CIA cogitou matar Fidel com equipamento de mergulho infectado com bacilo da tuberculose

                                                                                      
Segundo documentos desclassificados, CIA pensou em fazer espião dos EUA presentear líder cubano com equipamento contaminado nos anos 1960

Um instituto que pesquisa a história das instituições norte-americanas de segurança nacional revelou na última sexta-feira (26/02) que em 1963 a CIA (Agência Central de Inteligência dos EUA) cogitou assassinar o líder cubano Fidel Castro utilizando equipamento de mergulho como vetor do bacilo causador da tuberculose.

Segundo documentos da Casa Branca e da CIA divulgados pelo National Security Archive (Arquivo de Segurança Nacional), instituto localizado no campus da Universidade George Washington, na cidade de Washington, nos EUA, o então espião James Donovan realizou as primeiras negociações secretas entre o país e Fidel Castro com o apoio da CIA.

Os documentos apontam que, após a crise dos mísseis, Donovan, interpretado pelo ator Tom Hanks no filme “Ponte dos Espiões” (2015), passou a discutir com Fidel maneiras de melhorar as relações entre EUA e Cuba. 

Durante a série de encontros entre o espião e o líder cubano na ilha entre janeiro e abril de 1963, Fidel teria manifestado interesse em normalizar as relações com os EUA, de acordo com os relatos de Donovan à Casa Branca.

A CIA e o Departamento de Estado dos EUA queriam impor uma série de condições para a reaproximação com Cuba, entre elas o corte de relações entre Havana e a URSS. Um memorando da CIA para Donovan estabelecia inclusive que Fidel “deveria ser persuadido a expulsar os comunistas de seu governo”, e caso não se deixasse convencer, deveria ser informado sobre o “sombrio panorama que iria predominar – com um único resultado final – caso Cuba continue a fazer dos Estados Unidos seu inimigo”.

O “único resultado final”, não esclarecido no documento, talvez fosse a morte de Fidel pelas mãos da agência. Em uma nota de rodapé em um dos documentos desclassificados da CIA consta que alguns agentes decidiram usar o acesso de Donovan a Fidel para assassinar o líder cubano. O plano elaborado na época usaria o gosto de Fidel e de Donovan pelo mergulho para fazer com que o espião inadvertidamente presenteasse o cubano com roupa e equipamento de mergulho respectivamente infectados com o fungo causador da doença de Madura e com o bacilo causador da tuberculose.

Segundo o National Security Archive, o plano foi descartado após Milan Miskovsky, advogado da CIA que auxiliava Donovan, alertar o espião para que não permitisse que a agência tivesse acesso à roupa e ao equipamento de mergulho que ele havia comprado para presentear Fidel. O presente – livre de bacilos e fungos –  foi dado em uma das últimas viagens de Donovan a Cuba, em abril de 1963, quando Fidel e o espião mergulharam juntos na Baía dos Porcos.

Na ocasião, segundo o relato de Miskovsky à Casa Branca, o líder cubano “deu uma explicação in loco da invasão” realizada por grupo de paramilitares treinados pelos EUA e frustrada pelas forças armadas cubanas em abril de 1961.

(Com Opera Mundi)

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