Greve geral em Portugal contra o aumento da exploração de quem trabalha

                 
Os trabalhadores portugueses voltarão a fazer história. Face à mais brutal ofensiva de que há memória desde o 25 de Abril, a greve geral convocada pela CGTP-IN será a resposta indispensável dos trabalhadores e do povo.

Dos objectivos contidos no pacto de agressão subscrito por PS, PSD, CDS, FMI e UE e no Orçamento do Estado para 2012 consta, em primeiro lugar, o aumento da exploração de quem trabalha: o corte nos salários e nas pensões; o roubo do subsídio de Natal e de férias à maioria dos trabalhadores e dos reformados; o alargamento do horário de trabalho – que pode atingir até 16 dias de trabalho à borla por ano –; o aumento dos impostos sobre o consumo e os rendimentos do trabalho; o corte no investimento público; o agravamento dos preços da electricidade, dos combustíveis, das portagens, medicamentos, taxas moderadoras, transportes públicos; a privatização de empresas públicas. Tudo em escandaloso confronto com os lucros e privilégios que os grandes grupos económicos continuam a exibir.

O que pretendem é um regresso ao passado. Como dizia há tempos um «comentador» num dos inúmeros «debates» que preenchem horas de programação televisiva repetindo-se uns aos outros, «é preciso que os portugueses regressem ao nível de vida dos anos 80».

Quando fala de «nível de vida» refere-se naturalmente ao nível salarial de há três décadas, com custo de vida e níveis de exploração devidamente revistos e aumentados.
É cada vez mais claro o que pretendem: um regresso ao passado, ao tempo em que a contratação individual era regra imposta pelo mais forte, em que o horário de trabalho era pautado pelo sol e pela suprema vontade do patrão, pela fragilidade de quem necessita de vender a sua força de trabalho face a quem a pode e quer comprar.

Pretendem o regresso à lei da selva e à exploração desenfreada, num retrocesso civilizacional de décadas. Ao tempo em que só quem podia pagar ia ao médico, em que aos filhos dos trabalhadores estava destinada uma escola de segunda, para ler e contar (com certeza que agora há-de incluir inglês ou alemão técnico, para ler as instruções das máquinas sem necessidade de tradução), em que se palmilhavam quilómetros a pé porque a rede e os horários dos transportes públicos eram insuficientes. Aos tempos das praças de jorna, agora adaptadas à «modernidade» do século XXI.

Quanto mais calados, mais roubados

Como se vê todos os dias nas declarações dos subscritores do pacto de agressão, nas entrevistas dos técnicos da troika, nas afirmações do Presidente da República e dos comentadores de serviço, as exigências de regressão social não têm limite nem fim e são para todos.

Quanto maiores forem os protestos, quanto maior for a adesão à greve geral, mais dificuldades se criam à aplicação de todas e de cada uma das medidas do pacto de agressão. Melhores condições se criam para continuar o combate que necessariamente continuará depois de 24 de Novembro.

Esta é uma greve convocada na sequência de muitas acções de luta dos trabalhadores e do povo português. Uma luta que não abrandou apesar das eleições legislativas de há pouco mais de cinco meses.

Uma luta contra a política de direita dos últimos 35 anos que nos trouxe até aqui. Uma luta contra as consequências, bem concretas e reais, desse pacto de agressão. Uma luta que se traduziu em inúmeras acções, de contornos e dimensões distintas, de trabalhadores, populações, reformados, estudantes, em lutas concretas nas empresas, nos locais de trabalho e de residência e em grandes acções nacionais de convergência – como a greve dos transportes do Sector Empresarial do Estado ou as manifestações de 1 de Outubro e de 12 de Novembro.

Por muitas sondagens e estudos de opinião que os órgãos de comunicação social divulguem matraqueando a ideia de que os portugueses estão conformados e resignados com as medidas do pacto, a verdade é que a indignação e o protesto crescem todos os dias. Dia 24 de Novembro será um dia decisivo para mostrar esse descontentamento. O dia em que o Governo tentará contar os que forem trabalhar como ferverosos apoiantes das medidas da troika.

O dia em que milhões de trabalhadores – da indústria e dos serviços, do sector público e do privado, com muita, pouca ou nenhuma experiência de luta – afrontarão os medos, a chantagem e a repressão e mostrarão aos senhores da troika e dos mercados que este povo quer e é capaz de construir o seu próprio futuro.

Um futuro que começa na rejeição do pacto de agressão e na exigência de um Portugal desenvolvido e soberano. (Com o Diário Liberdade)

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