudantil chileno, e que terá como figuras de maior destaque os líderes da Confech (Confederação dos Estudantes do Chile) e os estudantes mexicanos do #YoSoy132, surgido durante as últimas eleições presidenciais no México.

Outro encontro bastante aguardado é o dos movimentos de camponeses, cuja pauta estará focada no avanço das leis contra sementes transgênicas nos países latino-americanos e europeus e os efeitos dessas e de outras políticas agrárias. O evento deve contar com representantes brasileiros do MST (Movimento dos Sem Terra) e da Via Campesina.(Com Opera Mundi)

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