Lugar de mulher é na luta!

                                                                         

O Dia Internacional das Mulheres surge das lutas dos trabalhadores, em particular das mulheres e sua criação foi uma iniciativa de militantes socialistas e comunistas. Isso demonstra que a luta das mulheres contra o machismo, a violência e a desigualdade não pode estar desvinculada da luta pelo fim da exploração capitalista. Os movimentos de mulheres no mundo e no Brasil já obtiveram importantes conquistas. Esta realidade, no entanto, apresenta profundas contradições.

No Brasil, de acordo com dados do censo de 2010 do IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, a participação das mulheres no mercado de trabalho era de 35,4% em 2000 e passou a 43,9 % em 2010. Mas as mulheres trabalhadoras são alvo de uma exploração mais intensa, pois, além do trabalho doméstico (que caracteriza a dupla jornada), correntemente seus salários são menores que os dos homens, mesmo exercendo as mesmas funções, apesar de apresentarem, em geral, maior escolaridade.

Continuamos a viver num Estado que proíbe o aborto e que faz das mulheres da classe trabalhadora as principais vítimas dos procedimentos ilegais. Dados do Ministério da Saúde apontam que 1 em cada 5 mulheres brasileiras em idade reprodutiva já fez aborto. O aborto se tornou a quinta maior causa de mortalidade materna no país, isso porque o problema não é tratado de um ponto de vista de saúde pública. É tratado de um ponto de vista moral.

Soma-se a isso a opressão e a violência doméstica e urbana a que são submetidas numa sociedade marcada pela desigualdade. Dados do Mapa da Violência indicam que em 1980, enquanto os homicídios de mulheres representavam 2,3 em cada 100 mil habitantes, em 2010 ele dobrou, atingindo 4,4 por 100 mil. Isso torna o Brasil o sétimo país onde mais se matam mulheres no mundo. A maioria é morta por seus companheiros e ex-companheiros. Outro aspecto da violência é expresso pelo alto e crescente índice de estupros.

As últimas décadas no Brasil se caracterizam pela regressão social, com a deterioração das condições de vida e trabalho do povo trabalhador. Se houve pequenas melhorias, a realidade se caracteriza essencialmente pelas precárias condições de moradia, de saneamento básico, saúde, educação e transporte, pela violência cotidiana, pelos baixos salários e longas jornadas de trabalho. Permanecem o desemprego, o subemprego e o trabalho sem direitos. 

A superexploração da força de trabalho, a pobreza extrema, o trabalho escravo e a existência de milhares de pessoas vivendo nas ruas mostram a contundente contradição na sociedade capitalista, onde a indigência e a desventura convivem com a alta produção de riqueza que fica concentrada nas mãos de uns poucos bilionários. As mulheres trabalhadoras são as mais atingidas nesse processo. 

Apesar de alguns avanços legais em torno do trabalho doméstico, as mulheres trabalhadoras seguem sem direitos trabalhistas, proteção previdenciária, submetidas às piores condições do trabalho informal. Somam-se jornadas parciais, contratos de trabalho por tempo determinado, e as mais diversas precarizações.

Na área do telemarketing, na qual se empregam boa parte da juventude que começa a trabalhar e onde há um grande número de mulheres, ocorrem os maiores abusos. Os salários são extremamente baixos e dependem de que sejam atingidas metas de produtividade. Para alcançar essas metas, os trabalhadores são submetidos a controles absurdos de intervalos, de uso do banheiro, etc. São expostos a vexatórias dinâmicas de grupo, nas quais são humilhados aqueles que não alcançam as metas estabelecidas. No caso das mulheres, além de tudo isso, há denúncias de empresas que inclusive controlam a vida íntima das mesmas, no que se refere à possibilidade de engravidarem.

As políticas dos governos, em todos os níveis, vão no sentido de agravar ainda mais esse quadro, já que estão tirando recursos dos serviços públicos, das pensões, do seguro-desemprego, em benefício dos mais ricos, das grandes empresas. Todos os trabalhadores sofrem com o ajuste fiscal do governo, mas as mulheres serão as mais prejudicadas, porque são as mais penalizadas em filas de hospitais, a falta de creches, no cuidado com as crianças e os idosos, são as que mais dependem de pensões, entre outros motivos.

Por essas razões e pela histórica opressão e violência contra a mulher na sociedade capitalista, patriarcal, edificada na exploração é que apelamos a toda a classe proletária e demais camadas exploradas a fazer do 8 de março um grande dia de luta.

Todos às ruas no Dia Internacional da Mulher, para lutar por condições dignas de vida, pelo fim da exploração, por salário igual para trabalho igual, para que as riquezas do país sejam distribuídas entre aqueles que a produzem.

Basta de violência e opressão contra as mulheres!

Viva a luta das mulheres trabalhadoras! 

Viva a luta da classe operária!

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